30/04/2013

Síria: «Sequestros são uma chaga»

MUNDO
Bispo de Aleppo
Texto Francisco Pedro | Foto AIS | 30/04/2013 | 12:14
Antoine Audo, bispo caldeu de Aleppo
O sequestro dos dois bispos ortodoxos na Síria, dos quais ainda não há notícias, foi apenas mais um entre os cerca de 2.000 registados no país, desde o início da guerra civil. Um flagelo que se transformou num «bom negócio» para os grupos armados
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Mais do que a religião, o motivo é o dinheiro. Segundo Antoine Audo, bispo caldeu de Aleppo, o «flagelo dos sequestros» que assola a Síria tem apenas uma finalidade: «a procura de rendimentos por parte dos gangues armados». Para estes grupos, a guerra civil transformou-se num «bom negócio», que atingiu já perto de 2.000 pessoas, vítimas de extorsão. O caso mais recente envolve dois bispos ortodoxos, sequestrados dia 22 de abril. A libertação dos prelados chegou a ser anunciada pelas agências internacionais, mas até agora não se confirmou. Desconhece-se também se já foi feito algum pedido de resgate. 

Antoine Audo conhece de perto muitos outros casos. Em declarações à agência Fides, relatou, por exemplo, a história de um cristão arménio que esteve em cativeiro três semanas. Foi libertado depois de pagar 11 mil euros e disse que o líder do grupo só queria o dinheiro e não estava minimamente preocupado com a ideologia ou religião do refém. Num outro caso, um sacerdote foi solto 11 dias depois do sequestro, mediante o pagamento de 76 mil euros, reunidos com dificuldade pelos familiares. 

«Temos um património de valores a defender, especialmente a unidade na diversidade de culturas e religiões. O conflito não é sectário ou confessional. Hoje há luto e violência. Há anos atrás, havia opressão do povo e as pessoas tinham uma liberdade apenas de fachada. Os valores que desejamos são liberdade e democracia, mas isso leva tempo para fazê-los amadurecer, para educar a população para dinâmicas democráticas e concentrar a vida no conceito de cidadania. Temos de sair dessa armadilha de ver o outro como ‘infiel’, no campo religioso, ou como um ‘traidor’, no campo político», afirmou o bispo, que é também o presidente da Cáritas Síria

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