29/02/2012

Dom Helder nasceu há 103 anos

 
A vida do Dom Helder é como uma mina de ouro que precisa ser sempre e cada vez mais explorada, com um dom maravilhoso de Deus. Vida de uma beleza, que podemos dizer, diferenciada, nos seus gestos raríssimos em favor da vida dos empobrecidos, dos “sem voz e sem vez”. Ao assumir a Arquidiocese de Olinda e Recife em abril de 1964, disse: “Quem estiver sofrendo, no corpo ou na alma; quem, pobre ou rico, estiver desesperado, terá lugar no coração do bispo”.

Dom Helder, pequeno na estatura, mas grande nos sonhos, nos ideais e na santidade, colocou sua vida nas mãos do Pai, com a firme convicção e com confiança inabalável, que a pessoa humana é o que existe mais sagrado na face da terra porque é imagem e semelhança de Deus, tomando para si as alegrias e esperanças, as tristezas e angústias dos homens de hoje, sobretudos dos que mais sofrem (cf. GS 200).  

O sonho carregado ao longo da vida e acalentado no seu coração foi o de colocar a criatura humana em um lugar de destaque, também num lugar bem elevado. Marcou profundamente uma época e nos deixou um grande legado e lição. A lição de que o deserto da nossa vida tem que ser fertilizado pela Palavra de Deus e que a vida está acima de tudo, que ela é mais forte do que tudo, mais forte do que a morte.

Dom Helder, com sua inteligência privilegiada, sempre demonstrou firmeza nas atitudes e coerência nas ideias, que podemos perceber através dos seus pensamentos: “Quando houver contraste entre a tua alegria e um céu cinzento, ou entre a tua tristeza e um céu em festa, bendiz o desencontro, que é um aviso divino de que o mundo não começa nem acaba em ti”. “Quem me dera ser leal, discreto e silencioso como a minha sombra”.

A vida de Dom Helder, com aquele corpo franzino, que se agigantava na pregação da fé e da justiça e daquela voz inconfundível e extraordinária, que se transmutava em possantes amplificadores na defesa da vida fraterna e da paz, ficou o exemplo de dignidade e marcou em profundidade a história da humanidade.  Ele queria ser lembrado com esta frase: “A imagem que gostaria que ficasse de mim é a imagem de um irmão”.
É maravilhoso saber que Deus se revelou e se manifestou, em toda sua plenitude em Dom Helder Câmara, que viveu não só para si, mas para a humanidade. Para celebrar os seus 103 anos nascimento, haverá missa em ação graças:

Dia 07 de fevereiro de 2012
Local: Paróquia de Santo Afonso (Igreja Redonda)
Av. Jovita Feitosa, 2733 – Parquelândia - Fortaleza - CE
Horário: 18 horas

Manuel Bandeira (3º da esquerda para direita em pé), Alceu Amoroso Lima (5ª posição) e Dom Hélder Câmara (7ª) e sentados (da esquerda para direita), Lourenço Filho, Roquette-Pinto e Gustavo Capanema
Rio de Janeiro, 1936





Nome completo: Helder Pessoa Câmara
Nascimento: 07 de fevereiro de 1909
Fortaleza, Ceará - Brasil
Falecimento: 27 de agosto de 1999
Recife, Pernambuco - Brasil
Pais: João Eduardo Torres Câmara Filho (jornalista, guarda-livros)
Adelaide Rodrigues Pessoa Câmara (professora)
Batizado: 31 de março de 1909.
Primeira Eucaristia: 29 de setembro de 1917.
Estudos: Seminário de São José (Fortaleza, Ceará).
Ordenado Padre em 15 de agosto de 1931.
Até 1936, atividades pastorais em Fortaleza e, a partir de 1936, no Rio de Janeiro.
Em 1950, apresenta ao amigo Monsenhor Montini (que viria a ser o Papa Paulo VI) seus planos para fundar a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) - fundada em 14 de outubro de 1952, da qual se torna Secretário Geral de 1952 a 1964, e Secretário da Ação Social entre 1964 e 1968
Nomeado BISPO no dia 20 de abril de 1952, RJ.
Em 1955 organiza o Congresso Eucarístico Internacional e cria o Banco da Providência São Sebastião, para auxiliar os pobres.
Em 1955 toma a iniciativa para a criação da Conferência do Episcopado Latino Americano (CELAM), torna-se seu vice-presidente de 1958 a 1964, quando é nomeado ARCEBISPO de Olinda e Recife, tomando posse no dia 12 de abril de 1964.
Além das atividades pastorais em sua Arquidiocese, promovendo a participação de todos, especialmente dos mais pobres, Dom Helder passa a desenvolver significativo serviço na defesa dos perseguidos políticos. Um dos mais importantes feitos dessa época foi a criação do Movimento da Não-Violência Ativa (político) e o Movimento das Minorias Abraâmicas (religioso).
Internacionalmente, torna-se Membro do Conselho Supremo de Imigração, Comissão para Disciplina do Clero, preparatória do Concílio Ecumênico Vaticano II (1962-1965). Participou desse Concílio através da Comissão Apostolado dos Leigos e Meios de comunicação Social. Em 1974, é escolhido Delegado do Episcopado Brasileiro no III Sínodo dos Bispos (...).
 
