09/09/2014

A tarefa do cristão não tem limites

Assim sintetizou Paulo: 'Não tenham nenhuma dívida para com ninguém, a não ser a de se amarem uns aos outros'.
É preciso amar o próximo, cada pessoa, do jeito que ela é.

Por Dom Eurico dos Santos Veloso*

Os três versículos da segunda leitura do vigésimo terceiro domingo do Tempo Comum são marcados pelo tema do amor enquanto cumprimento da Lei. O amor é a raiz de tudo o que deve ser feito e o modo pelo qual tudo deve ser feito. Paulo sintetiza isso em uma frase lapidar: "Não tenham nenhuma dívida para com ninguém, a não ser a de se amarem unas aos outros".

Diante disso, nós nos perguntamos: essa dívida que contraímos com o nosso próximo é pagável ou impagável? Temos crédito ou débito? A resposta a essa questão fica mais clara à luz do tema central da carta aos Romanos. E o tema central é este: a humanidade toda tinha, em relação a Deus, uma dívida que jamais poderia saldar, pois o ser humano não reunia condições para se salvar ou se justificar por força própria ou em vista de seus méritos. Então, Deus intervém com a grande novidade: Ele anistia a humanidade inteira, salvando-a em Cristo Jesus, morto e ressuscitado. Para a humanidade, não resta senão um gesto capaz de responder a esse amor inesperado e extraordinário, ou seja, acreditar em Jesus e procurar responder, com a mesma intensidade, ao amor que Ele manifestou.
São Paulo mostra em que consiste amar a Deus e a seu Filho Jesus: “Quem ama o próximo, cumpriu a Lei. De fato, os mandamentos: Não cometerás adultério, não matarás, não furtarás, não cobiçarás, e todos os outros, estão reunidos nesta palavra: Amarás o teu próximo como a ti mesmo.”
Note-se que, em todo esse trecho, não se menciona Deus. Tem-se a impressão de que esteja faltando algo, mas não está, porque não há muitas formas de amarmos a Deus. Na verdade, há uma só, que é amando o próximo, cada pessoa, do jeito que ela é, pois sabemos que ninguém escolhe o próximo para amá-lo. Ele simplesmente se apresenta como dom de Deus e também como desafio à nossa capacidade de amar. Nesse sentido, todos somos devedores de uma dívida impagável, a não ser que sejamos capazes de gestos gratuitos como os de Jesus, que se entregou totalmente por amor.
CNBB, 08-09-2014.
*Dom Eurico dos Santos Veloso é arcebispo Emérito de Juiz de Fora (MG).

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