Em Via Crucis, papa Francisco compara injustiças sociais à cruz de Cristo
Mantendo a tradição de fazer pronunciamentos com apelo sócio-político, o papa Francisco aproveitou sua fala após a apresentação da Via Crucis para comparar problemas sociais ao sacrifício de Jesus Cristo. No mesmo paralelo, o Pontífice apresentou uma mensagem de consolo e um apelo por misericórdia.
"Com a Cruz, Jesus se une ao silêncio das vítimas da violência, que já não podem clamar, sobretudo os inocentes e indefesos; nela Jesus se une às famílias que passam por dificuldades, que choram a perda de seus filhos", afirmou o líder religioso. O Papa elencou ainda problemas como a fome, ao racismo e a intolerância religiosa.
A exemplo de sua mensagem na comunidade de Varginha, no complexo de Manguinhos, o Papa também falou sobre corrupção. "Nela (na Cruz), Jesus se une a tantos jovens que perderam a confiança nas instituições políticas, por verem egoísmo e corrupção, ou que perderam a fé na Igreja, e até mesmo em Deus, pela incoerência de cristãos e de ministros do Evangelho", disse.
O contato com assuntos sociais e políticos faz parte do ministério de Jorge Mario Bergoglio muito antes de ter sido designado Papa. Enquanto arcebispo de Buenos Aires, ele protagonizou momentos de tensão com a presidente da Argentina, Cristina Kirchner, quando o parlamento do país aprovou o casamento gay. Dois anos depois, ele também questionou a aprovação da lei de identidade de gênero que autoriza travestis e transexuais a registrar dados com o sexo escolhido, iniciativa apoiada pelo governo.
De volta à aplicação religiosa da cruz do calvário, o Papa transmitiu uma mensagem aos fiéis de que "não há cruz, pequena ou grande, da nossa vida que o Senhor não venha compartilhar conosco". O Pontífice também fez um apelo à solidariedade dos peregrinos para com o próximo.
"(A cruz de Cristo) ensina-nos, pois, a olhar sempre para o outro com misericórdia e amor, sobretudo quem sofre, quem tem necessidade de ajuda, quem espera uma palavra, um gesto", afirmou o líder religioso, exortando os fiéis a "estender a mão" aos mais necessitados.
O pronunciamento do papa Francisco ocorreu após a apresentação da Via Crucis que ocorreu ao longo da orla da praia de Copacabana, na zona sul do Rio. Em uma montagem moderna, a apresentação contou com apresentações de dança contemporânea, orquestra e atuação de atores famosos como Eriberto Leão e Cássia Kiss.
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