((85)3223-8785

Paul McCartney e Ringo Starr podem tocar juntos na abertura dos Jogos Olímpicos de Londres

Foto: Getty ImagesNotícia ainda não foi confirmada oficialmente
por Carol Tavares
Pode parecer piada, mas os Beatles podem se reunir para a abertura dos Jogos Olímpicos de Londres - ou pelo menos o que restou deles. Ringo Starr e Paul McCartney, que marcam presença pelo Brasil em 2011, subirão ao palco britânico ao lado dos filhos de John Lennon e George Harrison, de acordo com o tabloide 'The Sun'. 
De acordo com o que foi divulgado, Paul estaria conversando com a organização do evento e diz que gostaria de "estar envolvido de alguma forma". Apesar de não confirmar a história, o músico fez sinal positivo a uma TV quando foi questionado sobre o assunto e disse que ouviu "rumores de que possa estar envolvido".
Caso o encontro aconteça, não será a primeira vez após o fim dos Beatles que os dois tocam juntos novamente. Em 2009, eles apresentaram um videogame da Microsoft inspirado nos Beatles. Um ano depois, Paul cantava 'Birthday' no aniversário de 71 anos do amigo, como você assiste abaixo. 
Veja a apresentação deles no evento da Microsoft:
Depois do show de Paul McCartney no Rio de Janeiro, Ringo Starr aterrissa por aqui em novembro, quando faz sua turnê por terras tupiniquins. 
As apresentações começam no dia 10 de novembro, no Ginásio do Gigantinho (Porto Alegre), seguindo em 12 e 13 de novembro para o Credicard Hall (São Paulo), 15 de novembro para o Citibank Hall (Rio de Janeiro), 16 de novembro no Chevrolet Hall (Belo Horizonte), 18 de novembro, no Centro de Convenções Ulysses Guimarães (Brasília) e, fechando a passagem pelo Brasil, dia 20 de novembro, no Chevrolet Hall (Recife). 
Confira uma participação de Ringo no show de Paul:

EM NOTA, COMISSÃO DA CNBB LAMENTA MORTE DE BISPO ANGLILCANO E SUA ESPOSA EM PERNAMBUCO

  
O presidente da Comissão Episcopal Pastoral para o Ecumenismo e o Diálogo Inter-Religioso, dom Francisco Biasin, divulgou na manhã de hoje, 29, uma nota de pesar pelo assassinato do bispo anglicano Edward Robinson de Barros Cavalcanti, e sua esposa, Miriam Cotias Cavalcanti, ocorrida na noite do último dia 26 de fevereiro.
Em nota, dom Francisco expressa sua solidariedade com parentes e amigos do casal morto em Pernambuco, dizendo: “Suplicamos a Deus para que os filhos das famílias brasileiras possam crescer orientados pelo que diz as Escrituras Sagradas “Honra teu pai e tua mãe” (Ex 20,12). E reiteramos o nosso compromisso para a promoção do diálogo que possibilita a construção de uma realidade de paz para as famílias brasileiras, para as nossas igrejas e para a sociedade como um todo”.
Dom Robinson, era bispo diocesano da Igreja Episcopal Anglicana, grande defensor das causas sociais, e criador da Comissão de Direitos Humanos da Diocese do Recife que foi o embrião da atual Secretaria Diocesana de Defesa dos Direitos Humanos.
Entenda o caso
No domingo, 26, dom Edward Robinson foi barbaramente assassinado em sua casa, no bairro dos Bultrins, município de Olinda, Pernambuco, por seu filho adotivo, Eduardo Olímpio Cotias Cavalcanti, de 29 anos. A esposa de dom Robinson, Miriam Nunes Machado, ainda foi levada com vida ao hospital, mas não resistiu. Eduardo teria golpeado o pai depois de uma discussão. A mãe tentou interferir e também teria sido agredida pelo rapaz, que, em seguida, tentou se suicidar.
Eduardo morava nos Estados Unidos desde os 17 anos de idade e tinha chegado há três dias. Ainda não se sabe o que motivou o crime.
Leia abaixo a íntegra da mensagem de dom Francisco Biasin, presidente da Comissão Episcopal Pastoral para o Ecumenismo e o Diálogo Inter-Religioso:
Nota de solidariedade da Comissão Episcopal Pastoral para o Ecumenismo e o Diálogo Inter-Religioso
A Comissão Episcopal Pastoral para o Ecumenismo e o Diálogo Inter-Religioso, da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), recebeu com pesar a notícia da morte do bispo anglicano dom Edward Robinson de Barros Cavalcanti, e sua esposa, a senhora Miriam Cotias Cavalcanti, ocorrida na noite do dia 26 de fevereiro de 2012.
A trágica forma e as circunstâncias nas quais morreram esses dois irmãos cristãos anglicanos nos levam, como Igrejas, a intensificarmos os esforços que visam a educação da juventude brasileira e sua integração na convivência familiar orientada pelos valores da fé cristã.
Expressamos nossa solidariedade para com os familiares de dom Robson e a Sra. Miriam, e para com os irmãos de tradição anglicana. Suplicamos a Deus para que os filhos das famílias brasileiras possam crescer orientados pelo que diz as Escrituras Sagradas: “Honra teu pai e tua mãe” (Ex 20,12). E reiteramos o nosso compromisso para a promoção do diálogo que possibilita a construção de uma realidade de paz para as famílias brasileiras, para as nossas igrejas e para a sociedade como um todo.
Dom Francisco Biasin
Bispo de Volta Redonda/Barra do Piraí-RJ
Presidente da Comissão Episcopal Pastoral para o Ecumenismo e o Diálogo Inter-religio
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Pastores Segundo o coração de Deus



