A combinação das técnicas de teatro, dança e música vem conquistando cada vez mais o espectador cearense. Elas formam a base estrutural do musical, gênero que há mais de dez anos incluiu o Brasil na rota do circuito Broadway, um dos mais apreciados pelo público. Por aqui, o mercado de produção e circulação de musicais é ainda pequeno, mas relevante. Grupos mantêm a produção ativa como podem, contando com o empenho incondicional dos artistas e o crescente interesse do público.
A atriz Manoela Elias transformou seu gosto pelos espetáculos musicados em profissão. Aluna da graduação em Belas Artes, da Universidade de Fortaleza (Unifor), ela decidiu apresentar o trabalho de conclusão de curso em forma de espetáculo. Assim, surgiu a adaptação de O Despertar da Primavera (Spring Awakening, 2006), peça homônima de Frank Wedekind, remontada pela primeira vez no Brasil por Charles Möeller e Claudio Botelho. A produção, que lotou a plateia do Teatro Celina Queiroz, reestreia hoje e segue pelos finais de semana de novembro, no Sesc Emiliano Queiroz.
Para desviar de um trabalho que impressionasse unicamente pelo virtuosismo, Manoela optou por uma peça de enredo mais profundo, com cenário minimalista, poucas trocas de roupa e maquiagem simples. O elenco, formado por amigos que tinham alguma identificação com o projeto, foi trabalhado de modo que os níveis de atuação estivessem minimamente equiparados. O resultado foi a criação do Múltiplos - Núcleo de Estudos e Pesquisa em Teatro.
O espetáculo agradou. No último domingo, a plateia do teatro da Unifor estava preenchida e muitos dos espectadores acompanhavam as letras das canções. “Alguns dos atores deram até autógrafo no final. Foi muito especial”, orgulha-se a diretora, que faz às vezes de maquiadora e assistente de direção do grupo Ás de Teatro. O coletivo possui extenso currículo que inclui sucessos como Companhia (adaptação do sucesso The Company), Você Não Consegue Parar (versão de Hairspray) e Audições Abertas (inspirado em A Chorus Line). O Grupo Ás de Teatro surgiu em 2004, por alunos dispostos a trabalhar atuação, canto e dança. O desafio, ele reconhece, passa por diversas instâncias.
Apoio e estrutura
“A principal dificuldade é a falta de estrutura de um teatro que receba essas produções. Segundo é a falta de apoio, seja ele público ou privado. Por fim, a dificuldade de convencer o espectador a pagar um preço justo pelo ingresso. Se eu baixo o preço, não pago a produção do espetáculo”, calcula Glauver, que manteve em cartaz por três anos o musical Você Não Consegue Parar, levando mais de três mil pessoas ao teatro. O próximo, que já está em fase de produção, será Prometemos não Chorar – Um musical brega, o primeiro espetáculo musical com os direitos autorais garantidos.
A formação é ainda um grande empecilho para a profissionalização de artistas interessados em trabalhar com musicais. O interesse é também primordial. “O grande problema é que as pessoas se deslumbram. Acham que são atores completos, mas as pessoas não se preparam. Faltam também cursos para a área. Você tem aulas de dança, de canto e de atuação separadas, mas a aula de balé para um espetáculo de dança não é a mesma coisa que dança pra musical”, explica André Lima Gress, fundador do grupo .COM de Teatro
Durante um intercâmbio realizado em Nova York, André participou de workshops e chegou a atuar em quatro espetáculos. Em janeiro, o ator retorna aos Estados Unidos para uma temporada de estudos na New York Film Accademy (NYFA), para um curso de direção para musicais. “A escola é referência internacional, pois já formou atores que trabalham em séries como Glee”, identifica André.
Serviço
O Despertar da Primavera
Quando: Hoje e amanhã, 18, e nos dias 24 e 25, às 20 horas
Onde: Sesc Emiliano Queiroz (Av. Duque de Caxias, 1701 – Centro)
Quanto: R$ 10 (inteira) e R$ 5 (meia)
Classificação: 14 anos
Outras info: 3452 909
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