Natasha Pitts
Jornalista da Adital
Adital
A organização ambiental internacional Greenpeace está fazendo um alerta para os prejuízos que a nova semente de soja transgênica, resistente à seca e a solos salitrosos irá causar aos bosques do Chaco argentino e a regiões como a Patagônia, que podem ser ocupadas por plantações transgênicas. A pesquisa da Universidade Nacional do Litoral (UNL) e do Conselho Nacional de Investigações Científicas e Tecnológicas (Conicet) recebeu elogios por parte da presidente Cristina Kirchner.
Greenpeace teme que a expansão das plantações de transgênicos possa aumentar ainda mais o desmatamento, sofrido pela Argentina desde 1990, quando tiveram impulso as obras de infraestrutura e quando as sementes transgênicas começaram a ser inseridas no país.
"Se não se adota uma política que proíba de forma total os desmontes, esta semente transgênica implicará no fim dos últimos bosques nativos chaquenhos, já que permitirá realizar agricultura nas zonas de bosque onde chove muito pouco e que possuem solos salitrosos. Além disso, fomentará a sojização de novas regiões como a Patagônia”, alertou Hernán Giardini, coordenador da Campanha de Bosques do Greenpeace.
Apoiada em dados da Secretaria de Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Nação, Greenpeace afirma que entre 1998 e 2006 a superfície desmatada foi de 2.295.567 hectares, o que significa 280.000 hectares por ano ou um a cada dois minutos.
Além do desmatamento, a crescente utilização de agrotóxicos como o glifosato preocupa a organização. O uso de herbicidas pode causar nas pessoas problemas reprodutivos, neurológicos, defeitos de nascimento, câncer, além de outros problemas que podem ser contraídos por quem está exposto diretamente ao tóxico. As plantas também sofrem e podem ter afetada sua capacidade de se nutrir, além disso, as águas superficiais e subterrâneas podem ser contaminadas.
"Os resultados da expansão da soja transgênica em nosso país estão à vista: a fronteira agrícola avançou sobre os bosques nativos, aconteceu uma importante perda da diversidade, milhares de famílias campesinas e indígenas foram desalojadas, se concentrou a posse da terra e aumentou exponencialmente o uso de agroquímicos provocando efeitos nocivos para a saúde humana e o meio ambiente”, apontou Hernán Giardini.
Comercialização e lucros
Um convênio firmado pela UNL e o Conicet com a empresa estadunidense Arcadia Biosciences e a argentina Bioceres, detentora da patente do gene HAHB-4, usado nos cultivos para enfrentar a seca sem diminuir a produtividade, vai permitir que a nova semente transgênica seja comercializada em breve e inserida não apenas no mercado argentino, mas em todo o mundo. A expectativa é de que em 2014 ou 2015 o novo produto já esteja sendo comercializado.
Em ato realizado na terça-feira (28), em Tecnópolis, a presidente argentina Cristina Kirchner, por meio de vídeo-conferência, destacou a descoberta como "um grande acontecimento” para a Argentina e falou sobre as importantes regalias que a venda da patente poderia gerar. A mandatária acredita que os rendimentos serão de 75 milhões de dólares, somente pelo produzido no país. Com a comercialização para outros países, os rendimentos para UNL e Conicet poderiam chegar a u$s 2.500 milhões ao ano.
A patente da nova semente transgênica foi outorgada na Argentina, Índia, Estados Unidos, México e Brasil, principais nações produtoras de soja. O uso alimentício do produto também poderá ser aprovado na União Europeia e no Japão.
Nenhum comentário :
Postar um comentário