Neste artigo falamos de dois grandes pastores, figuras humanas que edificaram casa de Deus, isto é, a Igreja, tendo como alicerce sólido o bem e a justiça, não cedendo às ciladas dos injustos e poderosos; Dom Helder Pessoa Câmara e Dom Aloísio Cardeal Lorscheider, que as nossas gerações hodiernas, pelo que eles representam, precisam conhecer ainda mais. Neles a profecia de Jeremias se realizou: “Eu vos darei pastores segundo o meu coração, que vos conduzam com sabedoria e inteligência” (Jr 3, 15). Anunciaram a boa nova da Salvação em toda sua plenitude, a partir da dor e do sofrimento de uma multidão de irmãos e irmãs. O entusiasmo e a mística desses grandes sacerdotes causaram e continuam a causar profundas marcas de generosidade, sempre crescente, nas pessoas que exerceram e exercem suas funções nos mais diversificados setores de nossa sociedade.

Guardemos no íntimo do coração a mensagem de otimismo e esperança, deixada por Dom Helder Câmara, o artesão da paz e cidadão do mundo, o bispo brasileiro mais influente no Concílio Vaticano II, ao abrir o caminho para a renovação, na sua mais profunda e autêntica coerência em favor dos pobres: “Se não engano, nós, os homens da Igreja, deveríamos realizar dentro da Igreja as mudanças que exigimos da sociedade”.

Falou também com extraordinária paixão que Deus é amor, em tom daquilo que lhe era muito peculiar, a poesia: “Fomos nós, as tuas criaturas que inventamos teu nome!? O nome não é, não deve ser um rótulo colado sobre as pessoas e sobre as coisas... O nome vem de dentro das coisas e pessoas, e não deve ser falso... Tem que exprimir o mais íntimo do íntimo, a própria razão de ser e existir da coisa ou da pessoa nomeada... Teu nome é e só podia ser amor”.

Ao assumir a Arquidiocese de Olinda e Recife, em abril de 1964, afirmou: “Ninguém se escandalize quando me vir ao lado de criaturas humanas tidas como indignas e pecadoras (...). “Quem estiver sofrendo, no corpo ou na alma; quem, pobre ou rico, estiver desesperado, terá lugar especial no coração do bispo”.

Dom Helder além de deixar uma gigantesca obra escrita, com grande sabedoria soube unir, numa síntese raríssima e feliz o místico e o homem da ação, que contemplava e escrevia ao mesmo tempo durante as madrugadas e agia pela manhã, tarde e noite. Foi um articulador da melhor qualidade; dotado de uma fé clamorosa, de uma enorme capacidade de comunicação, força e convicção inabaláveis, que saía de dentro do peito magro, daquele homem baixo e franzino na estatura, que parecia o retirante de Portinari.

Profeta dos pobres, artesão da paz, cidadão do mundo, o homem dos grandes sonhos e das grandes utopias ele o foi, a sinalizar uma verdadeira conversão, nas mudanças dos costumes, no sentido de uma melhor compreensão da Igreja, na busca de sua renovação, do seu rejuvenescimento – ao verdadeiro “aggiornamento”, ao mesmo tempo, em que devia anunciar a pessoa de Jesus Cristo, diante do clamor dos empobrecidos, dos “sem voz e sem vez”.

