31/01/2012

Missa de ação de graças - 103 anos de nascimento de Dom Helder

No dia 07 de fevereiro de 2012
Local: Paróquia de Santo Afonso (Igreja Redonda)
Av. Jovita Feitosa, 2733.
Horário: 18 horas

A vida do Dom Helder é como uma mina de ouro que precisa ser sempre cada vez mais ser explorada, com um dom maravilhoso de Deus. Vida de uma beleza, que podemos dizer, diferenciada, nos seus gestos raríssimos em favor da vida dos empobrecidos, dos “sem voz e sem vez”.
“Quando houver contraste entre a tua alegria e um céu cinzento, ou entre a tua tristeza e um céu em festa, bendiz o desencontro, que é um aviso divino de que o mundo não começa nem acaba em ti”. “Quem me dera ser leal, discreto e silencioso como a minha sombra”.

Dom Helder, pequeno na estatura, mas grande nos sonhos, nos ideais e na santidade, colocou sua vida nas mãos do Pai, com a firme convicção e com a inabalável certeza de que a pessoa humana é sagrada e imagem e semelhança de Deus.

O sonho carregado ao longo da vida e acalentado no seu coração foi o de colocar a criatura humana em um lugar de destaque e bem elevado. Marcou profundamente uma época e nos deixou um grande legado e lição. A lição de que o deserto da nossa vida tem que ser fertilizado pela Palavra de Deus e que a vida está acima de tudo, que ela é mais forte do que tudo, mais forte do que a morte.
A vida de Dom Helder, com aquele corpo franzino, que se agigantava na pregação da fé e da justiça e daquela voz inconfundível e extraordinária, que se transmutava em possantes amplificadores na defesa da vida fraterna e da paz, ficou o exemplo de dignidade e marcou em profundidade a história da humanidade.  Ele queria ser lembrado com esta frase: “A imagem que gostaria que ficasse de mim é a imagem de um irmão”.

Nome completo: Helder Pessoa Câmara
Nascimento: 07 de fevereiro de 1909
Fortaleza, Ceará - Brasil
Falecimento: 27 de agosto de 1999
Recife, Pernambuco - Brasil
Pais: João Eduardo Torres Câmara Filho (jornalista, guarda-livros)
Adelaide Rodrigues Pessoa Câmara (professora)
Batizado: 31 de março de 1909.
Primeira Eucaristia: 29 de setembro de 1917.
Estudos: Seminário de São José (Fortaleza, Ceará).
Ordenado Padre em 15 de agosto de 1931.
Até 1936, atividades pastorais em Fortaleza e, a partir de 1936, no Rio de Janeiro.
Em 1950, apresenta ao amigo Monsenhor Montini (que viria a ser o Papa Paulo VI) seus planos para fundar a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) - fundada em 14 de outubro de 1952, da qual se torna Secretário Geral de 1952 a 1964, e Secretário da Ação Social entre 1964 e 1968
Nomeado BISPO no dia 20 de abril de 1952, RJ.
Em 1955 organiza o Congresso Eucarístico Internacional e cria o Banco da Providência São Sebastião, para auxiliar os pobres.
Em 1955 toma a iniciativa para a criação da Conferência do Episcopado Latino Americano (CELAM), torna-se seu vice-presidente de 1958 a 1964, quando é nomeado ARCEBISPO de Olinda e Recife, tomando posse no dia 12 de abril de 1964.
Além das atividades pastorais em sua Arquidiocese, promovendo a participação de todos, especialmente dos mais pobres, Dom Helder passa a desenvolver significativo serviço na defesa dos perseguidos políticos. Um dos mais importantes feitos dessa época foi a criação do Movimento da Não-Violência Ativa (político) e o Movimento das Minorias Abraâmicas (religioso).
Internacionalmente, torna-se Membro do Conselho Supremo de Imigração, Comissão para Disciplina do Clero, preparatória do Concílio Ecumênico Vaticano II (1962-1965). Participou desse Concílio através da Comissão Apostolado dos Leigos e Meios de comunicação Social. Em 1974, é escolhido Delegado do Episcopado Brasileiro no III Sínodo dos Bispos...

Dilma diz que 'todos os países' são responsáveis por direitos humanos

'Quem atira a primeira pedra, tem telhado de vidro', declarou em Cuba.
Segundo presidente, tema não pode servir de 'arma' de combate ideológico.

