16/04/2014

Inteligência artificial e divina

 domtotal.com

Poderá a superinteligência artificial olhar nos olhos da superinteligência divina?

Por Alexandre Kawakami

A Singularidade é o momento na história da humanidade onde a inteligência superficial evoluirá a ponto de superar toda a inteligência humana. Este processo terá seu ponto crítico quando o desenvolvimento da inteligência artificial ultrapassar os limites da inteligência do cérebro humano - o qual desenvolveu de forma insignificante durante milênios – e as próprias máquinas inteligentes começarem a desenvolver novas máquinas mais inteligentes do que elas próprias. Estas, por sua vez, desenvolverão outras máquinas ainda mais inteligentes em tempo muito menor, ocasionando crescimento exponencial o qual os teóricos convencionaram chamar “explosão de inteligência”.

Cenário de ficção científica? Teóricos da ciência computacional colocam este momento entre os anos de 2030 e 2045. É bem provável que ainda estaremos vivos até lá. E pode sim ser como no Exterminador do Futuro: nada indica que tal inteligência julgue por bem cuidar de nós. Num cenário otimista, viveremos no ócio filosófico, onde as máquinas cuidam da satisfação de nossas necessidades. Num cenário pessimista, o roteiro de Matrix. Enquanto formos necessários.

É inevitável traçarmos paralelos entre duas inteligências que ultrapassam a nossa capacidade de inteligir: a artificial e a divina. Pois existem também teorias que afirmam que o universo pode ser também uma grande simulação artificial. E se assim o for, o que chamamos de Deus nada mais é do que uma inteligência infinitamente mais abrangente e superior à nossa, a ponto de não podermos fisicamente conceber sua natureza. E teríamos também dado início a um processo que desenvolverá a próxima inteligência que nos ultrapassará, ainda que seja de natureza distinta da que nos criou.

Poderá a superinteligência artificial olhar nos olhos da superinteligência divina? E compreendê-la? Falar com ela?

Não sei. Este exercício de teologia científica é por natureza alienígena à nossa capacidade de compreender. Por definição, a forma com que duas inteligências de ordem superior à nossa se percebem e se comunicam é, para nossa percepção, inalcançável.

O que não consigo entender, entretanto, é o seguinte: se os nossos cosmólogos estão prontos para conceber uma inteligência superior à nossa, criada ou criadora, e um universo (ou multiverso, se preferem) de todo, criado por tal inteligência...

Por que é que é tão imperativo, para tais cientistas, ser ateu?
*Alexandre Kawakami é Mestre em Direito Econômico Internacional pela Universidade Nacional de Chiba, Japão. Agraciado com o Prêmio Friedrich Hayek de Ensaios da Mont Pelerin Society, em Tóquio, por pesquisa no tema Escolhas Públicas e Livre Comércio. É advogado e consultor em Finanças Corporativas.

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