03/11/2012

Combater a «divinização do mercado» e a aplicação «abusiva do modelo liberal»

Pediu o embaixador português Francisco Seixas da Costa na conferência da Comissão Nacional Justiça e Paz

Ricardo Perna/Familia Cristã
Lisboa, 03 nov 2012 (Ecclesia) - O embaixador português Francisco Seixas da Costa denunciou, esta manhã, na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, a “divinização do mercado”.
Na sua preleção, Francisco Seixas da Costa fez uma reflexão sobre a nota do Conselho Pontifício Justiça e Paz, organismo da Santa Sé, intitulada «Para uma reforma do sistema financeiro e monetário na perspetiva de uma autoridade pública de competência universal», onde sublinhou que o documento tem “claras críticas à aplicação abusiva do modelo liberal”.
Nesta iniciativa organizada pela Comissão Nacional Justiça e Paz (CNJP), o embaixador representante permanente junto da UNESCO refere que o documento critica a “cultura comportamental” onde “pouco a pouco” se perde a solidariedade.
“Caminha-se para uma verdadeira selva de natureza social”, frisou Francisco Seixas da Costa.
A nota do Conselho Pontifício Justiça e Paz “sai facilmente das portas da Igreja” porque se situa “no patamar do óbvio bom senso” para o qual são convocados “todos os cidadãos”, adiantou o embaixador.
Em relação ao estado atual da sociedade, Francisco Seixas da Costa gostaria de saber o que “pensam certos elementos da Universidade Católica que blogam e editam em colunas jornalísticas o seu extremado liberalismo”.
texto do Conselho Pontifício Justiça e Paz apela a um percurso “de responsabilidade e de exigência ética” e que a “desregulação que o mundo atravessa” só poderá ser superada “por uma mais eficaz governança do processo económico-financeiro internacional”.
A conferência anual da CNJP, subordinada ao tema «Portugal: O país que queremos ser», vai ter também como conferencista o constitucionalista José Gomes Canotilho que falará sobre «O papel do Estado na realização do bem comum» e uma intervenção do ex-presidente da República Portuguesa, António Ramalho Eanes, sobre «A sociedade civil nas sociedades democráticas contemporâneas».
No encerramento estará D. José Policarpo, presidente da Conferência Episcopal Portuguesa e Alfredo Bruto da Costa, presidente da CNJP.
A CNJP, organismo laical da Conferência Episcopal Portuguesa, foi criada com a finalidade genérica de “promover e defender a Justiça e a Paz, à luz do Evangelho e da doutrina social da Igreja”.
LFS

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