01/02/2014

Vacina contra dengue é testada

Image-0-Artigo-1536286-1São Paulo O Instituto Butantan já vacinou 34 voluntários da primeira fase dos testes em humanos da vacina contra a dengue. O teste tem como finalidade analisar a eficácia e segurança da vacina, que vem sendo desenvolvida em parceria com os NIH (National Institutes of Health), dos Estados Unidos.
A ideia é reproduzir aqui um estudo norte-americano com vacina semelhante à do Butantan. A imunização é tetravalente e deve proteger contra os quatro tipos de vírus da dengue.
Mais 16 voluntários serão vacinados em breve. Esses 50 primeiros participantes nunca tiveram dengue. Outras 200 pessoas, com ou sem infecção prévia pelo vírus, receberão a vacina em outra etapa. Os resultados devem ficar prontos no fim do ano, mas mais estudos serão necessários até que a vacina seja usada na população.
Pesquisa define prioridades
O Ministério da Saúde havia informado, no fim do ano passado, que financiaria uma pesquisa que definirá as áreas e os públicos prioritários que receberão a vacina contra a dengue produzida pelo Instituto Butantan. Trata-se de uma das medidas preparatórias para a introdução da imunização. O estudo deverá ser concluído em dois anos, segundo o ministério.
A definição das áreas e grupos etários para receber a vacina terá apoio de um grupo de trabalho formado por técnicos do Ministério da Saúde, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e especialistas de diversas universidades, como Escola Paulista de Medicina e Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP). Segundo o governo, foram investidos R$ 5,3 milhões na pesquisa. Primeiro serão coletadas cerca de mil amostras de sangue, em pessoas de até 20 anos, em 63 cidades das cinco regiões do Brasil. Este inquérito soroepidemiológico deverá determinar o grau de imunidade da população à infecção.
A pesquisa pelo Instituto Butantan começou em 2006. Se os resultados do teste em humanos forem positivos, a previsão é que a vacina seja aprovada pela Anvisa e possa fazer parte do Programa Nacional de Imunizações em 2018. Além do Butantan, há outra iniciativa nacional para produção de vacina contra a dengue, encabeçada pela Fiocruz.
Única dose é 'trunfo'
Segundo o pesquisador Alexander Precioso, diretor da Divisão de Ensaios Clínicos e Farmacovigilância do Butantan, a grande diferença entre essa vacina e outras produzidas mundo afora é que ela usa o próprio vírus da dengue modificado por engenharia genética. "Nosso trunfo é que uma única dose parece ser capaz de proteger a pessoa contra o vírus. Outros estudos envolvem a aplicação de duas a três doses", compara.
Ainda de acordo com ele, faz 80 anos que se tenta fabricar uma vacina contra a dengue no mundo, e todo o processo entre o desenvolvimento de uma dose até ela chegar ao público leva uns 15 anos.
"Mesmo com a vacina, outras medidas de controle continuarão", afirmou Precioso.
Estima-se que até um quarto da população mundial, ou algo como 1,75 bilhão de pessoas, está suscetível à dengue, que provoca milhões de infecções e milhares de morte todos os anos nas regiões tropicais.
Diário do Nordeste

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