Do G1, em Brasília
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A presidente Dilma Rousseff afirmou durante entrevista nesta terça (31) em Havana (Cuba) que a política de direitos humanos não pode ser transformada em "arma" de combate ideológico.
Indagada sobre o tema ao iniciar a entrevista, a presidente ressalvou que era preciso discutir o assunto a partir do que ocorre em todos os países.
Dilma Rousseff e o presidente cubano, Raúl Castro, durante revista a tropas na cerimônia oficial de chegada da brasileira a Cuba (Foto: Roberto Stuckert / Presidência)Dilma Rousseff e o presidente cubano, Raúl Castro, durante revista a tropas na cerimônia oficial de chegada da brasileira a Cuba (Foto: Roberto Stuckert / Presidência)
"Não é possível fazer dos direitos humanos uma arma de combate político-ideológico. O mundo precisa se convencer de que é algo que todos os países têm de se responsabilizar, inclusive o nosso", declarou.
"Quem atira a primeira pedra, tem telhado de vidro. No Brasil, temos os nossos. Concordo em falar de direitos humanos em uma perspectiva multilateral", afirmou.
No último dia 19, o dissidente Wilman Villar Mendoza morreu em Cuba durante uma greve de fome.
No dia 25, o Ministério das Relações Exterioresconcedeu visto para a jornalista e blogueira cubana Yoani Sánchez, visitar o Brasil. Ela é opositora do regime cubano e faz críticas ao que aponta como violações de direitos humanos na ilha. Mesmo com o visto, a blogueira necessita de autorização do governo de Cuba para deixar o país.
Ainda nesta terça, Dilma se reúne com o presidente da República de Cuba, Raúl Castro. Depois, ela visita obras do Porto de Mariel, que está sendo construído em parceria com empresas brasileiras.
A presidente Dilma Rousseff durante entrevista em Havana  (Foto: Reuters)A presidente Dilma Rousseff durante entrevista
em Havana (Foto: Reuters)
Relações com vizinhos
A presidente Dilma comentou ainda a relação do Brasil com os países vizinhos e afirmou ter "imenso orgulho" de o Brasil ser conhecido por "parcerias construtivas e pacíficas."
"É uma característica do Brasil ter paz com todos os vizinhos num mundo com conflitos regionais sistemáticos. Então, eu tenho imenso orgulho primeiro de estar em Cuba, de ter ido no Fórum Social Mundial, de ter ido no G-20, de ter conversado com o presidente dos EUA [Barack Obama], com Hu Jintao [presidente da China], com Medvedev [presidente russo], de ter ido da África do Sul. (...) O Brasil, além de manifestar crescente poder econômico, tem sido reconhecido internacionalmente por parcerias construtivas e pacíficas."
Segundo a presidente, em Cuba o governo brasileiro quer "auxiliar todos os processos de desenvolvimento e garantir condição de desenvolvimento de vida melhor".
"Essa é uma região na qual estamos presentes. Nós atuamos na América Latina, Caribe, América Central. Nesta região aqui, inclusive, temos mais obrigação que em outras regiões. O Brasil tem obrigação de ter uma política decente de cooperação econômica, não uma politica que só olhe seu interesse."
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Atriz 'campeã' dos vestibulares dá dicas para conciliar trabalho e estudo


Bianca Salgueiro, de 'Fina Estampa', passou na Uerj, UFF, PUC-Rio e UFRJ.
Ela deu ao G1 dicas para vestibulandos que não podem parar de trabalhar.

