«Nem o carro, nem o dinheiro, nem o computador, nem a casa, nada... Quero que Tu [Cristo] sejas o meu grande amor», explica o celebrante Eugénio Butti, dando voz ao jovem Bernard Obiero. «Fazer os votos de pobreza, castidade e obediência… Chegou a hora de consagrar-se definitivamente a Deus», acrescenta o missionário da Consolata. «Já existia esse desejo, mas hoje queres fazê-lo de uma forma pública e solene, diante da Igreja representada aqui por todos nós». Em Portugal desde outubro de 2012, o jovem queniano entrou na Consolata em Nairobi, fez o noviciado em Moçambique e estudou teologia em Roma. Caminha agora a passos rápidos para o sacerdócio, sendo ordenado diácono já no próximo domingo, 1 de dezembro, no mosteiro dos Jerónimos em Lisboa.
Desde fevereiro de 2013 no Bairro do Zambujal, o jovem queniano «tem sido uma mais valia no meio de nós, pois tem estado com o grupo dos acólitos e tem apoiado o coro», afirma Ida Monteiro. «Traz a sua experiência, é muito tranquilo, tem uma grande paz interior e transmite-a muito às pessoas». A responsável pelo coro explica o sentido da cerimónia da profissão religiosa: «Celebrar os votos é dedicar a vida toda a Deus. É aquilo que nasceu na pessoa, que ela sente e quer dar e partilhar com o mundo». Fazendo eco da comunidade do Zambujal, Ida Monteiro acrescenta: «Pedimos-lhe [ao Bernard] que fique connosco, para nos ajudar a crescer e para podermos fazer parte do percurso dele. Todos juntos aprendemos».
A profissão perpétua dos votos de pobreza, obediência e castidade «tem um significado grande para a comunidade porque é o coroar de uma caminhada, ainda que seja curta», explica Albino Brás, missionário da Consolata e responsável da comunidade do Zambujal, da paróquia da buraca, nos arredores de Lisboa. É importante a missão do Bernard Obiero: «Partilhar [o caminho] com muitos, que até são de origem africana, como ele, numa Igreja europeia à qual ele está a tentar adaptar-se».
A cerimónia da profissão perpétua foi muito participada e sentida pela comunidade cristã, desde os mais novos até aos mais idosos que encheram por completo o salão do Bairro do Zambujal. «É muito importante viver e partilhar estes momentos celebrativos tão bonitos de entrega à missão, de serviço ao Reino», esclarece Albino Brás. «Possivelmente para a comunidade são palavras que podem soar um bocado estranhas; na sociedade de hoje estas palavras podem perturbar». O sacerdote explica: «A palavra perpétua naquela que se chama a sociedade líquida, em que tudo é momentâneo, passageiro, temporal, talvez soe um bocado estranho. Mas eu creio que, com a celebração de hoje, com tudo aquilo que foi dito, aquilo que experimentaram e ouviram, a comunidade percebeu muito bem o que significa a profissão perpétua». E conclui: «Profissão é professar, é dizer eu acredito, eu confirmo, eu entrego-me ao serviço do Reino».
Ao lado do jovem queniano esteve a veterana e experiente irmã Severa Riva a celebrar 50 anos de vida consagrada à missão. Impedida pela guerra colonial de exercer a sua missão em Moçambique, a missionária da Consolata viveu a sua missão, durante 40 anos no meio dos povos indígenas. Desde 2012 está no Bairro do Zambujal, espalhando alegria e consolação.
Fátima Missionária
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