09/12/2013

Padre Marcelo: 'Sou um desses loucos que caiu em dieta maluca'

Falta de carboidrato e excesso de proteína são maiores erros, diz médica.
Conheça os riscos para a saúde de fazer dietas muito restritivas.

Marina FrancoDo G1, em São Paulo

Hipoglicemia, alteração na pressão arterial, taquicardia e até problemas renais e hepáticos são os riscos que podem causar dietas muito restritivas, como a que Padre Marcelo Rossi revelou ter adotado ementrevista ao Fantástico deste domingo (8), de acordo com a nutricionista Simone Martens ouvida pelo G1.

Segundo o padre, a "dieta maluca" que adotou por seis meses consistia em comer alface, cebola, e dois hambúrgueres pela manhã e um hambúrguer depois das 18h. Hoje, recuperado e se alimentando como deveria, ele carrega ferimentos de um acidente que sofreu na esteira ergométrica - durante o período de dieta, ainda manteve as atividades físicas.
Um dos maiores erros cometidos pelo Padre Marcelo foi a eliminação de carboidratos de sua alimentação, comenta a nutricionista. "O nutriente principal para nos dar energia é o carboidrato. Uma vez que a pessoa não está se alimentando de carboidrato ela começa a ter queda de glicose no sangue, pode alterar pressão e com o tempo pode causar taquicardia", afirma.
De acordo com Simone, os cerca de 40 quilos que Padre Marcelo Rossi revelou perder foram principalmente devido à eliminação de massa magra. "Com essas dietas muito restritivas, a pessoa começa a ter muita perda de massa muscular. Então aquele peso rápido que ela perde está relacionado mais com massa magra do que com gordura", explica. A nutricionista comenta que a perda deste tipo de massa também costuma levar a fraqueza, mal estar e debilitação do sistema imunológico.
Além da falta de carboidratos, o consumo de apenas um tipo de proteína, a da carne vermelha do hambúrguer, pode agravar os riscos à saúde. "Ele estava comendo praticamente proteínas em quantidade insuficiente. E só de um tipo, que é a da carne. Faltavam outros tipos, como derivados de leite e principalmente carboidratos", diz Simone.
Segundo a nutricionista, o consumo diário de carne vermelha não é recomendado, porque é o tipo de carne que contem teor de gordura saturada elevada. "O processo de digestão também é mais lento do que o da carne branca. Por isso é bom intercalar com frango e principalmente com peixe, com teor de gorduras boas – mono e polisaturadas – que ajudam a regular o colesterol e nosso organismo consegue trabalhar mais facilmente com relação à regulação das taxas de gorduras no sangue", comenta.
Os primeiros órgãos a sofrer com uma dieta com excesso de proteína e falta de carboidrato são os rins e o fígado. Caso a pessoa já tenha algum problema nestes órgãos ou pré-disposição a isso, o quadro pode se agravar. "Se a pessoa já tem predisposição a problema renal ou hepático ela pode realmente desenvolver alguma doença, porque eles ficam sobrecarregados no processo de filtrar a proteína, que é um nutriente pesado", diz Simone.
Intervalos longos
Outro ponto negativo de dietas “malucas” é o grande intervalo entre refeições. Recomenda-se comer a cada três horas, ou próximo disso, para que o organismo mantenha o nível de glicose no sangue e regule a pressão arterial mais facilmente. "Fazer duas refeições no dia desacelera muito o metabolismo, ele vai diminuir o gasto para poupar energia, uma vez que precisa manter a pessoa em pé realizando as atividades dela."
A prática de atividades físicas agravou ainda mais o quadro de Padre Marcelo. "Isso piora ainda mais o quadro porque a pessoa está se colocando um gasto energético aumentado, mas não tem ingestão dessa energia para gastar. Isso se torna extenuante para o organismo dela e leva de forma mais rápida a um quadro de fadiga muscular, porque ela está exigindo do organismo o que ele não tem pra dar", afirma Simone. Ela explica que o esforço para gastar a energia que não tem pode levar a desmaios e vertigens durante o exercício físico.
"Não sei como ele aguentou fazer (por seis meses). Geralmente depois de duas a três semanas a pessoa já começa a se sentir debilitada, porque a perda de massa magra é maior do que a perda de gordura, que leva a prostração, fraqueza e baixa do nível de glicose sanguínea. E se leva meses nisso, com o tempo, pode afetar hormônios", afirma Simone.
Antes de optar por uma dieta muito restritiva, a recomendação é que se procure um profissional da área. "É importante buscar sempre a orientação de um nutricionista para fazer um trabalho de reeducação alimentar ajustado à sua necessidade energética", afirma
.

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