Diretor do Secretariado Nacional da Pastoral Social organiza encontros na sua paróquia, em Lisboa, sobre assembleia que começou há 50 anos
Lisboa, 05 jan 2011 (Ecclesia) – O diretor do Secretariado da Pastoral Social da Igreja Católica afirmou hoje que continua a haver muitos aspetos para refletir acerca do Concílio Vaticano II, convocado há 50 anos, antes de se pensar em convocar nova assembleia conciliar.
“Ainda temos muito para dizer a propósito do Vaticano II. Certamente que algumas coisas poderiam ser mais aprofundadas”, disse o padre José Manuel Pereira de Almeida à Agência ECCLESIA, no âmbito dos encontros que a paróquia lisboeta de que é responsável, Santa Isabel, está a promover sobre o concílio. O responsável assinalou que “em geral os concílios surgiam para combater alguma coisa – heresia, situação disciplinar ou cisma”, mas o Vaticano II (1962-1965) “surgiu para a Igreja perceber quem é e para dizer-se a si própria”, continuando “hoje a haver passos a dar nesse sentido”. A assembleia, convocada a 25 de dezembro de 1961 pelo Papa João XXIII e iniciada a 11 de outubro do ano seguinte, nasceu de “grandes movimentos” de renovação no interior do catolicismo que amadureceram ao longo de décadas, como o “litúrgico, bíblico e ecuménico”, lembrou. “Sob o ponto de vista teológico não estamos de maneira nenhuma perto da inovação que sucedeu aquando do Vaticano II. Eu pediria mais estilo à investigação e só então surgiria a oportunidade de um novo Concílio”, salientou o sacerdote, que também é médico. O “grande desafio” do encontro que terminou a 8 de dezembro de 1965 “continua a ser o ‘aggiornamento’, ou seja, o que os católicos têm a dizer sobre a realidade em termos de linguagem, enraizamento e leitura dos sinais dos tempos”, realçou. “Como poderemos receber o Concílio como um desafio para sermos mais Igreja?” é a pergunta que originou este conjunto de colóquios, explicou o responsável, que pretende ver os católicos a anunciar a mensagem cristã “não só por palavras mas também por gestos”. A primeira sessão realizou-se esta segunda-feira com a presença de 100 pessoas, que assistiram ao documentário francês “Vaticano II: imagens e testemunhos”, seguido de um comentário de Paulo Fontes, investigador do Centro de Estudos de História Religiosa da Universidade Católica Portuguesa (UCP). O próximo encontro, ‘Aggiornamento: que aprendemos com o Concílio quanto ao «estilo» de ser Igreja, hoje?’, por Alfredo Teixeira, docente da Faculdade de Teologia da UCP, decorre na próxima segunda-feira, e a 23 de janeiro José Eduardo Borges de Pinho, professor catedrático da mesma instituição, fala das ‘Chaves de leitura do Concílio’. A iniciativa termina no dia 30 com o tema ‘Vaticano II: memórias e ecos’, uma conversa entre António Marujo, jornalista especialista em assuntos de religião, e Olga Pinheiro e João Lamas, “adultos ao tempo do Concílio e que têm agora cerca de 80 anos”, referiu o pároco. Olga Pinheiro vai contar como é que a renovação conciliar influenciou a paróquia de Santa Isabel, enquanto João Lamas recordará os acontecimentos ocorridos na passagem de 1972 para 1973 na Capela do Rato, em Lisboa, quando as celebrações pela paz provocaram a prisão de alguns dos participantes e tiveram repercussões políticas e eclesiais. RJM/LFS |
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