05/01/2012

Vaticano II: Ainda há muito para dizer sobre o último concílio antes de pensar num novo

Diretor do Secretariado Nacional da Pastoral Social organiza encontros na sua paróquia, em Lisboa, sobre assembleia que começou há 50 anos


Lisboa, 05 jan 2011 (Ecclesia) – O diretor do Secretariado da Pastoral Social da Igreja Católica afirmou hoje que continua a haver muitos aspetos para refletir acerca do Concílio Vaticano II, convocado há 50 anos, antes de se pensar em convocar nova assembleia conciliar.
“Ainda temos muito para dizer a propósito do Vaticano II. Certamente que algumas coisas poderiam ser mais aprofundadas”, disse o padre José Manuel Pereira de Almeida à Agência ECCLESIA, no âmbito dos encontros que a paróquia lisboeta de que é responsável, Santa Isabel, está a promover sobre o concílio.
O responsável assinalou que “em geral os concílios surgiam para combater alguma coisa – heresia, situação disciplinar ou cisma”, mas o Vaticano II (1962-1965) “surgiu para a Igreja perceber quem é e para dizer-se a si própria”, continuando “hoje a haver passos a dar nesse sentido”.
A assembleia, convocada a 25 de dezembro de 1961 pelo Papa João XXIII e iniciada a 11 de outubro do ano seguinte, nasceu de “grandes movimentos” de renovação no interior do catolicismo que amadureceram ao longo de décadas, como o “litúrgico, bíblico e ecuménico”, lembrou.
“Sob o ponto de vista teológico não estamos de maneira nenhuma perto da inovação que sucedeu aquando do Vaticano II. Eu pediria mais estilo à investigação e só então surgiria a oportunidade de um novo Concílio”, salientou o sacerdote, que também é médico.
O “grande desafio” do encontro que terminou a 8 de dezembro de 1965 “continua a ser o ‘aggiornamento’, ou seja, o que os católicos têm a dizer sobre a realidade em termos de linguagem, enraizamento e leitura dos sinais dos tempos”, realçou.
“Como poderemos receber o Concílio como um desafio para sermos mais Igreja?” é a pergunta que originou este conjunto de colóquios, explicou o responsável, que pretende ver os católicos a anunciar a mensagem cristã “não só por palavras mas também por gestos”.
A primeira sessão realizou-se esta segunda-feira com a presença de 100 pessoas, que assistiram ao documentário francês “Vaticano II: imagens e testemunhos”, seguido de um comentário de Paulo Fontes, investigador do Centro de Estudos de História Religiosa da Universidade Católica Portuguesa (UCP).
O próximo encontro, ‘Aggiornamento: que aprendemos com o Concílio quanto ao «estilo» de ser Igreja, hoje?’, por Alfredo Teixeira, docente da Faculdade de Teologia da UCP, decorre na próxima segunda-feira, e a 23 de janeiro José Eduardo Borges de Pinho, professor catedrático da mesma instituição, fala das ‘Chaves de leitura do Concílio’.
A iniciativa termina no dia 30 com o tema ‘Vaticano II: memórias e ecos’, uma conversa entre António Marujo, jornalista especialista em assuntos de religião, e Olga Pinheiro e João Lamas, “adultos ao tempo do Concílio e que têm agora cerca de 80 anos”, referiu o pároco.
Olga Pinheiro vai contar como é que a renovação conciliar influenciou a paróquia de Santa Isabel, enquanto João Lamas recordará os acontecimentos ocorridos na passagem de 1972 para 1973 na Capela do Rato, em Lisboa, quando as celebrações pela paz provocaram a prisão de alguns dos participantes e tiveram repercussões políticas e eclesiais.
RJM/LFS

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