Ana Carolina MorenoDo G1, em São Paulo
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Bianca Salgueiro, na sala de aula da PUC-Rio, onde passou em engenharia química (Foto: Alexandre Durão/G1)Bianca Salgueiro, na sala de aula da PUC-Rio, onde passou em engenharia química (Foto: Alexandre Durão/G1)
Nem todos os vestibulandos podem deixar o trabalho de lado para passar o ano inteiro no cursinho estudando para entrar na faculdade. Mas, como mostra Bianca Salgueiro, que interpreta a personagem Carolina na novela "Fina Estampa", é possível conciliar com sucesso os compromissos profissionais e as provas dos vestibulares. "Tem que se dedicar muito e ter muita disciplina", resumiu a jovem de 18 anos ao G1, aprovada em quatro grandes universidades do Rio: UFRJ, Uerj, UFF e PUC-Rio.
Bianca deu dicas para quem não pode deixar de trabalhar para estudar, mas quer aproveitar o ano letivo de 2012, que começou nesta semana, para tentar conseguir uma vaga nas universidades mais concorridas.
Apaixonada pela carreira de atriz, Bianca também nutre o seu lado "fera" nos estudos, principalmente nas disciplinas ligadas às ciências exatas. Por isso, ela decidiu dedicar o seu ano de 2011 para estudar o máximo possível para o vestibular. Mesmo gravando a novela, às vezes até às 22h, ela conseguiu notas que lhe renderam, além de uma bolsa de estudos de 70% na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), o primeiro lugar geral no vestibular da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) e a maior nota entre os candidatos de engenharia química do processo seletivo da Universidade Federal Fluminense (UFF).
Dedicação
Segundo Bianca, só existe um segredo por trás de seus bons resultados: dedicação. Essa dica, a atriz e futura engenheira disse que ouviu de outro engenheiro famoso, o astronauta Marcos Pontes.
"No ano passado, meu colégio ofereceu uma palestra com o astronauta Marcos Pontes, e ele falou a mesma coisa. Ele tinha que trabalhar e ajudar em casa, mas mesmo assim estudava sempre que podia. Ele levava um livrinho dentro da bota, e no intervalo do trabalho pegava o livrinho e estudava", lembra Bianca, que acabou adotando a mesma estratégia nos estúdios da novela, apesar de poder levar suas apostilas dentro da bolsa.
Bianca colecionou primeiros lugares em duas universidades públicas (Foto: Alastair Grant/AP)Bianca colecionou primeiros lugares em duas universidades públicas (Foto: Alexandre Durão/G1)
Quem tem pouco tempo livre, mas realmente quer uma vaga em universidades concorridas, precisa levar a sério o desafio, diz a jovem. "Você tem que tentar aproveitar todos os minutos que tem." Para quem trabalha, ela sugere aproveitar os horários do almoço e sempre ter um livro ou caderno por perto. Quem tem muitas atividades extracurriculares precisa fazer escolhas.
Em 2011, Bianca deixou de lado as aulas de balé e idiomas para se dedicar apenas à novela e ao vestibular. No seu caso, sua personalidade tranquila e o hábito de se concentrar para a leitura dos textos e gravações de "Fina Estampa" a ajudaram a manter a disciplina e a concentração.
DICAS DE BIANCA SALGUEIRO AOS VESTIBULANDOS
Conciliar trabalho e estudosQuem não tem tempo de fazer cursinho pré-vestibular precisa controlar as horas vagas para poder "aproveitar todos os minutos que tem", diz a atriz. Intervalos no trabalho, horário de almoço, últimos momentos antes de dormir à noite, qualquer tempo livre pode servir para estudar.
Questões de múltipla escolha e discursivasA estratégia de Bianca foi dividir os exercícios por área do conhecimento, e fazer o maior número possível de questões da mesma área; os simulados completos, cronometrados, ela fez nos últimos meses antes das provas.
Como estudar para a prova de redaçãoO truque é praticar: nos primeiros meses, ela fazia pelo menos uma redação por semana; na reta final do Enem, ela escreveu redações sobre todos os temas que caíram nos anos anteriores; nos últimos dois meses do ano, sem tempo para escrever, ela fazia esquemas da redação, com a introdução e o desenvolvimento dos argumentos. No fim do ano, ela era capaz de escrever uma redação em apenas uma hora.
Simulados por matéria
Sua estratégia de estudos seguiu os exercícios que os professores do colégio sugeriam. Segundo ela, na área interna do site da escola, os alunos podiam acessar dezenas de questões divididas por área do conhecimento.
"Em um dia, faziam um simulado de matemática, por exemplo, só sobre geometria plana. Aí punham todas as questões dos vestibulares de 2002 a 2009. No fim, quando faltava um mês para o Enem [Exame Nacional do Ensino Médio], fiz o simulado completo, cronometrado, fazendo todas as questões."
Quem não tem acesso a esse tipo de sistema pode aproveitar o melhor que a internet tem a oferecer. Segundo a estudante, a rede mundial de computadores tem muitos exercícios, e o ideal é responder aos enunciados "sempre que possível". Um truque de Bianca foi nunca ir dormir à noite sem fazer pelo menos um último dever.
Bianca Salgueiro na escadaria da PUC-Rio, onde pretende estudar engenharia química (Foto: Alexandre Durão/G1)Bianca Salgueiro na escadaria da PUC-Rio, onde pretende estudar engenharia química (Foto: Alexandre Durão/G1)
Ficou praticamente uma tarefa automática, eu levava mais de duas horas para fazer uma redação no começo ano. No fim, em uma hora só eu conseguia escrever com tranquilidade"
Bianca Salgueiro, sobre como
estudou para as provas de redação
Redação se aprende na práticaÀs temidas redações dos vestibulares, a estudante dedicou especial atenção durante o ano. Ela afirmou ter escrito tantas que até perdeu a conta. Além de redações semanais no colégio, Bianca ainda participou de oficinas de redação com monitores uma ou duas vezes ao mês e, algumas semanas antes do Enem, fez redações sobre todos os temas que já foram exigidos pela prova do Ministério da Educação. Mas disse que o esforço valeu a pena.
"Ficou praticamente uma tarefa automática, eu levava mais de duas horas para fazer uma redação no começo ano. No fim, em uma hora só eu conseguia escrever com tranquilidade."
Ela usou a prática constante para contornar a agonia pelo fato de que não existe fórmula fixa para a redação, que ela considera "uma das partes mais difíceis" do vestibular. "Na hora, quando você recebe o tema da redação, você tem que adaptar todos os conhecimentos sobre redação e todos os seus conhecimentos sobre o tema."

