Dona Raimunda de Souza, 63 - mais conhecida como Santinha - tem o Parque Ecológico da Maraponga praticamente como o quintal de casa. Moradora do local desde quando nasceu, em 1950, ela habita uma das duas casas existentes na entrada do parque.
“A Maraponga é um pedaço do paraíso dentro de Fortaleza”, elogia. Quando questionada o porquê da afirmação, a explicação já está na ponta da língua. “Porque tudo é bom na Maraponga. A ventilação, o verde, tudo que você imaginar. Até o povo é bom”, diz.
O bairro mudou muito ao longo dessas seis décadas. “Aqui (no parque ecológico) era um sítio muito bonito”, lembra. Em 1945, o pai dela, Raimundo Barros, saiu da Jiboia (hoje região da Itaitinga) para cuidar do sítio. “Aqui o papai casou e construiu família. Essas árvores foram todas plantadas por ele. O que ele não plantou, foram os passarinhos que semearam”, conta dona Santinha.
A infância foi uma animação só, com muita brincadeira, banhos na lagoa e frutas de todos os sabores. “Aqui era uma riqueza. Tinha uma fábrica de fazer cajuína, vacaria e fazia até mel de abelha”. A movimentada avenida Godofredo Maciel era, naquela época, apenas uma estradinha de terra por onde passavam os viajantes. “Aqui na Maraponga só tinha sítios. A gente não sabia o que era o progresso”.
Dona Santinha desconhece a quem hoje pertence a terra onde vive. “Nunca tiraram a gente daqui. Já morreram meu pai, minha mãe, meu marido. Só falta eu agora”, conta. Hoje, ela se dedica a alimentar os gatos que são abandonados no parque. “A gente não quer ver morrer de fome e fica no maior sacrifício para comprar comida (para eles)”, comenta. Os filhos até que tentam convencê-la a sair do local, mas Santinha é taxativa: “enquanto eu não estiver caducando, vou ficar aqui”.
O aposentado José Silva Lemos, 84, relembra que, ao chegar no bairro, ao redor “só tinha mato”. Até hoje, há resquícios desse tempo, pois em frente a casa dele, na rua Suíça, ainda funciona uma vacaria. “Se eu pudesse, quando morresse me enterrava aqui”, fiz ele ao ser questionado se pensa em sair do bairro.
História semelhante ao do comerciante Wilcemar Bezerra, 58, que por duas vezes tentou voltar a morar no Interior. “Porque eu gosto daqui, já me acostumei”, revela. Ao todo, já são 40 anos morando no bairro. No início, o sítio da família abarcava todo o quarteirão onde mora. “Aqui não tinha nenhuma casa. Nem bicicleta passava nessa rua”, diz. E ele se queixa do crescimento do bairro, que começou “de uns dez anos pra cá”. “Acabaram as árvores. Só é muita quentura agora”, explica. Mesmo assim, continua apaixonado pelo bairro.
EM ALTA
DESENVOLVIMENTO
O bairro Maraponga experimenta um grande crescimento no mercado imobiliário. Em todo o bairro, é possível deparar-se com novas residências e edifícios sendo construídos.
EM BAIXA
CONSERVAÇÃO
Asfalto da avenida Godofredo Maciel está cheio de imperfeições e, em um trecho, a via foi fresada e o novo recapeamento não foi feito. Regional IV diz aguardar a conclusão de obras da Cagece.
MARAPONGA
É a cara do meu bairro
Qual é a imagem que você acha a cara do seu bairro? Participe, envie sua foto para nós: opovonosbairros@opovo.com.br
Parque Ecológico da Lagoa da Maraponga. O parque é a principal beleza natural do bairro, com 31 hectares de área. O local é frequentado por coopistas e famílias, principalmente nos fins de semana. “De manhãzinha, você ver o azul da lagoa, o verde do mato e as garças voando. Dá vontade de não voltar mais para casa e ficar só olhando”, diz Francisca Raimunda de Souza.
