Cirurgia também ajudou a reduzir a necessidade de medicamentos para a pressão alta e colesterol.
Por Bill Berkrot e Ransdell Pierson
WASHINGTON - A cirurgia bariátrica para perda de peso em pacientes obesos com diabetes tipo 2 ajudou muitos deles a ficar com o açúcar no sangue em níveis saudáveis, sem precisar de quaisquer medicamentos para diabetes, incluindo a insulina, três anos após o procedimento, de acordo com dados apresentados em um grande evento da área médica nesta segunda-feira.
A cirurgia também ajudou os pacientes a reduzir a necessidade de medicamentos para a pressão arterial alta e colesterol e levou à melhoria da qualidade de vida, em comparação com aqueles que receberam a terapia médica para perda de peso, descobriram os pesquisadores.
O estudo, chamado Stampede, que envolveu 150 pacientes obesos com diabetes tipo 2 mal controlada há pelo menos oito anos, foi conduzido por pesquisadores da Clínica de Cleveland.
Eles compararam dois tipos de cirurgia para perda de peso com o emagrecimento por dieta, exercício, aconselhamento nutricional e, para alguns, medicamentos adicionais para diabetes que podem ajudar a promover a perda de peso, como o Victoza, da Novo Nordisk. Todos os pacientes já tomavam pelo menos três medicamentos para diabetes e pelo menos três medicamentos para o coração.
Mais de um terço - 37,5 por cento - dos pacientes submetidos à cirurgia bariátrica com bypass gástrico e um quarto daqueles que passaram por um procedimento de gastrectomia vertical tiveram níveis de açúcar no sangue abaixo da meta da Associação Americana de Diabetes (ADA, na sigla em inglês) e a maioria não precisa mais de medicamentos para a doença, disseram os pesquisadores.
Isso em comparação com apenas 5 por cento dos pacientes no grupo de tratamento médico que tiveram os seus níveis de açúcar no sangue, no teste de A1c, reduzidos para 6 por cento ou menos. A ADA recomenda níveis de A1c de 7 por cento ou menos.
"Inicialmente, pensávamos que a diabetes era uma doença que não poderia ser revertida ou eliminada. Nós percebemos agora que pode haver um tratamento que acabe com a diabetes para algumas pessoas, e isso é emocionante", disse Sangeeta Kashyap, um dos principais participantes do estudo, que apresentou os dados no encontro científico do American College of Cardiology, em Washington.
Em 3 anos, apenas 5 a 10 por cento dos pacientes da cirurgia que utilizavam insulina ainda precisava do tratamento, em comparação com uma taxa de 55 por cento no grupo de terapia médica. Estima-se que um terço dos norte-americanos são considerados obesos, e a obesidade é o principal fator para a crescente epidemia de diabetes tipo 2 no país.
A cirurgia bariátrica é uma medida drástica e com potenciais complicações, tais como infecções ou coágulos sanguíneos. Mas, para alguns pacientes obesos, pode valer a pena se puder evitar as consequências da diabetes avançada, que podem incluir doenças cardíacas e renais, bem como problemas vasculares que podem levar a amputações ou cegueira.
"O fato de que as cirurgias possam reverter o caminho da fisiologia da doença é bastante notável", disse Kashyap, um endocrinologista da Clínica de Cleveland.
Caso os resultados levem a um aumento na cirurgia de perda de peso, isso poderia ser uma bênção para as empresas que fazem produtos utilizados nos procedimentos, tais como a unidade Ethicon, da Johnson&Johnson, patrocinadora do estudo, a Stryker Corp, a Intuitive Surgical e a Covidien, entre outras.
Em 2012, foram apresentados dados do estudo que mostram o efeito da cirurgia na diabetes após um ano. Os últimos dados respondem a perguntas sobre se o efeito poderia ser duradouro.
"Os resultados foram duráveis e eles eram muito melhores do que as pessoas no braço médico", disse Kashyap. "Seus efeitos são persistentes por três anos, o que nós achamos muito encorajador."
Reuters
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