O grande ardor e entusiasmo desse homem, em todo seu trabalho bem articulado, no amor pela Igreja pobre e servidora, nunca podemos negar e esquecer. “Sou daqueles que tem a convicção de que os escritos de Dom Helder ainda serão fonte de inspiração na América Latina, daqui a mil anos”.

Já Dom Aloísio, que no seu amor à verdade e no apego ao Evangelho, como critério de vida e de pastoreio, também na sua capacidade de dialogar com as classes sociais e no seu amor para com os empobrecidos, permaneceu humilde, serviçal, sendo um irmão entre irmãos.

Doçura e ternura em pessoa, alegria constante, posições corajosas e determinadas, ao mesmo tempo, pregava e anunciava o Evangelho com coragem profética e grande sabedoria.  Ele carregou sempre no seu grande coração, as alegrias, as esperanças, as tristezas, as angústias e os sofrimentos de sua querida gente (cf. GS 200). Além de travar, sem jamais se cansar, uma luta pela redemocratização, pela liberdade de expressão, pela dignidade da pessoa humana e pelo fim da tortura em nosso querido Brasil.

Dom Aloísio, ao se tornar Arcebispo de Fortaleza (1973-1995), logo de início afirmou: “A comunidade eclesial não é feudo do bispo, mas ele é o servidor de uma Igreja que se entende a si mesma como sacramento do Reino, isto é,  da presença da verdade e do amor infinito de Deus para com cada criatura humana”.4

Daí ele não compreender como algo natural e normal se conviver com a miséria e o acentuado empobrecimento do povo, que tinha como conseqüência o êxodo, o flagelo e a morte de muitos irmãos, levantando sua voz de profeta para dizer que não era vontade de Deus a realidade aqui encontrada e, ao mesmo tempo, usou de todos os meios, com uma enorme vontade de transformar essa mesma realidade, marcando profundamente a história do nosso Ceará.

“Em pleno regime de exceção, a sociedade cearense logo sentiu os efeitos dessa guinada. As camadas desfavorecidas ou marginalizadas, os sem-terra, os sem-teto, os presos políticos, os presidiários comuns, os trabalhadores em greve – ganharam aliado de peso” (Fernando Ximenes).

Dom Aloísio foi o grande teólogo que sabia compreender a realidade na sua conjuntura e, com suas posições bem claras e definidas, nas análises e nas conclusões teológicas pastorais, passando para o povo um clima que favorecia e gerava uma confiança generalizada. Daí ser o Cardeal que mais se destacou em todos os Conclaves e Sínodos de que participou, gerando para o mundo inteiro e, especialmente para a imprensa, uma grande expectativa. Sua palavra corajosa e profética era acolhida por todos como uma boa notícia.

 “[...] sua voz, naturalmente doce, alternava-se quando era preciso confrontar os vendilhões da justiça, quando todos os jardins da democracia corriam o risco de ser alvo de bombas atiradas pelos olhares fixos da repressão. Sua voz ecoou pelos corredores das prisões [...]” (Pedro Simon).

Quando ele se tornou bispo emérito de Aparecida, veio a pergunta: O que o senhor vai fazer? Respondeu: “Sou um simples frade menor e vou fazer o que o meu provincial mandar, porque a obediência me torna livre”.

Também nunca esquecemos sua palavra lúcida e segura, advertindo “oportuna e inoportunamente” (2Tm 4, 2), bem como sua voz mansa e corajosa em denunciar as injustiças e, sobretudo, sua ternura franciscana, nos leva a afirmar que Dom Aloísio, verdadeiramente, mora em nossos corações.

Peçamos então a Deus, que na sua infinita e inesgotável bondade, chamou Dom Helder e Dom Aloísio à missão de profetizar, que sempre os tenhamos como referência, iluminando-nos e fazendo sempre mais compreender a indispensável força de sua graça, num desejo de nos tornar capacitados a fermentar este mundo em que vivemos na sua realidade cultural, econômico e social, que tanto desafia a humanidade.





Pe Geovane Saraiva, Pároco de Santo Afonso

*pegeovane@paroquiasantoafonso.org.br


http.www.paroquiasantoafonso.org.br


((85)3223-8785

Autor dos livros: “O peregrino da Paz” e “Nascido Para as Coisas Maiores” (centenário de Dom Helder Câmara).

