Alta de 7,6% no segundo trimestre é a mais baixa registrada desde o primeiro trimestre de 2009, quando o mundo vivia o ápice da crise econômica global
Homem em triciclo leva criança pelas ruas de Pequim, na China. País registra menor crescimento desde 2009 (Soo Hoo Zheyang/Reuters)
O Produto Interno Bruto (PIB) chinês cresceu 7,6% no segundo trimestre, o mais baixo patamar desde os primeiros três meses de 2009, no auge do impacto da crise financeira global. Analistas acreditam que a economia vai reagir nos próximos meses e apontam para o crescimento acima do esperado do volume de crédito bancário em junho. Mesmo que isso ocorra, a expansão de 2012 dificilmente ficará acima de 8%, no que será o menor índice em mais de uma década.
O número representa uma desaceleração de 0,5% sobre o índice de janeiro a março (8,1%) e marca o sexto período consecutivo no qual o crescimento trimestral do gigante asiático sofre redução.
No primeiro semestre de 2012, o PIB chinês totalizou 22,7 trilhões de iuanes (3,55 trilhões de dólares), um crescimento anualizado de 7,8%, próximo ao objetivo de alta de 7,5% que o regime comunista marcou para todo este ano.
Alguns economistas sustentam que a situação é ainda pior do que a refletida nas cifras oficiais. Mark Williams, da Capital Economics, estima que a alta do PIB do segundo trimestre ficou ao redor de 7%, 0,6 ponto porcentual abaixo do índice divulgado ontem. A consultoria elabora seu próprio indicador de crescimento da China, com base em uma série de dados de atividade, como transporte de carga e consumo de energia elétrica.
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Os resultados costumavam ficar em linha com os oficiais, mas a situação mudou no primeiro trimestre de 2012, quando o governo anunciou expansão do PIB de 8,1%. Para a Capital Economics, a alta foi de 7,6%. Mas Williams espera uma reação no segundo semestre do ano. A elevação do crédito é o primeiro sintoma de que haverá aumento de investimentos, que continuam a ser o principal motor da economia chinesa.
O volume de financiamentos concedidos pelos bancos teve alta de 16%, para 919,8 bilhões de yuans (295,1 bilhões de reais), bem acima da média de 880 bilhões de yuans esperados por economistas entrevistados em pesquisa da agência Bloomberg. O resultado do segundo trimestre marca o sexto período consecutivo de desaceleração do PIB da segunda maior economia do mundo, que se tornou a principal fonte de crescimento global depois da crise que se abateu sobre os países ricos a partir de 2008.
A perda de fôlego do país se acentuou a partir de abril, com deterioração de todos os indicadores - do comércio exterior à produção industrial. Em maio, o governo anunciou medidas de estímulo à economia, bem mais tímidas do que o megapacote anunciado em novembro de 2008, que garantiu a expansão chinesa em meio à recessão global. Pequim decidiu acelerar a aprovação de projetos industriais e de infraestrutura, incluindo investimentos de 133,7 bilhões de yuans (42,9 bilhões de reais) em duas siderúrgicas com capacidade para produzir 19,2 milhões de toneladas de aço por ano, o equivalente a mais da metade das 35 milhões de toneladas fabricadas no Brasil.
No dia 7 de junho, o Banco do Povo da China realizou o primeiro corte de juros desde o fim de 2008. Nova redução foi anunciada menos de um mês depois, no dia 5 de julho, em um sinal de que as medidas de estímulo adotadas até então não estavam surtindo o efeito desejado.
(Com Agência Estado)
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