Resultado do BC faz parte do primário do governo central
Por Luciana Otoni
BRASÍLIA - O superávit primário do governo central despencou quase 80 por cento em junho frente a maio, impactado pelo aumento das despesas do Tesouro Nacional, que subiram bem mais que as receitas, em um momento em que o governo tenta recuperar a credibilidade da sua política fiscal.
Em junho, o superávit do governo central --formado pelo Tesouro, Banco Central e Previdência Social-- ficou em 1,274 bilhão de reais, ante superávit de 5,959 bilhões de reais em maio, quando o resultado foi inflado por receitas extraordinárias, informou o Tesouro Nacional nesta sexta-feira.
O superávit do Tesouro Nacional no mês caiu 49 por cento em relação a maio, para 4,527 bilhões de reais, enquanto o déficit da Previdência subiu 5,9 por cento, para 3,179 bilhões de reais.
No mês passado a despesa total do governo central somou 74,180 bilhões de reais, alta de 8,8 por cento sobre maio, puxada pelo aumento de 15,2 por cento nas despesas do Tesouro. Os gastos da Previdência Social recuaram 0,4 por cento na mesma comparação.
Já as receitas líquidas do governo central avançaram apenas 1,8 por cento de maio para junho, para 75,455 bilhões de reais.
Com os gastos em alta e a arrecadação prejudicada pelo fraco crescimento econômico e desonerações, o resultado só não foi pior porque o Tesouro recebeu 3,791 bilhões de reais em dividendos e 1,367 bilhão de reais em concessões.
Entre os gastos que mais subiram no mês passado estão as "outras despesas de custeio e capital" (+22,2%).
"Os aumentos em custeio têm ocorrido em educação, tecnologia e melhor distribuição de renda e isso tem efeito positivo", disse o secretário do Tesouro, Arno Augustin, ao ser questionado sobre a expansão dos gastos públicos.
Semestre fraco
No acumulado do ano, o superávit primário do governo central ficou em 34,371 bilhões de reais, 28,3 por cento menor que o registrado na primeira metade do ano passado, também por conta do maior crescimento da despesa em relação à receita.
De janeiro a junho, as despesas do governo central subiram 12,9 por cento em relação a igual período de 2012, para 428,413 bilhões de reais. Já as receitas líquidas, que somaram 462,785 bilhões de reais, subiram 8,2 por cento na mesma base de comparação.
A meta de superávit para o governo central este ano era de 108,1 bilhão de reais, mas foi reduzida para 63,1 bilhões de reais, já que o governo prevê abater do objetivo 45 bilhões de reais em gastos com desonerações tributárias e investimentos.
Nesta semana, o governo anunciou corte adicional de 10 bilhões de reais no Orçamento, elevando para 38 bilhões de reais as despesas contingenciadas, em uma tentativa de aumentar a confiança em sua política fiscal.
Reuters
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