                               “A Ternura de um Pastor”, 2ª edição (homenagem ao Cardeal Lorscheider)

                               “A Esperança Tem Nome” (espiritualidade e compromisso)


Novo bispo auxiliar

Dom Orani João Tempesta
Arcebispo do Rio de Janeiro (RJ)
Tenho a alegria de anunciar aos caríssimos diocesanos que o Santo Padre, o Papa Bento XVI, concedeu-nos hoje um belo e importante presente: temos um novo bispo auxiliar!
Foi nomeado na data de hoje o Mons. Luiz Henrique da Silva Brito, do clero da Diocese de Campos dos Goytacazes, neste estado.
Mons. Luiz Henrique nasceu em São Gonçalo-RJ, no dia 19 de maio de 1967, e tem íntima ligação com a nossa Arquidiocese, pois, em nosso Seminário, como seminarista de Campos, ele concluiu o Curso de Filosofia, cursou toda a Teologia e foi Prefeito de Disciplina. Também aqui cursou o Instituto Superior de Direito Canônico.
Sua formação em Mestre em Teologia Moral se deu em Roma, na Universidade da Santa Cruz. Foi ordenado presbítero no dia 14 de dezembro de 1991 por D. João Corso, na Catedral Diocesana Santíssimo Salvador, em Campos.
Tem uma vasta experiência pastoral, tendo passado por várias paróquias da Diocese de Campos, experiência na pastoral vocacional e na formação dos seminaristas, além da experiência jurídica na câmara eclesiástica, chancelaria, cúria, como também professor e membro do conselho presbiteral.
No início de seu discernimento vocacional passou por uma experiência de vida religiosa que enriquece ainda mais sua vida e espiritualidade. Temos assim várias nuances de sua formação, que nos ajudarão em muitos campos eclesiais de nossa Arquidiocese.
Agradeço ao Santo Padre o Papa Bento XVI por ter aceito o pedido que fizemos de termos mais auxiliares em nossa grande metrópole, que, com isso, poderá ainda mais e melhor servir à nossa população. Mons. Luiz Henrique vem para incorporar-se ao colégio episcopal e nos ajudar em nossa árdua missão de servir bem ao nosso povo.
Vivemos uma semana de muitos acontecimentos, os mais diversos, ao iniciar esta Quaresma de 2012: sinais que nos fazem pensar sobre a rapidez com que passa o tempo, a responsabilidade universal da Igreja na missão com a juventude, a conversão rumo à Páscoa, renovando nossa vida batismal e vendo a necessidade de chegarmos a atitudes concretas de conversão, como é o tema da Campanha da Fraternidade sobre a saúde pública.
Hoje o Santo Padre comunica que nomeou Mons. Luiz Henrique da Silva Brito como Bispo titular de “Zallata” e auxiliar em São Sebastião do Rio de Janeiro. Bendizemos a Deus e pedimos por este nosso caro irmão, que aceitou com o coração aberto essa missão. Que ele seja abençoado, iluminado por Deus e sempre conduzido pela ação do Espírito Santo.
Agradeço pela sua mensagem dirigida à nossa Arquidiocese, em que manifesta sua unidade com todos nós e sua disposição de colocar-se a serviço do Reino junto conosco, doando-se totalmente para que o amor de Deus seja conhecido por todos.
Desde já convido todos os diocesanos para participarem da ordenação episcopal que ocorrerá em nossa Catedral Metropolitana de São Sebastião no dia 12 de maio de 2012, sábado, às 08:30 horas.
Agradeço à Diocese de Campos e ao seu Bispo Diocesano, D. Roberto Francisco, e ao Bispo Emérito, D. Roberto Guimarães. Agradeço pela disponibilidade em entregar esse filho para servir à Igreja nesta Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro. Que Deus cumule com bênçãos a querida Diocese de Campos e lhe dê santas e abundantes vocações.
Mons. Luiz Henrique, seja bem-vindo ao Rio de Janeiro! Seja bem-vindo como novo Bispo Auxiliar desta histórica e bela metrópole! Seja bem-vindo entre nós! O povo de Deus, que aqui caminha, o acolhe e o abraça!

Lucidez e moderação – Paulo Evaristo Arns

“A visão de Dom Paulo é visão ativa de paz, paz dinâmica, paz a ser construída a cada momento, buscada, conquistada na paciência e na perseverança”

