04/02/2014

Papa aconselha fiéis a tocarem a pobreza em mensagem de Quaresma



Papa: "Cristãos têm o dever de ajudar os que sofrem".
Por Philip Pullella
Roma - O papa Francisco defendeu na terça-feira (4) uma distribuição de renda mais justa e acesso igualitário à saúde e educação, numa mensagem para a Quaresma na qual conclamou os fiéis a procurarem e tocarem "a pobreza de seus irmãos".
Em sua mensagem para o período que vai da Quarta-Feira de Cinzas até a Páscoa, ele disse que os cristãos têm o dever de ajudar os que sofrem com a pobreza moral, como os que são "servos" do álcool, das drogas, do jogo e da pornografia.
Durante a Quaresma, que neste ano começa em 5 de março, os cristãos são orientados a se submeterem a privações e ajudarem os menos afortunados.
Francisco, que quando arcebispo de Buenos Aires era conhecido por visitar pessoas pobres em bairros humildes, disse que as feridas da pobreza "desfiguram o rosto da humanidade" e estão gritando para serem curadas.
"Nós, cristãos, somos chamados a confrontar a pobreza dos nossos irmãos e irmãs, a tocá-la, a torná-la nossa e a tomar medidas práticas para aliviá-la", afirmou.
Ele novamente pediu aos ricos que partilhem da sua sorte, não sejam cegos às necessidades alheias e não pratiquem a solidariedade superficial ou as vãs demonstrações de privação.
"Quando o poder, a luxúria e o dinheiro se tornam ídolos, eles assumem a prioridade sobre a necessidade de uma justa distribuição de riqueza", disse Francisco. "Nossas consciências, assim, precisam ser convertidas para a justiça, a igualdade, a simplicidade e a partilha."
Francisco disse que a pobreza material e a carência moral costumam estar interligadas. "Quanta gente não vê mais significado na vida ou perspectivas para o futuro, quantos podem ter perdido a esperança! E quantos estão mergulhados nessa carência por condições sociais injustas, pelo desemprego, que leva embora sua dignidade como arrimos, e pela falta de acesso igual à educação e à saúde."
Ele definiu a carência moral como "escravidão pelo vício e o pecado", incluindo o álcool, as drogas, o jogo e a pornografia. "Em tais casos, a carência moral pode ser considerada suicídio iminente."
Desde sua eleição como papa, o argentino Francisco se caracteriza pela frugalidade. Ele abriu mão de viver nos espaçosos aposentos do Palácio Pontifício, preferindo morar em uma pequena suíte na casa de hóspedes do Vaticano, e anda num modesto Ford Focus em vez da tradicional Mercedes papal.
Na mensagem de terça-feira, ele disse que "a Quaresma é um momento adequado para a abstinência", mas observou que "nenhuma abstinência é real sem essa dimensão de penitência. Desconfio da caridade que não custa nada e não dói".
Reuters

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