07/09/2014

Ele está no meio de nós

Devemos reavivar a consciência de que somos comunidades de Jesus.
O futuro da fé cristã vai depender em grande parte do que os cristãos façam em suas comunidades.

Por José Antonio Pagola*

Apesar de as palavras de Jesus recolhidas por Mateus serem de grande importância para a vida das comunidades cristãs, poucas vezes atraem a atenção de comentaristas e pregadores. Esta é a promessa de Jesus: "Onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome, eu estou ali no meio deles". Jesus não está pensando em celebrações massivas como as que acontecem na Praça de São Pedro em Roma. Apesar de serem dois ou três, ali está ele no meio deles. Não é necessário que a hierarquia esteja presente, não é preciso que estejam reunidas muitas pessoas.

O importante é que “estejam reunidos”, não dispersos, nem confrontados: que não vivam se desqualificando uns aos outros. O decisivo é que se reúnam "em seu nome": que escutem sua chamada, que vivam identificados com seu projeto do reino de Deus. Que Jesus seja o centro de seu pequeno grupo.
Esta presença viva e real de Jesus é que deve animar, guiar e apoiar as pequenas comunidades de seus seguidores. É Jesus quem deve alentar sua oração, suas celebrações, projetos e atividades. Esta presença é o "segredo" de toda comunidade cristã viva.
Os cristãos não podem se reunir hoje em pequenos grupos e comunidade de qualquer forma: por costume, por inércia ou para cumprir algumas obrigações religiosas. Podem ser muitos ou talvez poucos. Mas o importante é que se reúnam em seu nome, atraídos por sua pessoa e por seu projeto de fazer um mundo mais humano.
Devemos reavivar a consciência de que somos comunidades de Jesus. Nós nos reunimos para escutar seu Evangelho, para manter viva sua lembrança, para contagiar-nos do seu Espírito, para acolher em nós sua alegria e sua paz, para anunciar sua Boa Nova.
O futuro da fé cristã vai depender em grande parte do que os cristãos façam nas suas comunidades concretas nas próximas décadas. Não basta o que possa fazer o Papa Francisco no Vaticano. Nem podemos também colocar nossa esperança num pequeno grupo de sacerdotes que possam ser ordenados nos próximos anos. Nossa única esperança é Jesus Cristo.
Os cristãos devem centrar suas comunidades cristãs na pessoa de Jesus como a única força capaz de regenerar sua fé gasta e rotineira. Ele é o único capaz de atrair os homens e mulheres de hoje. É o único capaz de engendrar uma nova fé nestes tempos de incredulidade. A renovação da Igreja é urgente. Os decretos de reformas são necessários. Mas nada é tão decisivo como voltar com radicalidade a Jesus Cristo.
Instituto Humanitas Unisinos
*José Antonio Pagola é teólogo. O texto é baseado no Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus 18, 15-20 que corresponde ao 23º Domingo do Tempo Comum, ciclo A do Ano Litúrgico.

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