Rapaz sofre da mesma síndrome que matou parentes, mas tem vida normal.
Pai conta que não espera morte e crê que será cumprida a "ordem natural".
O policial civil aposentado e advogado Valmir Antônio da Silva, 52, vive em Limeira (SP) com o filho Valmir Antônio da Silva Júnior, 30. O rapaz tem deficiência intelectual e sofre da distrofia de Steinert, doença hereditária que degenera todos os músculos do corpo e que causou a morte da mãe (há três anos), da irmã (há dez meses) e de cinco tios.
Silva cuida sozinho do filho e atua não só como pai e mãe, mas como tio, amigo, irmão e avô, pois é o único familiar vivo de Júnior. "Hoje em dia somos eu e ele o tempo todo. Mas nem sempre sou eu quem cuida. Ele também é meu consolador nos momentos de dor, me ampara e me dá forças da mesma forma que eu faço para ele", contou o advogado.
Durante a semana, Júnior estuda e trabalha na Associação de Reabilitação Infantil de Limeira (Aril) reciclando jornais e montando equipamentos em uma fábrica instalada no local. Silva exerce a advocacia, mas fica alerta para qualquer urgência. "Tem situações de eu estar em uma audiência e ligarem falando que meu filho está com alguma dor ou problema. Eu paro o que estiver fazendo e saio de onde estiver para ir auxíliá-lo. Ele é a minha prioridade", disse.
Diferente da mãe e da irmã, que só desenvolveram a doença na idade adulta, Júnior nasceu com a distrofia e a deficiência mental. Ele tem dificuldades para se locomover, problemas renais e cardíacos. Há três anos, fraturou o fêmur e as dificuldades para caminhar se agravaram.
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CotidianoDesde que nasceu, Júnior foi criado sem qualquer diferença em relação a outras crianças. "Nós o alfabetizamos até onde foi possível e ele aprendeu também a operar máquina calculadora", disse o pai. Em casa, a dupla se diverte com dominó e jogos de tabuleiro, além de compartilharem a paixão pelo São Paulo Futebol Clube.
Sempre que podem, pai e filho vão ao estádio do Morumbi, em São Paulo (SP) para ver os jogos do time do coração. "O estádio tem uma área apropriada para deficientes físicos e nós entramos com o carro dentro do Morumbi. Ele se sente 'o dono' do estádio e ainda ama o Rogério Ceni (goleiro da equipe)", completou Silva.
Relação
A doença de Júnior não é vista pelo pai como um problema ou algo trágico e ele também refuta a possibilidade de perder o filho. "Eu não quero que a ordem natural da vida seja quebrada e o pai enterre o filho. Eu quero ficar velho e morrer antes dele. Não é incômodo, não tem nada de fardo na minha vida. Ele veio me melhorar como ser humano. Se a gente vem para esse mundo aprender alguma coisa, eu aprendi muito", completou o pai.
A doença de Júnior não é vista pelo pai como um problema ou algo trágico e ele também refuta a possibilidade de perder o filho. "Eu não quero que a ordem natural da vida seja quebrada e o pai enterre o filho. Eu quero ficar velho e morrer antes dele. Não é incômodo, não tem nada de fardo na minha vida. Ele veio me melhorar como ser humano. Se a gente vem para esse mundo aprender alguma coisa, eu aprendi muito", completou o pai.
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