Mais de 2 mil pessoas compareceram à Catedral Metropolitana de Fortaleza, na noite de ontem, para a Missa da Ceia do Senhor, uma celebração que marca o início do período pascal para a Igreja Católica. Durante a cerimônia, na hora do tradicional Lava-pés, o arcebispo de Fortaleza, dom José Antônio Aparecido Tosi Marques, lavou os pés de 12 jovens, escolhidos em atenção à Jornada Mundial da Juventude (JMJ), que neste ano será no Rio de Janeiro.
Entre os jovens escolhidos estavam estudantes, universitários, integrantes de grupos de jovens e da comunidade. Sentados ao altar, um a um, tiveram os pés lavados pelo arcebispo de Fortaleza FOTO: TUNO VIEIRA
Entre os jovens escolhidos estavam estudantes, universitários, integrantes de grupos de jovens, da comunidade e dos mais variados níveis. Sentados ao altar, um a um, tiveram os pés lavados pelo arcebispo de Fortaleza. O rito também faz menção à Campanha da Fraternidade deste ano, com o tema "Fraternidade e Juventude".
A movimentação de fiéis foi grande logo cedo. A meia hora do início da celebração, a igreja já estava praticamente lotada, o que não foi motivo de desânimo para os presentes, que chegavam munidos de cadeiras ou banquinhos já prevendo a lotação. Muitos tiveram que sentar no chão para assistir a cerimônia.
Dom José Antônio explicou que através dessa celebração a igreja recorda e revive a última ceia que Jesus Cristo celebrou com seus apóstolos, tudo o que foi feito por Ele durante a ceia e o mandamento do amor deixado como lição especial: a lavagem dos pés dos discípulos. "É isso que nós recordamos, a lição dele, o mandamento dele, a própria eucaristia que Jesus instituiu transformando o pão e o vinho, o corpo e o sangue dele, e deixando isso para ser repetido", destacou.
No início da celebração eucarística, o arcebispo chamou atenção dos fiéis para que reconheçam os pecados e renovem diante de Deus o pedido do perdão, prometendo a ele uma mudança de vida para que possam estar em plena comunhão com o Senhor, e para, assim, responder ao desejo de Cristo. "Como ele disse aos seus 12 discípulos na primeira Ceia Santa celebrada por ele: desejei ardentemente comer convosco essa Páscoa, e é assim que Jesus está dizendo a nós hoje", ressaltou o arcebispo.
Cuidados
Durante a homilia, dom José Antonio explicou que a cerimônia do Lava-pés significa o ato de servir os irmãos, servi-los em tudo o que for necessário, assim como cuidar daqueles que precisam ser cuidados.
"Dentro da ultima ceia, despedida de Jesus antes da sua paixão e morte, ele lava os pés dos seus discípulos. Lavar os pés significa servir, estar a disposição para ir em socorro da necessidade do outros. Jesus lavou os pés dos seus discípulos porque estavam chegando para uma ceia e viu pela escada que os pés estavam sujos, mas Jesus quis lavar os pés para significar mais do que isso. Ele quis lavar os pés para criar um relacionamento de intimidade que faz ter parte um com outro", explicou.
Para o missionário Ângelo de Farias, 33, a celebração significa um chamado de Deus a ele como pessoa, mostrando Jesus Cristo com toda a sua humildade. "É um chamado para me colocar a serviço dos meus irmãos", acrescentou. A gerente de loja Hugolina de Carvalho, 54, compartilha do que foi colocado pelo arcebispo na celebração, e acredita que as pessoas precisam ficar mais próximas dos seus semelhantes. "É aquilo que o próprio Cristo nos ensinou, viver para o amor. Hoje o mundo está cheio de contradições e a grande promessa que ele deixou para nós foi o amor", disse.
A estudante Raiane Sousa, 16, diz estar presente em homenagem a vida que Jesus deu a cada um de nós, e acredita que apesar dos jovens estarem mais envolvidos no mundo cristão, muitos precisam ter mais fé. "Eles precisam se entregar verdadeiramente ao Senhor", opina.
