11/08/2012

Fortificar os laços



Texto Opinião | Luís Marurício | Foto Ana Paula | 11/08/2012 | 11:00
Um jovem missionário está a tirar um curso sobre novas tecnologias de comunicação
IMAGEM
Contou-me que um professor apresentou uma estatística que comprova que apenas comunicamos, com maior frequência, com cinco a oito pessoas da longa lista de contatos que temos nos nossos telemóveis, e-mails e redes sociais. Estes poucos mas frequentes contatos chamam-se «laços fortes». Os muitos outros das nossas infindáveis listas fazem parte do universo dos «laços fracos».

Esta distinção tão desproporcionada levou-me a uma reflexão profunda sobre o valor das minhas relações interpessoais, a partir da minha lista de contatos e das comunicações que faço com frequência. Pegando na minha enorme lista, descobri que são apenas sete as pessoas com quem comunico semanalmente. São muitas aquelas com quem o faço de modo esporádico. As pessoas que fazem parte do círculo dos meus sete «laços fortes» são aquelas com quem mantenho um relacionamento afetivo e familiar de amizade. Com elas alimento uma forte ligação de trabalho e de projetos. O resto do meu grande e variado universo de contatos são pessoas que vou conhecendo, por diversos motivos, com quem vou tecendo a grande rede de experiências que constroem a vida.

Laços fortes
As pessoas que pertencem ao grupo dos laços fortes são uma espécie de pilares seguros, em quem me apoio. Geralmente conhecem as minhas forças e fraquezas, as tristezas e alegrias, as capacidades e potencialidades do meu ser. Com elas tenho a possibilidade de sonhar, projetar e partilhar um pedacinho da minha vida simples e complexa. 

As minhas decisões dependem muito do parecer e sentir dessas pessoas porque, na realidade, há um laço forte que me une a elas. Significa que há entre nós um conhecimento mútuo. Dito de outro modo, as pessoas que fazem parte dos laços fortes são aquelas com quem podemos contar sempre.

Laços fracos
As pessoas que fazem parte dos meus “laços fracos” sejam mais ou menos conhecidas, mais ou menos próximas, também são importantes para o meu crescimento e desenvolvimento pessoal. Ficarmos só com os “laços fortes” pode segregar-nos da imensa aventura de viver e conhecer o novo e diferente. Geralmente os que vivem em grupos fechados, que são muito seletivos e elitistas, superlativam os “laços fortes” e instrumentalizam os “laços fracos” segundo os próprios interesses. Laços são laços e todos acabam por servir para costurar a dinâmica da nossa existência. O importante é não deixar de valorizar tanto uns como outros.

Laços que incluem
Na medida que caminhamos e fazemos história, vamos criando laços. Estes laços garantem uma conexão entre o “eu” pessoal e um “tu” diferente. Chegar ao “nós” comunitário torna-se o grande desafio nesta aventura de construir o mundo, marcando a diferença. Hoje mais que nunca, é urgente “fortificar” os laços que constroem, em detrimento dos laços interesseiros que destroem. Hoje mais que nunca, é obrigatório criar novos laços com aquilo que nos é diferente e novo, para podermos construir a verdadeira civilização do Amor.

Não posso deixar de pensar naquele grande Homem de Nazaré, que um dia teve a coragem de abrir as portas do seu pequeno mundo de laços fortes para incluir os conhecidos e desconhecidos que faziam parte dos seus laços fracos. Pois, quando os seus discípulos lhe disseram “a tua mãe e os teus irmãos procuram-Te”, Ele não hesitou em responder: “A minha mãe e os meus irmãos são aqueles que fazem a vontade do meu Pai”. Deste modo, nascia um novo paradigma nas relações humanas onde o Infinito é a “pedra de toque”.

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