Anna Cintra foi nomeada reitora, mas não ocupa cargo por decisão judicial.
Dom Odilo Scherer diz que não há ilegalidade na escolha e vai mantê-la.
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Grão-chanceler da Pontifícia Universidade Católica (PUC) de São Paulo, o cardeal Dom Odilo Pedro Scherer disse em entrevista aoG1, nesta sexta-feira (21), que a decisão de nomear a professora Anna Maria Marques Cintra à reitoria da universidade é irrevogável, pois não é ilegal.
Anna Maria tomou posse no dia 30 de novembro, mas atualmente não ocupa o cargo, "em respeito" à uma decisão judicial proferida pela 4ª Vara Cível de São Paulo na quarta-feira (19), que invalida seus atos como reitora, e prevê uma multa de R$ 10 mil para cada ato praticado, segundo a assessoria de imprensa da Fundação São Paulo, mantenedora da universidade.
A Fundação informou que Anna não precisaria ter deixado o cargo neste momento, porque ainda não houve a notificação oficial, mas o fez "por respeito à decisão da Justiça." A Fundação já recorreu da decisão, que deve ser julgada após o recesso do judiciário, no dia 7 de janeiro de 2013.
"É de competência do grão-chanceler fazer a nomeação. Decidi segundo critérios que me parecem convincentes. Mantenho minha decisão e não tenho por que alterá-la. Até haver demonstração de ilegalidade, que eu tenho certeza que não haverá, ela é irrevogável", afirma Dom Odilo.
A nomeação de Anna causou descontentamento entre os alunos que optaram em manter o reitor Dirceu de Mello no cargo, conforme resultado da consulta pública. Anna Maria era o terceiro nome da lista tríplice, porém o grão-chanceler tem autonomia, conforme previsto no estatuto, para fazer a escolha independente da preferência entre os estudantes. "Podia ter optado pelo segundo nome, ou pelo primeiro, mas eu escolhi o terceiro", diz dom Odilo.
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Para protestar, os alunos invadiram a reitoria no dia 13 de novembro - desocuparam no dia seguinte - e decretaram greve por mais de um mês. O movimento foi suspenso no dia 18 de dezembro, com a promessa de ser retomado no início de 2013, durante a primeira semana do calendário letivo, quando ocorre a recepção dos calouros.
Dom Odilo afirmou que encara com normalidade as manifestações de contrariedade ou desacordo em relação às decisões tomadas, porém tem suas ressalvas. "Seria muito bom se isso se mantivesse dentro de uma medida que é razoável, sem criar situações de desrespeito a pessoas, instituições e sem tornar inviável o funcionamento das próprias instituições da universidade, como é o fato de impedir a reitoria de funcionar ou o conselho superior de reunir. Espero que por fim a razão prevaleça, os ânimos voltem a serenar, e a PUC continue a trabalhar."
Questionado sobre a gestão do reitor anterior, Dirceu de Mello, dom Odilo diz que é passado, portanto não vai voltar a avaliar. "Não vou entrar em detalhes, mas eu via a necessidade de fazer uma mudança dentro da PUC."
O desafio da nova reitora Anna Maria, segundo o grão-chanceler, é sair de uma situação de crise e tensão para governar a PUC, ajudando-a crescer e a superar dificuldades administrativas pelas quais passa. "Outro desafio é fazer com que a PUC tenha sempre sua identidade própria. A PUC é uma universidade católica e isso não pode ser ocultado ou negado. Cabe a quem está a frente da universidade zelar por essa identidade."
Adequação
O 'boom' de universidades particulares, a grande oferta e a facilidade de acesso aos cursos, fez diminuir o número de alunos da PUC-SP ao longo dos anos, segundo dom Odilo. Para ele, a queda não inviabilizou os cursos, muito menos a qualidade, na qual preza, porém a universidade deve passar por uma "adequação." "O tempo vai dizer que tipo de adequação vai ter de ser dada."
O 'boom' de universidades particulares, a grande oferta e a facilidade de acesso aos cursos, fez diminuir o número de alunos da PUC-SP ao longo dos anos, segundo dom Odilo. Para ele, a queda não inviabilizou os cursos, muito menos a qualidade, na qual preza, porém a universidade deve passar por uma "adequação." "O tempo vai dizer que tipo de adequação vai ter de ser dada."
Para dom Odilo, é fundamental manter a qualidade do ensino e a credibilidade do diploma que é conferido aos estudantes. Ele vê como grande desafio da educação brasileira a qualidade do ensino fundamental e médio. "Não há país que possa pensar num futuro de progresso e bem-estar, de justiça social, sem investir maciçamente no ensino fundamental e médio, a base da formação de todos os cidadãos. O ensino superior merece atenção, mas é evidente que nunca estará acessível a todos."
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