17/11/2012

«A vida precisa de relação»



Texto Francisco Pedro | Foto Ana Paula | 17/11/2012 | 10:45
Gianfranco Ravasi, cardeal e João Lobo antunes, neurocirugião
O presidente do Conselho Pontifício da Cultura, cardeal Gianfranco Ravasi, disse esta sexta-feira à noite, em Guimarães, que a sociedade precisa de fomentar o encontro pessoal e voltar às grandes interrogações sobre o sentido da vida e do mudo
IMAGEM
O cardeal Gianfranco Ravasi, presidente do Conselho Pontifício da Cultura (CPC), desafiou a juventude em particular e a sociedade em geral, a recuperarem a riqueza da relação pessoal, feita do encontro através do olhar e não apenas por intermédio das novas plataformas tecnológicas. Na sua intervenção no «Átrio dos Gentios», esta sexta-feira à noite, em Guimarães, o membro da Cúria Romana disse também que o mundo tem necessidade de voltar às profundas interrogações sobre a vida. 

«O elemento fundamental da mente é a pergunta e uma das tragédias do nosso tempo é que as grandes perguntas já não se coloquem», afirmou o cardeal durante o debate sobre «O valor e o sentido da vida de cada ser humano» com o neurocirurgião João Lobo Antunes, que encheu o Grande Auditório da Universidade do Minho. 

O presidente do CPC considera que o primeiro símbolo da vida humana é a relação e, nesse sentido, alertou os jovens mais absorvidos pelas formas de comunicação virtuais para o perigo de estarem a perder uma componente fundamental da humanização: «o diálogo dos rostos». «A vida precisa de relação», porque «o eu e o tu constrói-se através do olhar», afirmou Ravasi. 

Especialista em Bíblia, o cardeal incitou ainda os crentes e não crentes a refletirem sobre a mensagem do Evangelho. «A Bíblia é uma lâmpada para os passos no caminho da vida, o grande vocabulário da cultura ocidental, a estrela polar da nossa cultura», sublinhou. 

Já João Lobo Antunes recordou uma pergunta feita pelo neto de 13 anos, sobre o «significado da vida», para referir que, na sua opinião, «a vida só faz sentido se for digna de ser vivida». O neurocirurgião lamentou ainda a existência de uma cultura de «ruído», que dificulta o «mergulhar no silêncio». 

Antes do debate, o arcebispo de Braga e anfitrião do «Átrio dos Gentios», Jorge Ortiga, disse haver hoje um novo paradigma social, em que a economia se «sobrepôs» à dignidade da «vida humana». Para o prelado, é tempo de «mobilizar as diversas sensibilidades culturais na procura de horizontes de vida, que mitiguem o escândalo confrangedor da miséria humana», sendo o projeto criado pelo Vaticano para promover o diálogo entre crentes e não crentes um possível sinal de «esperança responsável para o povo português», acrescentou.

Nenhum comentário :

Postar um comentário