Depois do Enem, a atriz conta que acabou ficando sem tempo de escrever redações, mas nem por isso ela deixou de praticar. "Eu fazia só o esquema: pensava na introdução, nos argumentos que usaria no desenvolvimento, qual a estratégia que usaria", explica.
Acumulando primeiros lugaresDias antes da divulgação da classificação da UFF, Bianca já estava certa de sua aprovação, porque as notas haviam sido divulgadas. Mesmo assim, ela se disse surpresa com mais um primeiro lugar acumulado nesta temporada de vestibulares.
O desconto na mensalidade da PUC-Rio ela conseguiu ao ficar em décimo lugar no processo seletivo. Na Uerj, a pontuação de 96,75 de Bianca superou a de mais de 45 mil inscritos.
Na UFF, ela ficou com nota final 87,75, a maior entre os 622 candidatos de engenharia química. Entre os cerca de 53 mil inscritos para o processo seletivo da Federal Fluminense, apenas 43 tiveram nota mais alta que a atriz. Ela afirma que não esperava ter ido tão bem na UFF porque, quando fez a prova, percebeu que ela estava mais difícil que o vestibular da Uerj. "A prova da Uerj cobra mais a matéria, é mais ampla, e a da UFF é um pouco mais fechada. O estilo de pergunta é mais complicado", explica.
Bianca explica que o segredo é saber aproveitar bem o tempo (Foto: Alexandre Durão/G1)Bianca explica que o segredo é saber aproveitar bem o tempo (Foto: Alexandre Durão/G1)
Tranquilidade e pouca pressaApesar da vida atribulada, Bianca leva todos os seus planos com a mesma paciência e tranquilidade exigidas dos vestibulandos durante as provas. Ao G1, a atriz afirmou que preferiu começar o curso de engenharia no segundo semestre para terminar as gravações de "Fina Estampa" e poder decidir seus próximos passos - ou emendar outro trabalho como atriz, ou fazer um curso de interpretação nos Estados Unidos.
"Sempre pensei em ter uma profissão paralela à de atriz, então resolvi fazer esse desafio escolhendo engenharia, uma vez que me identifico com a área de exatas. Como o curso é muito amplo e completo, com os conhecimentos nele adquiridos posso vir a montar meu próprio negócio mais tarde."
Depois de se inscrever em engenharia química, a atriz disse que, pesquisando melhor, descobriu seu interesse também por engenharia de produção. Por isso, depois da graduação, ela vai seguir estudando para se especializar também nessa área. Tudo sem afobação.
"Não tenho pressa de terminar a faculdade. Se minha profissão de atriz, em algum momento, exigir, trancarei pelo tempo necessário. O importante é viver uma coisa de cada vez, e, à medida que forem acontecendo, vejo qual é melhor atitude a ser tomada."

