22/08/2013

O testemunho de uma jovem missionária

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Por Assessoria de Imprensa   
22 / Ago / 2013 16:18
A jovem coordenadora da Infância e Adolescência Missionária (IAM) do Regional Nordeste 1, Arlane Markely, 24 anos, partilha sua breve experiência missionária na região do Alto Xingu, no Pará realizada antes de participar da JMJ no Rio de Janeiro. Arlane é cearense de Crato, cidade a 567 km de Fortaleza (CE) e participa da IAM desde os 7 anos. Atualmente é assessora do Conselho Missionário Diocesano (Comidi), diocese de Crato e faz parte do Secretariado do 13º Intereclesial de CEBs. Confira o testemunho.
O caminho se faz...
Na minha casa todos somos engajados nos trabalhos pastorais da Igreja. Desde criança aprendi que devemos dar testemunho do que acreditamos com nossa própria vida. Sempre que participo de algum encontro e escuto falar sobre a realidade de diversas pessoas em lugares diferentes fico a imaginar como seria e de que forma eu poderia ajudar a melhorar a situação de alguém que necessita de ajuda.
Quando criança, eu sonhava em ser uma grande empresária e investir em regiões que para muitos eram esquecidas. Ao me torna adolescente pensei em ser médica e trabalhar na África. Hoje sou professora de educação infantil, profissão que eu não sonhava abraçar anos atrás. Mas, percebo que independente da profissão que eu tenha, posso de alguma forma fazer a diferença onde quer que eu esteja.
Na caminhada missionária aprendi que sempre sobra tempo para contribuir em algo. Para isso é preciso ter um olhar crítico sobre a realidade. Para ver é preciso sair de onde estamos e ir ao encontro do outro. Para escutar, precisamos nos calar e para conhecer, precisamos nos aproximar.
Antes de ir para JMJ no Rio de Janeiro, eu escolhi participar, entre os dias 7 e 14 de julho, de uma experiência missionária na região do Alto Xingu, no Pará. Fui para lá por iniciativa própria. Quando fiquei sabendo dessa missão através do coordenador da iniciativa, padre André Gamba, não pensei duas vezes. Perguntei se poderia ir, comprei minhas passagens e fui. Tomei essa decisão por que antes de ir ao Rio de Janeiro queria ver a realidade dos jovens no outro lado do país. E isto fez a maior diferença para viver a JMJ.
A regressar para casa, pensei comigo mesmo, o que aprendi?
Primeiro, pelo fato de ter ido conhecer de perto a realidade de uma região no norte do país e depois ver de perto como é a vida na cidade maravilhosa do Rio, pude perceber com meus próprios olhos o quanto a nossa sociedade brasileira é desigual. Enquanto muitos jovens se perguntam “cadê a justiça?”, em muitos lugares no Brasil não há juiz, nem promotor na cidade. Assim fica difícil...
Entendi que as pessoas valem muito mais quando usam o que sabem para promover o bem, e que para realizá-lo não precisamos de um crachá que nos indique a qual classe pertencemos. Sempre nos sobra algo para partilhar. Muitos ainda precisam rever seus conceitos, como dizia Chico Buarque, “as pessoas têm medo de mudança, eu tenho medo que as coisas nunca mudem”.
Aprendi que nem tudo dura para sempre, que existem pessoas que nunca verei, mas o momento bem vivido e o aprendizado que ela me deixou me fará rever muitas coisas na minha vida cotidiana. Percebi que existem problemas comuns entre todos os povos, que existem realidades diversas, mas que, para cada um desses problemas existem formas e meios diferentes de serem solucionados. Cada povo conhece sua realidade. Escutei que muitos jovens ainda precisam dar passos mais largos, que muitos ainda precisam de uma sacudida, que precisam estar mais ativos na vida social.
Aprendi que uma Jornada faz mais sentido quando os jovens que dela participam não se esquecem daqueles que não tiveram a mesma oportunidade de ali estarem. Encontrei muita gente que trabalha em regiões que precisam de mais assistência e gestos de solidariedade. Animei-me quando conheci jovens que foram ao Rio, não apenas para se encontrarem com o papa Francisco, mas também para conhecer a realidade do povo carioca, das comunidades que ainda necessitam de melhores condições de vida.
Enfim, vivi bons momentos, de alegria, de partilha e de aprendizado. Conviver com tantas pessoas fez-me lembrar de que o mundo precisa de boas ações, que aquilo que vivemos deve ser partilhado e que nossa juventude não pode ser vivida de qualquer forma. É fundamental dar testemunho daquilo que acreditamos. Voltei para casa com as palavras do papa no coração e não quero esquecê-las nas minhas ações.
Arlane Markely, coordenadora da IAM do Regional Nordeste 1.

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