Um sistema que tem como objetivos: levar nutrientes para às células, fazer “comunicação” unindo em rede todo o nosso organismo, regular a temperatura corporal e defender-nos contra às doenças.
Uma boa vitalidade e uma boa saúde, conseguem-se na medida em que o nosso corpo deixa fluir o sangue pelo caudal venoso e arterial de modo harmonioso, dinâmico e com as “provisões” necessárias para este fim. Um dos problemas arteriais mais frequentes é aquele onde a corrente sanguínea se torna “lenta e pesada” devido às substâncias nocivas que vão lentamente ocupando lugares privilegiados na composição do sangue. São um fator determinante na avaliação do equilíbrio e do bem-estar de uma pessoa.
O triste e doloroso desta situação é quando o próprio sangue começa a criar ou a transportar elementos autodestrutivos, provocando o bloqueio dos caminhos e percursos que servem para irrigar vida e fechando de modo catastrófico o circuito que abre ao intercâmbio e à partilha com o resto dos sistemas do corpo humano. O ator principal deste filme é o “famoso colesterol alto” que tantos transtornos provoca em muita gente.
Não pretendo entrar no mundo da medicina; tudo isto, porém, vem ao encontro da analogia que vejo entre o fenómeno que sucintamente acabo de descrever e o maravilhoso mundo das relações interpessoais que geralmente se vivem num grupo, comunidade ou família que tem como meta a partilha de um mesmo ideal.
O colesterol das nossas relações
Enquanto o modo de nos relacionarmos for aberto e dinâmico, a boa energia e disposição que circula entre nós vai ser saudável. Ser aberto e dinâmico no mundo do encontro com “o outro” significa não ficar fechado à novidade que traz a diferença e deixar-se impelir pela força transformadora da mudança.
À semelhança dos nossos problemas circulatórios, quando decidimos ficar agarrados aos elementos que tornam a nossa vida mais pesada, mais lenta e sem ar de renovação, a perceção que temos das coisas e do outro acaba por ser sempre a mesma; não somos capazes de ver mudanças, só vemos rótulos predefinidos.
A rotina sem a procura “do novo” torna-se nociva, pois acaba por nos alienar num circuito viciado e pouco oxigenado. A situação complica-se ainda mais quando fomentamos atitudes que bloqueiam o nosso caminho do encontro com o próximo e vice-versa.
Eu chamo a isto o colesterol das nossas relações. O exclusivismo de só “este ou aquele” ou onde “só nós somos especiais” torna fechado e coloca em perigo de morte iminente qualquer grupo, família ou comunidade. Um grupo fechado é como uma artéria bloqueada; com a obstrução ocorre uma diminuição da quantidade de sangue rico em oxigénio que serve para fortalecer o coração. Um coração sem oxigénio origina “um ataque cardíaco”. Um grupo, comunidade ou família sem sangue novo, ideias novas e projetos novos ficam paralisados no fúnebre hábito da repetição sem sentido.
Receita para uma boa saúde grupal
Onde dois ou três se unirem no mesmo sonho, será preciso fazê-lo com a consciência de que, para que as coisas funcionem e deem frutos abundantes é essencial ter as “portas abertas”: as artérias do coração desbloqueadas de substâncias e atitudes mesquinhas que muitas vezes acabam por nos fazer adoecer.
Onde dois ou três estiverem reunidos, será preciso gerar comunicação e interligação entre os membros do grupo, entre o grupo e outros grupos, entre o grupo e o mundo, este grande organismo vivente do qual fazemos parte.
Onde dois ou três vivem reunidos, será preciso velar pelo calor humano baseado no respeito e na aceitação, calor que garante a temperatura certa para uma relação madura e equilibrada.
Onde dois ou três construírem juntos, será obrigatório fazê-lo unidos, puxando todos para o mesmo lado, reconhecendo a beleza e o mérito do trabalho do outro; neste bom e são ambiente não haverá doença sobre a face da terra que possa enfraquecer o espírito do grupo, família ou comunidade.
Fátima Missionária
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