Padre Geovane Saraiva*
O contexto do Evangelho apresenta Jesus já cansado do caminho, desejando um momento de parada, sentando-se junto ao poço de Jacó. Logo chega uma mulher para buscar água, pertencente a uma população inclinada ao paganismo, estigmatizada pelo desprezo dos judeus. O Mestre de Nazaré inicia um espontâneo, rico e inigualável diálogo com a mulher samaritana, marcado de grande e profunda ternura!

Na estrada exigente da vida, diversas são as circunstâncias, nas quais se nos apresentam as forças do mal. Mas a fé é o indicador a nos dizer que temos que vencê-las, de que necessitamos de novo vigor, de modo especial na celebração da eucaristia, Jesus se revelando água viva a saciar nossa sede, a renovar toda nossa existência.
Somos chamados a dar graças ao bom Deus pelas maravilhas do seu amor misericordioso e infinito, em favor da humanidade, ao nos colocar em estreita comunhão com ele, irmãos e irmãs, conscientes que somos filhos do mesmo Pai que está nos céus. A sede e a fome de Deus no seu projeto de amor fazem-nos filhos desejosos em buscar água viva e o alimento que permanecem, ao realizar a vontade do Pai, no dizer de Dom Helder Câmara: Angelorum esca nutrivisti populum tuum – teu povo se alimenta do pão do céu.
Que a nossa fé ajude-nos a pensar bem, no sentido de darmos a devida importância, na sua grandeza incomensurável, em perseguir sempre e cada vez mais, a necessidade de se saciar na fonte da verdadeira água: Jesus de Nazaré. Água é vida, a água mata a nossa sede e, além de representar a vida, tira nossa sujeira do corpo. Jesus desceu do céu e veio habitar entre nós, com a missão de cumprir o projeto que de seu Pai recebeu, andando de lugar em lugar fazendo o bem a todos. Eis um exemplo concreto, no encontro com a samaritana.
Jesus ao pedir à samaritana que lhe desse de beber, de acordo com o Evangelho de João, retribui-lhe com presente mais elevado, inexprimível e indizível, o dom da fé e de crer. Matando-lhe a sede de fé e de esperança e acrescentando ainda mais, a mística do fogo do amor (cf. Jo 5-45), com a energia para atravessar mares e desertos inerentes à própria existência.
Oxalá, saibamos ouvir a voz de Deus, de não fechar o nosso coração, para que, a exemplo da samaritana, nosso diálogo com o Filho de Deus seja sempre mais estreito e profundo. Ele, fonte da vida, oferecendo-nos como presente o alimento da vida eterna, dom maravilhoso da fé e da esperança, quer de nós aquele belo e sincero vínculo, pelo qual sorvemos deste âmbito bíblico: de adorá-lo em espírito e verdade. Assim seja!
*Padre da Arquidiocese de Fortaleza, escritor, colunista, blogueiro, membro da Academia Metropolitana de Letras de Fortaleza, da Academia de Letras dos Municípios do Estado Ceará (ALMECE) e Vice-Presidente da Previdência Sacerdotal - Pároco de Santo Afonso -geovanesaraiva@gmail.com
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