26/06/2012

Europa precisa de ‘urgência-urgentíssima’


por Thaís Herédia

Quanto mais longe de uma solução pragmática, mais radicais ficam as ideias e propostas para tentar salvar o euro. A coisa está tão feia que uma pesquisa feita por um instituto alemão, o Sentix, revelou que mais da metade dos investidores, dos mil entrevistados, acredita que alguém vai deixar o euro nos próximos 12 meses.
Essa expectativa negativa foi alimentada pela piora da crise nos últimos dois meses, mas o impressionante é saber que,  pela pesquisa, o segundo “candidato” a deixar a união monetária depois da Grécia seria a Alemanha, com 5,25% dos votos. Logo ela, considerada a vizinha mais rica e mais forte dos países que estão sofrendo.
O contágio mais temido agora é o dos saques bancários. Na Espanha, Itália e Grécia isso já está acontecendo, segundo a imprensa local. Na Grécia, estima-se que houve saque de mais de € 700 milhões antes das últimas eleições. A evolução da crise neste caminho é o centro da preocupação de muitos economistas.
O que se espera agora é que “alguém” – pode ser o Banco Central Europeu, o FMI, a União Europeia, quem mais puder ou tiver coragem – dê garantias aos depósitos bancários, com urgência-urgentíssima (redundância inventada pelo nosso Congresso para projetos que precisam ser votados rapidamente).  Só lembrando que o BCE já injetou € 1 trilhão nos bancos da região, mas parece não ser suficiente, não para este propósito específico.
O sinal de “terra à vista” pode surgir (deveria) ao final desta semana, na Cúpula da União Europeia. Mas o ceticismo com o encontro dos 27 países membros já está afetando o desempenho dos mercados.
Em outubro do ano passado, o megainvestidor George Soros escreveu um artigo enumerando 7 ações capazes de reverter a situação.  Em resumo básico, Soros aconselhava europeus e investidores a aceitarem perdas, a dividirem a conta concordando que quem tem mais dinheiro em caixa contribui com mais, e a estabelecerem metas possíveis para os países em dificuldade.
Eles toparam dividir a conta no caso da Grécia, considerada periférica na comunidade europeia, mesmo com poder de contágio importante. Está difícil encontrar a mesma saída para países centrais como Espanha e Itália, com a resistência imbatível da Alemanha.
Sobre as metas possíveis, essas estão cada vez mais impossíveis de serem adotadas, porque elas deveriam passar por menos austeridade e mais crescimento das economias, como parte da solução.
A “urgência-urgentíssima” bem que poderia ser adotada pelos europeus na cúpula desta semana. Não que ela tenha resolvido muitas coisas para nós aqui no Brasil mas,  como já dizia o nosso anti-heroi Odorico Paraguaçu, “vamos botar de lado os entretantos e partir para os finalmentes”.

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