A propagação de uma «cultura econômica» e um «discurso político» sem «dimensão humana» estão a preocupar a Comissão Nacional Justiça e Paz (CNJP), que considera haver uma «dicotomia entre o país e os portugueses», tendo em conta os discursos de alguns políticos e as condições de vida da população.
«É notória a quase exclusiva centragem do debate, envolvendo quase todos os quadrantes políticos em indicadores expressos em unidades monetárias, com flagrante menosprezo dos que refletem as condições de vida dos portugueses», refere o documento do organismo católico, presidido por Alfredo Bruto da Costa.
Para os responsáveis da CNPJ, Portugal «está em crise», o que torna mais urgentes e importantes as «exigências evangélicas», sobretudo para atender «centenas de milhares de desempregados», muitos sem direito a qualquer subsídio, ou as pessoas «que só se alimentam porque dispõem de ajudas sociais e subsistem por recurso a serviços e instituições sociais».
«É particularmente importante, mesmo imperativo, que tenhamos a consciência de que não é aceitável pensar em políticas de disciplina orçamental (uma questão de números) sem medir as implicações que virão a ter na austeridade, ou seja, nos sacrifícios que acarretam e no modo como estes se distribuem», adianta a mensagem inspirada na reflexão do Papa Francisco, sublinhando a necessidade de uma justa repartição dos sacrifícios.
Fátima Missionária
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