ENVIADO ESPECIAL A PAULÍNIA (SP)
O sol castiga a rua de barro da vila de Serra Pelada. Três cães vira-latas passeiam sem a menor preocupação. Não há ninguém para espantá-los da Barbearia Galante ou do Galpão dos Bamburrados, termo que batiza os mineradores mais abastados do garimpo.
Nem para expulsá-los do açougue. Parece estranho que os filés pendurados ali não atraiam os cães.
É que os animais, claro, sabem que nada daquilo é real.
Estamos no set de filmagens de "Serra Pelada", maior esperança do cinema brasileiro em ter um novo blockbuster de ação em 2013.
A cidade cenográfica, erguida em um terreno cedido por uma empresa de construção de aterros sanitários, é de um realismo chocante.
Gravações do filme "Serra Pelada"
A atriz Sophie Charlotte aguarda take das gravações de cena do longa metragem 'Serra Pelada', de Heitor Dhalia, em Paulínia, interior de Sao Paulo
Mineradores sujos deitam em redes armadas em dezenas de barracas. Moscas disputam espaço com câmeras. Só faltam arbustos secos rodando ao vento para o clima de Velho Oeste ficar perfeito.
A produção quase se perdeu nesta busca pelo real. Com orçamento de R$ 10 milhões e direção de Heitor Dhalia ("À Deriva"), o longa seria rodado no interior do Pará.
A ideia era a de levantar a vila fictícia ao lado de uma ex-cava de mineração, perto da verdadeira Serra Pelada, maior garimpo a céu aberto do mundo nos anos 1980.
O cenário do filme, no entanto, acabou sendo erguido nos arredores de Paulínia, a 120 km de São Paulo.
Folha de S. Paulo
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