É crucial reverter esse processo de destruição da civilização, gerando uma verdadeira cultura de paz.
Manifestação pela paz: é preciso, como afirma o papa Francisco, promover uma autêntica cultura do Encontro.
Por Dom Roberto Francisco Ferreria Paz*
A 52ª Assembléia Geral da CNBB instituiu o início do Ano da Paz no Primeiro Domingo do Advento de 2014, em 30 de novembro deste ano. Percebe-se, como um alarme urgente e estridente, o esfacelamento do tecido social, a desintegração familiar, o recrudecimento de todas as formas de violência, expresso de uma forma emblemática em uma cultura do linchamento como assistimos aturdidos e perplexos, na cruel e bárbara execução de uma mãe de família em Guarujá, São Paulo. Como chegamos a isso? Como nos tornamos em uma massa movida pelos piores instintos de selvageria e retaliação?
A resposta certamente é complexa e variada: o abandono da fé em Deus, a abissal desigualdade, a ausência do Estado, a falta de apoio a família, a falência na educação, o tráfico de drogas, a instigação de certa mídia marrão que busca criminalizar os pobres e exterminar bandidos, e a corrosão das instituições pela mais deslavada corrupção. Todas estas causas estão interligadas, e juntas produzem esta situação letal que ceifa mais vidas que uma guerra regular. O importante é reverter este processo mortífero e altamente destruidor da civilização, gerando e fazendo acontecer uma verdadeira cultura de paz.
Não apenas numa data, mas num ano, não apenas em caminhadas ou passeatas, mas em todos os âmbitos, não apenas em nível pessoal, mas recriando relacionamentos, pelo diálogo, a acolhida, a educação para a ternura e o afeto, a prática da não violência e da firmeza de princípios e valores, que devem ancorar e alicerçar, como afirma o papa Francisco, uma autêntica cultura do Encontro, que visibilize e revele o rosto compassivo e misericordioso do Bom Pastor, que veio para dar e comunicar vida plena e harmoniosa para todos/as. Deus seja louvado!
CNBB, 14-05-2014.
*Dom Roberto Francisco Ferreria Paz é bispo de Campos (RJ).
Nenhum comentário :
Postar um comentário