Renato Bezerra
Especial para Cidade
SAIBA MAIS
PROGRAMAÇÃO na CATEDRAL
29 de Março - Sexta-Feira
9h Celebração das Horas
15h Celebração da Paixão e Morte, presidida por dom José Antônio Aparecido Tosi Marques, arcebispo de Fortaleza
30 de Março - Sábado
9h Celebração das Horas
20h Solene Vigília Pascal, presidida por dom José Antonio
31 de Março - Domingo
18h30 Missa Solene, seguida de Procissão
Fiéis participam da Bênção dos Óleos na Arquidiocese
Além da Bênção dos Três Óleos - Catecúmenos, Enfermos e Crisma - também foi realizada a renovação das promessas sacerdotais de 235 padres FOTO: JOSÉ LEOMAR
Milhares de católicos lotaram a Arquidiocese de Fortaleza, na manhã de ontem, durante a Missa do Crisma e da Unidade, também conhecida como Missa dos Santos Óleos. Os fiéis cantaram e se emocionaram nas duas horas de celebração. Na oportunidade, além da Bênção dos Três Óleos - Catecúmenos (Batismo), Enfermos e Crisma - também foi realizada a renovação das promessas sacerdotais de 235 padres.
De acordo com o arcebispo dom José Antônio Tosi, o momento foi para reviver a raiz da vida, da fé, na qual a Igreja se reúne na Arquidiocese, antes da celebração do Tríduo Pascal, em que relembra a morte, sepultamento e ressurreição de Jesus Cristo. "Este amor, na mesma fé, reúne a família de Deus. Jesus vive ressuscitado na comunhão da família. Esta celebração é um resumo de tudo o que foi vivido durante a Quaresma. Por isso nos reunimos e depois se celebra o Tríduo nas comunidades".
Em seu discurso, o padre destacou a importância dos óleos. Segundo ele, o do Catecúmeno é para quem vai se batizar. "Para vencer o pecado. É a vitória contra o mal". Já o dos Enfermos representa a força do Jesus Ressuscitado, que levou para si o sofrimento humano. "Pede o conforto na fraqueza física". Enquanto o da Crisma é preparado de modo especial para a consagração do dom do Espírito Santo. "Sacramento da ordem de bispos e presbíteros. Nele, será colocado perfume, que será símbolo do Espírito Santo para contagiar a humanidade. É o óleo da alegria", afirmou.
Dias santos
O Tríduo Pascal é o conjunto dos três dias celebrados no Cristianismo, composto pela Quinta-Feira Santa, Sexta-Feira Santa e Vigília Pascal, véspera do Domingo. Este último dia já não faz parte do Tríduo Pascal. É celebrado em memória da Paixão, morte e ressurreição de Jesus, conforme os evangelhos. "A humildade é um importante sentimento reconhecido por Jesus. O Senhor reconhece os humildes, age, então, explode com o anúncio do testemunho da vida", disse o arcebispo sobre o de domingo.
Outro momento importante foi a Renovação das Promessas dos padres. "Nós temos que agradecer a Deus, porque Ele escolheu homens e consagrou de modo especial o sacramento da ordem. Essa renovação é o compromisso dos sacerdotes conosco e com o povo, para não deixar seu rebanho sem pastor".
Para o padre Fernando Barbosa, da Paróquia de Nossa Senhora dos Remédios, no Benfica, essa renovação "representa o compromisso sacerdotal na missão de Jesus e como participantes da construção do reino de Deus".
A celebração contou com a presença de devotos de várias cidades do Interior do Estado, como a aposentada Eudócia Lopes, 62, de Redenção. "É um encontro muito importante. Não só pela bênção dos óleos, como pela participação dos padres". Para a pedagoga maria Maglene Pinto, 40, é uma oportunidade única vivenciar a missa. A estudante Maria Olinda, de 17, de Caucaia, sempre acompanha a mãe nas celebrações e destacou o sentido da renovação.
FIQUE POR DENTRO
As tradições relacionadas à Semana Santa
Não se sabe com precisão como e quando teve início a bênção conjunta dos três óleos litúrgicos, realizada tradicionalmente em todas as Quinta-feira Santa. Em locais fora de Roma, esta bênção acontecia em outros dias da Semana, como no Domingo de Ramos ou, ainda, no Sábado de Aleluia.
O motivo de se fixar essa celebração na Quinta-feira Santa deve-se ao fato de ser este último dia em que é realizada missa antes da Vigília Pascal, já que na Sexta-Feira Santa, por ter sido o dia da morte de Jesus Cristo, a Igreja Católica não faz nenhuma missa, apenas a Celebração das Horas, que é a Celebração da Paixão e Morte do Senhor.
Diário do Nordeste
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