A personagem
A dona de casa Francisca Silva, 59, faz exercícios diários no Parque Ecológico da Maraponga e é mais uma apaixonada pelo bairro. “Moro aqui desde 1985 e mudou muito. Tem mais violência e muita gente. Mas também tem supermercado, transporte, metrô. Tem muitos serviços por perto”, diz. Quando questionada se todo mundo agora quer ir morar na Maraponga, ela responde: “isso é verdade!”. Ela se queixa apenas da ausência de alguns serviços públicos, como creches e postos de saúde.
RONDA
O Povo nos Bairros publica o telefone de contato dos policiais da Ronda do Quarteirão no bairro Maraponga
3457 1057, 8623 4000 e 190
10 MIL
Habitantes
A Maraponga possui 10.155 moradores, segundo o Censo de 2010 do IBGE. O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) é de 0,572
VILA PERY
PROBLEMAS NA RUA NEREU RAMOS
1. O leitor Joaquim Bezerra Soares reclama de problemas na rua Nereu Ramos. O primeiro está no viaduto sobre a linha do Metrofor.
“Na descida do elevado sobre a estação do VLT da Vila Pery, abriu-se uma cratera encoberta por águas escuras que camufla um grande buraco, obrigando os veículos que estão mais à mão direita a desviarem dessa depressão. Os desavisados que não conhecem o trecho só percebem o buraco tardiamente e caem no mesmo ou procedem a manobras de alto risco”, relata.
Joaquim também critica o curto tempo no semáforo no cruzamento da rua Nereu Ramos com avenida Osório de Paiva, o que causa “constantes congestionamentos e invasão de pista pelos condutores mais apressados”.
RESPOSTA. O Metrofor informa que já foram solicitados os reparos no asfalto do viaduto, mas não deu prazo para executar o serviço. Já a Autarquia Municipal de Trânsito, Serviços Públicos e Cidadania (AMC) informa que, depois de receber a reclamação, realizou ajustes no tempo do semáforo.
MUCURIPE
MORADOR PEDE REINSTALAÇÃO DE TARTARUGAS EM VIA
2. O morador do bairro Meireles, Pedro Emiliano Sidrim, reclama que, há cinco meses, foram retiradas as tartarugas que existiam na avenida Rui Barbosa, esquina com rua Deputado Moreira da Rocha.
Segundo ele, a Prefeitura fez o recapeamento na via e não colocou de volta a antiga sinalização. Na avaliação de Pedro, isso tem sido a causa de constantes acidentes no trecho.
RESPOSTA. A Autarquia Municipal de Trânsito, Serviços Públicos e Cidadania de Fortaleza (AMC) informa que os equipamentos não foram recolocados devido à resolução 336 de 24 de novembro de 2009, do Conselho Nacional de Trânsito (Contram), que proíbe a utilização de tachas e tachões, aplicados transversalmente à via pública, como sonorizadores ou dispositivos redutores de velocidade.
JÓQUEI CLUBE
MORADOR CRITICA NOME DE SHOPPING
3. O presidente da Associação dos moradores do Jóquei Clube, Edinaldo Duarte, critica a escolha do nome “North Shopping Parangaba” para o empreendimento que está sendo construído na antigo terreno do Jockey, não pertencendo aos limites do bairro da Parangaba. “Nós amamos o bairro e está todo mundo revoltado. O Jóquei Clube tem de ser valorizado”, reclama Edinaldo.
RESPOSTA. A assessoria do North Shopping Parangaba informa que a escolha do nome é uma homenagem a toda a região da Parangaba, onde o estabelecimento está inserido. “A Parangaba é um bairro tradicional que vem crescendo demográfica e economicamente”, afirma a assessoria, por meio de nota. Ainda segundo a assessoria do shopping, o empreendimento destina-se a atender aos moradores de toda a região, oferecendo produtos, serviços e lazer.
O Povo
Nenhum comentário :
Postar um comentário