02/07/2014

Migrações: Igreja precisa de mais agentes junto dos portugueses no estrangeiro

Agência Ecclesia
  

D. António Vitalino apela a mudança de mentalidade face aos desafios colocados pelos novos emigrantes

Tomar, Santarém, 02 jul 2014 (Ecclesia) – D. António Vitalino, membro da Comissão Episcopal da Pastoral Social e Mobilidade Humana, sustenta que falta “mão-de-obra” pastoral para o apoio às comunidades de emigrantes portugueses que crescem no estrangeiro.
Em declarações à Agência ECCLESIA, no âmbito do encontro nacional de secretariados diocesanos de Migrações e Capelanias de Imigrantes, que está a decorrer em Tomar, o bispo de Beja realça que “a Igreja Católica tem de acompanhar mais de perto essas pessoas”.
“Dado que é uma instituição por natureza missionária, se as pessoas e o povo estão em saída, a Igreja também tem de adotar essa mentalidade”, aponta o prelado, para quem as dioceses nacionais ainda são muito dominadas por uma “mentalidade” centrada na “ocupação de lugares” e “têm dificuldade em deixar que o clero seja mais móvel”.
D. António Vitalino defende também a necessidade de apostar numa maior ligação “com as Igrejas dos países de acolhimento”, sobretudo para acompanhar de perto as comunidades migratórias, “nos primeiros tempos”.
Em causa, para aqueles que deixam o seu país, está sempre a adaptação a uma realidade diferente: “É o trabalho, a língua, a cultura, a religiosidade popular e nos primeiros tempos precisamos de colaborar uns com os outros”, sustenta o bispo.
Numa análise aos desafios atuais do fenómeno migratório, o prelado destaca o facto de a emigração, ao contrário do que aconteceu em Portugal entre as décadas de 50 e 80 do século XX, ser hoje um movimento “transversal em todas as idades, em todas as profissões”.
Recorda ainda os emigrantes que atualmente, ao contrário do passado, são cada vez mais “vítimas de intermediários ou angariadores”.
Pessoas que, a coberto “desta ou daquela firma”, depois “não satisfazem os seus compromissos com os trabalhadores”.
Para todos estes desafios são precisos sacerdotes também preparados para compreenderem e responderem às necessidades das comunidades migrantes.
“Às vezes andamos aí nas universidades, nas faculdades, ainda a estudar coisas do antigamente só, precisamos de estudar um pouco a evolução cultural e religiosa que se nota no mundo, o fenómeno da secularização tem que afetar profundamente a maneira da Igreja evangelizar e a mobilidade então ainda muito mais”, conclui.
Intitulado ‘Longe é mais perto do que se imagina’, o encontro nacional dos agentes pastorais ligados às Migrações decorre até sexta-feira em Santa Iria, Tomar, na Diocese de Santarém.
PR/JCP/OC

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