                                                                                                                                                      Aloísio Cardeal Lorscheider

Consciencioso e de grande capacidade científica, sua tese, na Sorbonne, foi sobre A Técnica do Livro em São Jerônimo. Por Dom Aloísio Cardeal Lorscheider.
 Dom Paulo Evaristo Arns completará neste ano 2000 setenta e nove anos de idade, tendo nascido aos 14 de setembro de 1921, em Forquilhinha (Santa Catarina). São setenta e nove anos vividos como Franciscano e Padre, como Bispo Auxiliar de São Paulo (Capital) e depois como Arcebispo Metropolitano, e, finalmente, Cardeal. A raiz sólida da personalidade extraordinária de Dom Paulo encontra-se na história de sua família. Pais profundamente cristãos e comunitariamente engajados. Família onde a oração, a seriedade de vida, o amor ao trabalho, a fé e confiança em Deus, a solidariedade com os demais marcavam presença. O pai, um homem de paz e de justiça, como já o fora o avô, em cujo epitáfio escreveu: “Bem-aventurados os que promovem a paz”. Na comunidade de Forquilhinha, onde o pai de Dom Paulo exercia forte liderança, em setenta anos jamais aconteceu um assassinato. Onde pudesse surgir um desentendimento, lá estava o pai de Dom Paulo para desarmar os ânimos exaltados e restabelecer o clima de entendimento.

Estas raízes fazem-nos entender Dom Paulo um homem de paz, no mais completo sentido da palavra. Ele tem uma estrutura pessoal de paz. Não perde a tranquilidade diante da violência do ambiente e de situações difíceis nas quais vive. Supera as crises sem se abater, encontrando e transmitindo paz nos momentos mais críticos e complexos. A visão de Dom Paulo é visão ativa de paz, paz dinâmica, paz a ser construída a cada momento, buscada, conquistada na paciência e na perseverança. É essa atitude que faz a Dom Paulo denunciar sempre de novo as causas de violência, o assalto ao trabalho, a falsa procura de paz na corrida armamentista ou no terrorismo, a mentira, a impunidade, a tortura, a desinformação, a hipocrisia, a delação, o roubo, os atentados contra a vida.
Dom Paulo sobressai-nos mais variados campos da atividade humana. É um escritor consciencioso e de grande capacidade científica. A sua tese, na Sorbonne, em 1952, sobre a “A técnica do livro em São Jerônimo”, procurando mostrar como é que se faziam os livros na Antiguidade, valeu-lhe o mais alto grau de distinção “très honorable”. Até hoje esta pesquisa não tem sido superada; é antes, um instrumento de consulta para outros.
Os títulos de “Doctor honoris causa” recebidos por Dom Paulo dentro e fora do país, são muitos. Além desses títulos, diversos prêmios de cará er nacional e internacional, não faltando nem a mais alta distinção do governo francês, o grau de Comendador da Legião de Honra; o título de “Cidadão Livre” pela  cidade de Galway, na Irlanda; o Prêmio Medalha Nansen, do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados; e tantos outros.
No plano internacional é preciso ainda notar que, em 1982, Dom Paulo foi o único religioso em todo o mundo eleito para a Comissão Internacional Independente para Questões Humanitárias. Dom Paulo é membro de várias Instituições Internacionais. Todos estes títulos e prêmios são para reconhecer a enorme atividade pastoral e humanitária em favor dos presos políticos, dos injustiçados, dos trabalhadores, dos desempregados, dos sem casa, dos aidéticos, em favor do ensino, da saúde, em favor do povo da periferia. Em tudo Dom Paulo trabalhou sempre impulsionado pela evangélica opção preferencial e solidária pelos pobres. Dom Paulo marcou sua presença na comunicação, sobretudo na Rádio, nos jornais, na publicação de diversos livros, não obstante toda a solicitação que traz consigo uma metrópole como São Paulo.

Dom Paulo, porém, se notabilizou dentro e fora do país por sua atitude destemida em prol dos direitos humanos. É suficiente recordar dois episódios, nos quais a ação de Dom Paulo foi decisiva. Trata-se da morte, em 1973, do estudante Alexandre Vannucchi Leme, estudante do curso de Teologia da USP, que tanta indignação trouxe que os estudantes de São Paulo estavam dispostos a medidas violentas extremas. Dom Paulo, num diálogo paciente e tenso, conseguiu que a manifestação se transformasse em oração na igreja da Sé, em São Paulo. Outro episódio o da morte do jornalista Wladimir Herzog. Foi um dos momentos mais tensos da vida de Dom Paulo. Aí também uma cerimônia pública de oração na igreja da Sé. O próprio Dom Paulo relembra numa carta este trágico acontecimento. A carta é de 22 de fevereiro de 1979. Wladimir Herzog fora morto aos 25 de outubro de 1975. O culto ecumênico na igreja da Sé foi aos 31 de outubro de 1975

