Padre Geovane Saraiva*
Como é preciosa e plausível uma reflexão sobre Fortaleza – beleza e poesia, mas com inúmeras coroas de espinhos, seja pelos moradores de rua (adultos e crianças) nas nossas praças e ruas , seja pelas favelas, desemprego, dependência química, como consequência, o alto índice de criminalidade. Aqui é extremamente válida e sábia a assertiva de Albert Einstein: "A palavra 'Progresso' não terá qualquer sentido enquanto houver crianças infelizes (...)”.
Neste sentido, como transformar a realidade dos sofredores, segundo o projeto de Criador e Pai? Precisamos do Espírito da verdade, manifestado no Filho de Deus, para que possamos ser conduzidos, segundo o referido projeto do Pai, a plena verdade. Jesus na sua entrega e obediência à vontade D'aquele que o enviou, fiel até a morte e morte na cruz, deixa claro para nós que abraçamos a fé, no desejo de perseguir seu seguimento, tendo na mente e no coração o consequente mandamento do amor.
É importante recordar Dom Aloísio Cardeal Lorscheider, sobre a cidade de Fortaleza, na sua Carta Pastoral sobre o uso e a posse do solo urbano, (31/05/1989), quando afirmou com maestria: “A cidade deve ser para o homem e não o homem para a cidade. Deve ser um espaço de convivência solidária para todos os que nela moram, convivência que seja resultante da convergência de esforços para tornar a cidade mais humana e também cristã” – uma cidade marcada por gestos concretos, na vida de filhos de Deus e irmãos uns dos outros, na qual seja revelada a esperança cristã, visível no rosto alegre e realizado dos moradores desta nossa querida cidade, condição indispensável para a tão sonhada utopia do Reino de Deus (cf. Is 11, 5-9).
O Papa Francisco foi muito feliz na sua reflexão da Vigília de Pentecostes (19/05/2013): “Tocar no corpo do pobre é tocar no corpo de Cristo. O Pontífice contou a história de um rabino do século XII que narra a construção de torres, onde os tijolos eram mais importantes do que os construtores. Quando um tijolo se quebrava, era um drama e o operário era punido. Mas se um operário se machucava, isso não tinha nenhum problema. Isso acontece hoje: se os investimentos nos bancos caem, é uma tragédia. Mas se as pessoas morrem de fome, não têm o que comer ou não têm saúde, não é um problema! Esta é a nossa crise de hoje! E o testemunho de uma Igreja pobre para os pobres vai contra esta mentalidade”.
É a partir da grande e maior obra, a pessoa humana, imagem e semelhança de Deus, que podemos olhar e contemplar a nossa querida cidade de “Fortaleza – beleza e poesia”.
*Padre da Arquidiocese de Fortaleza, escritor, membro da Academia Metropolitana de Letras de Fortaleza, da Academia de Letras dos Municípios do Estado Ceará (ALMECE) e Vice-Presidente da Previdência Sacerdotal - Pároco de Santo Afonso - geovanesaraiva@gmail.com
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