Dom Helder: "Operação Esperança"

Sonho da terra vira realidade

Com o dinheiro de dois prêmios internacionais, Dom da Paz realizou uma experiência pioneira de reforma agrária em Pernambuco na década de 70
Com orgulho, o agricultor José Manoel Torres, 54 anos, relata a produção do ano passado do Engenho Ipiranga, no Cabo de Santo Agostinho, Grande Recife. Dezesseis mil toneladas de cana-de-açúcar vendidas para as usinas. Outros milhares de toneladas de coco, banana, batata, macaxeira e inhame. Ele e outras 39 famílias ganharam, na primeira metade da década de 70, terras da propriedade. Hoje, são cerca de cem, que sobrevivem do que plantam. A propriedade de 457 hectares foi comprada por dom Helder com o dinheiro obtido em dois prêmios concedidos a ele pela Noruega e pela Alemanha, ambos em 1974, pela sua atuação em defesa da paz. O então arcebispo de Olinda e Recife, que havia chegado à capital pernambucana uma década antes, mais uma vez mostrou-se revolucionário: realizou a primeira experiência de reforma agrária em Pernambuco.
Outros dois engenhos adquiridos por dom Helder passaram para as mãos de trabalhadores rurais: Taquari, em Sirinhaém, na Zona da Mata, e Guaretama, em Bonito, no Agreste, totalizando 1.300 hectares. Os engenhos fazem parte da Operação Esperança, lançada pelo arcebispo em meados da década de 60, logo depois de ele chegar ao Recife. Por meio da iniciativa, o arcebispo pôs em prática o trabalho social da arquidiocese: além de atender a necessidades urgentes dos pobres, como habitação e terra, havia a preocupação, em plena vigência do regime militar, em conscientizar o povo para as questões sociais. O desenvolvimento do Nordeste e a oferta de condições para a promoção humana estavam entre as ações previstas.
“A Operação Esperança foi um grande movimento de base. Nos engenhos, ensinávamos aos trabalhadores que a terra era um direito deles, não um favor. E que eles tinham que diversificar o plantio, não ter apenas lavouras de cana-de-açúcar, para que não ficassem nas mãos dos usineiros”, conta a conselheira do Tribunal de Contas do Estado Tereza Duere, que, na época, foi uma das integrantes do programa. Além dos prêmios conquistados pelo arcebispo, as atividades da operação eram custeadas por entidades internacionais, uma vez que, nesta época, dom Helder recebia muitos convites para proferir palestras na Europa. Ele não cobrava por isso, mas tinha um discurso tão convincente que obtinha ajuda para suas ações.
FRUTOS - Basta ver a produção do Engenho Ipiranga para perceber que a semente plantada lá rendeu frutos. Os agricultores são donos do próprio negócio. De empregados em engenhos de usineiros eles passaram a produtores. “A maior lição que dom Helder e a Operação Esperança nos deixaram foi a união. Ele repetia o tempo todo para a gente ficar unido, que um graveto só era fácil de quebrar, mas um feixe de madeira não”, lembra Severino Abílio da Silva, 75, um dos primeiros moradores do engenho.
“Não deram a terra somente. Fizeram a gente entender que precisávamos andar com os próprios pés, que é da terra que tiramos nosso sustento. A reforma agrária nasceu aqui, é uma história bonita”, complementa o agricultor, que trabalhou 22 anos em um engenho antes de mudar-se para o Ipiranga. “Dom Helder dizia para o povo ficar unido. Hoje trabalhamos em paz. Ele morreu, mas seus ensinamentos continuam vivos”, assegura Severino, orgulhoso ao lado da esposa Helena Silva, 75.
Dos 457 hectares da propriedade, 57 são de uso coletivo. Uma vez por mês, os lotistas têm que trabalhar um dia na área comum, em regime de mutirão. E uma vez por ano, cada dono de lote doa uma tonelada de cana-de-açúcar para a Associação dos Trabalhadores Rurais do Engenho Ipiranga, presidida por José Manoel Torres. Os filhos dos lotistas – a maioria formou novas famílias e continua vivendo no local – pagam 1% do salário mínimo por mês para ajudar na manutenção do engenho. 
A Operação Esperança ainda existe, mas não com a mesma força de antes. Segundo Augusto Costa, que preside a iniciativa, o trabalho que resta é apenas de consultoria aos engenhos. “Damos consultorias esporádicas, sempre enfatizando a necessidade de fortalecimento das associações dos trabalhadores”, explica Augusto, lembrando que na década de 70, no auge da Operação Esperança, houve grandes campanhas de agasalhos, remédios e apoio às ocupações urbanas e rurais.
Para o monge beneditino e teólogo Marcelo Barros, as ideias da Operação Esperança continuam atuais. “Dom Helder não viu nascer o Fórum Social Mundial, mas foi um de seus mais importantes predecessores. Hoje, mais do que nunca, aumenta o número de homens que têm consciência de que a essa economia imposta pelos poderosos do mundo sob o pretexto de globalização, precisamos responder com a globalização da paz, da solidariedade, da justiça e da não violência. A Operação Esperança continua atual e urgente.”

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