Estes são apenas alguns aspectos desta grande personalidade que é Dom Paulo Evaristo Arns, hoje Arcebispo Emérito de São Paulo. Dom Paulo nunca teve medo de jogar todo o seu prestígio, dignidade, inteligência e capacidade a serviço dos que sofrem. A convicção que sempre animou a Dom Paulo é que o Bispo deve ser essencialmente centro de unidade e animação. Centro que une e não nivela. Sabe respeitar e estar atento ao pluralismo e às iniciativas de cada pessoa, buscando a ação no momento certo. A sua lucidez e moderação são notáveis; ele procede sempre sem excessos. 
Se quiséssemos sintetizar Dom Paulo Evaristo Arns, diríamos que é homem de paz, de fraternidade, de justiça, de verdade, de liberdade, que se dá todo “para que Deus seja tudo em todos” (1Cor 15, 28)
Tirado do livro "A ternura de um pastor" - Pe. Geovane Saraiva

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A Vida Consagrada segundo Dom Aloísio

Muitas vezes durante o seu pontificado João Paulo II se manifestou a respeito da vida consagrada. Falou às mais diversas Ordens, Congregações, Institutos, sobretudo, por ocasião dos Capítulos Gerais. Em todas essas oportunidades a preocupação do Papa tem sido com a fidelidade dos consagrados ao próprio carisma, à própria espiritualidade e à própria missão, tendo sempre em vista a evangelização do mundo de hoje. O mundo necessita do consagrado. É um dos preciosos elementos que leveda a massa toda.
Um resumo das palavras do Papa temos no documento pós-sinodal de 25 de março de 1995 "Vita Consecrata". Trata-se de uma vida profundamente arraigada nos exemplos e ensinamentos de Nosso Senhor. Ela é um dom de Deus Pai à sua Igreja por meio do Espírito Santo. A profissão dos conselhos evangélicos, característica da vida consagrada, faz com que os traços de Jesus pobre, virgem, obediente, adquiram especial visibilidade no meio do mundo. A vivência dos conselhos evangélicos atrai o olhar dos fiéis para o mistério do Reino de Deus atuante na história com a sua plena realização no fim dos tempos.
É um caminho de especial seguimento de Cristo. É um deixar tudo para estar com Cristo e colocar-se com Ele ao serviço de Deus e dos irmãos.
A vida consagrada diz respeito a toda a Igreja; não é uma realidade isolada e marginal. Está colocada no próprio coração da Igreja. É elemento decisivo para a sua missão, já que exprime a íntima natureza da vocação cristã e a tensão da Igreja-Esposa para a união com o único Esposo. A vida consagrada faz parte da vida, santidade e missão da Igreja.
Quando em 1994, ano do Sínodo sobre a vida consagrada e a sua missão na Igreja e no Mundo, os jornalistas perguntaram se, no final do milênio, não havia assunto mais importante do que este, respondeu-se-lhes que este era um assunto importantíssimo para o mundo de hoje porque o que mais faltava ao mundo era um suplemento de alma, uma espiritualidade, uma mística. Ora, com a vida consagrada deseja-se ajudar o mundo neste suplemento de alma, nesta espiritualidade, nesta mística. A profissão dos conselhos evangélicos coloca os consagrados como sinal e profecia para a comunidade dos irmãos e irmãs e para o mundo.
O aprofundamento da vida consagrada deve acontecer em uma tríplice dimensão: a da consagração, da comunhão e da missão.
A vida consagrada é, por isso, ícone da Transfiguração de Jesus no monte Tabor. É configuração a Cristo, é cristiformidade, prolongamento na história de uma presença especial do Senhor ressuscitado.
As pessoas consagradas serão missionárias aprofundando continuamente a consciência de terem sido chamadas e escolhidas por Deus, para quem devem orientar toda a sua vida e oferecer tudo o que são e possuem, libertando-se dos obstáculos que poderiam retardar a resposta total do amor. Também o seu estilo de vida deve deixar transparecer o ideal que professam, sendo sinal vivo do Deus vivo e pregação persuasiva, mesmo que muitas vezes silenciosa, do Evangelho.
A vida consagrada faz parte intrínseca do Evangelho Ela brota do Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo. É vivência a mais plena possível do Evangelho. Ela faz parte da estrutura carismática da Igreja, faz parte da vida e santidade da Igreja (Lumen Gentium, 44), santidade que é uma das notas essenciais da Igreja: Una Santa Católica Apostólica. Sem a vida consagrada a Igreja deixaria de ser Igreja, ver-se-ia privada de uma das notas essenciais do seu próprio ser íntimo. A Igreja produz santidade (a plenitude dos meios de salvação é confiada à Igreja) e ordena-se à santidade.
Não hesitemos! Trabalhando pela difusão da vida consagrada estamos trabalhando para uma nova primavera eclesial!
Fonte: Tirado do livro "A ternura de um pastor" - Pe Geovane saraiva

