17/12/2012

Exultemos de Alegria


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Cardeal Odilo Pedro Scherer
Arcebispo de São Paulo (SP)
O tempo do Advento avança e o Natal se aproxima. As novenas de Natal estão acontecendo. O tema da Novena da Arquidiocese neste ano é “Natal feliz é Natal com fé”. Nem podia ser diferente no Ano da Fé.
O Advento e o Natal fazem-nos celebrar e viver na liturgia alguns aspectos belos e fundamentais de nossa fé. Sobretudo, o Mistério do Deus Salvador, próximo de nós; do Filho de Deus que se tornou também homem, por obra do Espírito Santo no seio da Virgem Maria e nasceu, frágil criança, num determinado momento e lugar de nossa história e de nossa geografia.
Os personagens que estão relacionados com a vinda do Filho de Deus ao mundo e com seu nascimento nos dizem muito sobre nossa fé e sobre como vivê-la também hoje. Maria, José, Zacarias, Isabel, os pastores, os sábios ou “reis magos”, vindos do Oriente; também Herodes, que considerou o Deus Salvador uma ameaça para seu poder, suas ambições e vaidades.
Não somos os primeiros a serem surpreendidos pela inimaginável proximidade e condescendência do nosso Deus; daqueles que nos precederam na fé, aprendemos a acolher constantemente ainda hoje a “visita do nosso Deus”. E também aprendemos a não dar mau acolhimento, nem rejeitar o “Deus-conosco”, por medo que Ele estrague nossa vida. Ele só vem para nosso bem, para ser “uma grande alegria para todo o povo”, conforme anunciou o anjo aos pastores de Belém na noite do nascimento de Jesus.
A Liturgia do 2° Domingo do Advento nos convidou à alegria: “despe a veste do luto e da aflição, Jerusalém, e reveste os adornos da glória vinda de Deus ” (cf. Baruc 5,11). A exortação do profeta a Jerusalém, enlutada pela destruição e pela desolação geral, é também convite forte à humanidade de hoje, marcada por tanta dor, violência e injustiça, a acolher a ação salvadora de Deus e a se deixar conduzir pelos caminhos de seu reino, Alegria e paz podem substituir o desânimo e a desolação, contanto que o homem acolha a ação salvadora de Deus. Não há paz e verdadeira serenidade fora dos caminhos de Deus.
O Salmo 125 (“o Senhor fez conosco maravilhas; exultemos de alegria!”) continua a conclamar à alegria pelas maravilhas operadas por Deus em favor do seu povo. Coisas que pareciam impossíveis (“parecíamos sonhar!”) foram acontecendo porque Deus mostrou a sua misericórdia e veio ao encontro dos homens... Nunca falaremos o suficiente do “admirável Mistério” do Natal (“mirabile mysterium”). O que aos homens parecia impossível, não foi impossível a Deus, só porque “sua misericórdia é eterna e não conhece limites”!
São Paulo convida igualmente à alegria e à perseverança na fé (“rezo por vós com alegria” Fl 1,4) e pede que os fiéis levem até o fim a boa obra começada. Não basta ter iniciado bem o caminho. É preciso prosseguir até alcançar a meta, que é o “dia de Cristo”. O Ano da Fé nos recorda a importância da perseverança na fé, sem desvio e sem desânimo. Por vezes, o caminho pode se apresentar difícil e requer esforço e escolhas difíceis. O caminho de Deus não é sempre o mais fácil, mas é o mais verdadeiro e justo. Jesus mesmo deu  a entender que é um caminho “apertado”, cuja porta é estreita. Mas entrar por ela e prosseguir com Jesus à frente; é caminho que leva à vida e à alegria.
E é justamente dos “caminhos do Senhor” que nos fala João Batista no Evangelho: é preciso prepará-los, aplainar as vias esburacadas e endireitar as tortuosas... Somos nós que criamos dificuldades para o encontro com Deus; o Advento é um convite para tirar os obstáculos de nossos caminhos, para corrermos livres e desimpedidos ao enontro do Deus-que-vem.

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