15/10/2013

Método Canguru contribui para a redução da mortalidade infantil


Método investe no fortalecimento dos recém-nascidos prematuros e de baixo peso
Disseminar o conhecimento e promover a implantação da Norma de Atenção Humanizada ao Recém-Nascido de Baixo Peso (Método Canguru) nas maternidades mineiras com fluxo de atendimento obstétrico e neonatal de alto risco que ainda não adotaram a metodologia, bem como fortalecê-la nas instituições que a implantaram. Este é o objetivo das 200 pessoas, entre tutores, profissionais e estudantes da área da saúde, que, nesta terça e quarta-feira (15 e 16), participam, no Hotel Ouro Minas, do 1º Seminário do Método Canguru de Minas Gerais organizado pela Secretaria de Estado de Saúde e pela Rede Fhemig.

Segundo a técnica em educação permanente na área materno-infantil da Fhemig e uma das tutoras estaduais do procedimento em Minas Gerais, Aparecida Veloso, o Método Canguru tem inúmeras vantagens e a maior delas é contribuir, de forma direta, para a redução da mortalidade infantil, principalmente em seu componente neonatal.

O sucesso do método canguru em promover o ganho de peso dos recém-nascidos prematuros e de baixo peso, além de fortalecer a prática da amamentação está evidenciado pelo cotidiano dos hospitais que o adotaram e pelos estudos científicos disponíveis.

Nas unidades materno-infantis da Rede Fhemig, a metodologia está implantada há mais de uma década, seja em sua primeira, segunda ou terceira etapas, e de forma integral, na Maternidade Odete Valadares (MOV), Centro de Referência Estadual para o Método em Minas Gerais.

Resultados positivos

Foi na Maternidade Odete Valadares que a auxiliar de escritório Andrea Cristina Rodrigues da Silva, de 41 anos, teve o primeiro contato com o Método Canguru. Em sua segunda gravidez, o bebê nasceu com apenas 31 semanas de gestação e 1,4 quilo. Devido à sua prematuridade e ao baixo peso, a criança necessitou de internação na Unidade de Tratamento Intensivo Neonatal (UTINa), onde iniciou o Método Canguru. Após deixar a UTINa, ao longo de dez dias, mãe e filho puderam ficar 24 horas juntos na Unidade Canguru de Cuidados Intermediários (UCINCA).

Os resultados não demoraram a aparecer. “De um dia para o outro, a gente já sentia a diferença. Meu filho começou a ganhar peso de forma progressiva. O Método Canguru é maravilhoso, a gente fica muito mais próxima do bebê”, conta com entusiasmo. Ao receber alta, o bebê pesava quase dois quilos. Andrea ressalta ainda que no ambulatório canguru predomina um clima de amizade e ajuda mútua. “O convívio diário com as outras mães e seus familiares cria uma proximidade muito grande”, pontua.

Benefícios amplos

O relato da auxiliar de escritório é recorrente entre as mulheres que são introduzidas no Método Canguru. Estudos científicos revelam que o contato pele a pele entre mãe e filho fortalece os vínculos familiares, incentiva o aleitamento materno, aumenta a resistência imunológica do bebê, promove o ganho de peso e o desenvolvimento psicomotor do recém-nascido prematuro. Outro aspecto relevante é a redução do tempo de internação.

Aparecida Veloso reitera a importância do método e destaca que ele é imprescindível em toda maternidade, pois deve estar inserido na assistência neonatal. “O Método Canguru é uma tecnologia do cuidado e uma forma de fazer diferente tudo o que já desenvolvíamos anteriormente na unidade neonatal, com o olhar voltado para o desenvolvimento adequado do recém- nascido pré-termo ou de baixo peso, para a maternagem e a paternagem, abrangendo toda a família e a rede de apoio dos pais”, explica.

Implantação no país

A metodologia canguru teve início na Colômbia, em 1979, e visa, entre outros objetivos, priorizar o contato prolongado (pele a pele) entre mãe e filho, proporcionando o desenvolvimento do vínculo afetivo, o aleitamento materno, o ganho de peso mais acelerado e a alta hospitalar precoce e segura. No Brasil, o método “mãe canguru” foi implantado quase duas décadas depois, no ano de 1997. Nos três anos seguintes, o Ministério da Saúde (MS) regulamentou a temática ao estabelecer a Norma de Atenção Humanizada ao Recém-Nascido de Baixo Peso, o que possibilitou o desenvolvimento e a disseminação do Método na Rede Pública de Saúde.

O MS recomenda a aplicação do Método Canguru em três etapas, com início no pré-natal de alto risco, passando pelas UTINas ou unidades neonatais de cuidados intermediários, em seguida nas Unidades intermediárias de Cuidados Canguru e, após a alta hospitalar, nos ambulatórios de seguimento em parceria com a atenção primária.
Agência Minas

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