Elis Regina, Dom Helder e uma carta para um preso político

Em 1978, quando levou seu show "Transversal do Tempo" para Recife, Elis participou de um ato público promovido por Dom Helder Câmara e "driblou" a polícia para homenagear o líder estudantil Edival Nunes, o Cajá

DANILO CASALETTI
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Elis Regina e Dom Helder Câmara (Foto: Acervo pessoal Leda Alves)
“Elis era temperamental. Não levava desaforo para casa”. Essas duas frases viraram clichês para definir a personalidade de Elis Regina (1945-1982). Alguns viam nisso a força que ela sempre impôs para a sua carreira. Outros enxergam suas atitudes com reservas. O certo é que Elis, cuja morte completa 30 anos nesta quinta-feira (19), comprava não só suas brigas, como as dos outros também.
Um dos casos mais famosos em que Elis mostrou seu temperamento ocorreu em 1976, quando a cantora Rita Lee foi presa acusada de porte de maconha. Quando soube do fato, Elis decidiu ir ao Presídio do Hipódromo, na região central de São Paulo, para visitar a companheira de profissão. Em plena ditadura militar, fez um escândalo, pediu para ver a cantora e exigiu que um médico examinasse Rita, que estava grávida.
Mas nem só famosos contavam com o apoio de Elis. Um outro episódio, esquecido e revelado recentemente pela revista Continente, ocorreu no Recife, em 1978 , durante o governo de Ernesto Geisel. Elis estava na cidade para apresentações do show "Transversal do Tempo", que tinha um roteiro com viés político e de forte crítica social. Lá, quis se encontrar com Dom Helder Câmara (1909 –1999), à época arcebispo de Olinda e Recife, conhecido por sua atuação contra as violações de direitos humanos no Brasil, em especial durante a ditadura.
Quem aproximou Elis e Dom Helder foi a atriz e especialista em cultura popular Leda Alves. Elis a procurou por indicação de Frei Betto. Por coincidência, neste mesmo dia, à noite, haveria uma missa em favor da libertação do líder estudantil Edval Nunes da Silva, o Cajá, que havia sido preso em maio de 1978, na capital pernambucana, acusado de tentar reorganizar o Partido Comunista Revolucionário. Elis decidiu que participaria do ato religioso. E assim o fez. Subiu ao altar da Matriz de São José e entoou os cânticos da celebração. “Estávamos em plena ditadura e, mesmo assim, ela não se intimidou”, diz Leda, que se tornou amiga de Elis. Depois da missa, a Elis foi à sacristia conhecer Dom Helder. “Ela estava muito interessada no trabalho que ele fazia em defesa dos direitos humanos”, afirma Leda.
No dia do primeiro show da temporada que faria em Recife, Elis decidiu dedicar o show ao estudante Edival Nunes da Silva, o Cajá. A homenagem rendeu a Elis uma repreensão da polícia local, que ameaçou impedir suas apresentações seguintes. No segundo show, Elis arrumou um jeito de falar o apelido do líder estudantil. Segundo o próprio Cajá, o que foi lhe contado depois é que Elis entrou no palco com a banda desfalcada do baterista. Alegando que não poderia começar o show sem um de seus músicos, perguntou por ele. Alguém apontou o músico sentando em uma das poltronas do Teatro Santa Isabel. Elis, marota, teria dito. ‘Vem cá, já. Não posso começar o espetáculo sem você’. “O público logo entendeu o recado e aplaudiu o ato de Elis”, diz Cajá, que hoje é sociólogo e tem 61 anos.
Antes de deixar o Recife, Elis ainda tentou visitar o estudante na prisão. Não conseguiu. Optou por escrever uma carta. Na correspondência, escrita em um papel timbrado do hotel onde Elis se hospedou, o Othon Palace, Elis dizia para Cajá não esmorecer e continuar a lutar pela liberdade. Para Cajá, o ato de Elis foi ‘iluminado’. “Depois de Elis, outros artistas tentaram me visitar, como os atores Bruna Lombardi e Cláudio Cavalcanti”, afirma. “Ela tinha um compromisso com o que há de mais bonito no ser humano: a liberdade”, diz Cajá.
Cerca de três meses após sua saída da prisão, em junho de 1979, Elis voltou ao Recife para uma apresentação e tentou marcar um almoço com Cajá. Ele, que havia acabado de se tornar pai, não pode comparecer, mas disse que, posteriormente, iria a São Paulo se encontrar com a cantora. O encontro dos dois nunca aconteceu . Em 19 de janeiro de 1982, o sociólogo, em meio a uma reunião da União Nacional dos Estudantes, foi surpreendido pela notícia da morte de Elis. No próximo mês de março, quando Elis completaria mais um aniversário, ele pretende realizar um show com artistas locais em homenagem à amiga.