Informação foi obtida por delegado durante depoimentos de monges.
Ex-padre de 74 anos foi preso na terça-feira (9) em Caçapava do Sul.
do Sul (Foto: Reprodução/RBS TV)
Preso por suspeita de estupro de vulnerável, racismo e posse irregular de arma, o ex-padre João Marcos Porto Maciel, conhecido como Dom Marcos, de 74 anos, poderá ter de responder por estelionato e curandeirismo. De acordo com o delegado Fabrício Conceição, responsável pelo caso, o religioso cobrava até R$ 500 para praticar exorcismo à distância.
“Chegou a informação dos próprios monges que viviam com ele. Ele fazia atendimentos que chama de parapsicológicos. Eu perguntei o que eram, e disseram que era um nome mais bonito para o padre que faz exorcismo”, disse ao G1 o delegado, após passar a tarde envolvido com depoimentos referentes ao caso.
Lorenzo Stefani/Prefeitura de Caçapava do Sul)
O valor era considerado uma “contribuição” pelo religioso, que atendia os fiéis por telefone ou pela internet e, depois, fazia uma reza. “Disseram que o valor era R$ 100, mas chegava até R$ 500″, disse o delegado.
Os dois monges que prestaram depoimento permanecerão morando no templo, que nesta quinta teve suspensos os alvarás para a realização de atividades religiosas e aulas de música e artesanato.
Ainda conforme a prefeitura, o Conselho Tutelar não constatou a presença de menores de idade morando no templo. Os conselheiros ficaram de orientar crianças e adolescentes a não frequentarem mais as aulas de música e outras atividades, bem como monitorar o cumprimento da interdição.
O caso
Excomungado da Igreja Católica em 2009 e da Anglicana em 2011, Dom Marcos foi preso na manhã de terça-feira durante operação da Polícia Civil no mosteiro que fundou para receber menores de idade em vulnerabilidade social, na Estrada do Salso, em Caçapava do Sul.
Ele é apontado pela Polícia Civil como responsável por pelo menos seis abusos de crianças e adolescentes. Desses, quatro já teriam prescrito e outros dois teriam ocorrido entre 2010 e 2011. A polícia acredita que o religioso cometia os crimes há mais de 50 anos em mais quatro estados.
Os supostos abusos de Dom Marcos foram revelados em reportagem exibida pela RBS TV em julho. O empresário mineiro Marcelo Ribeiro, de 49 anos, diz ter sido vítima de abuso sexual na década de 1980 em um coral de Novo Hamburgo, no Vale do Sinos. Seus relatos sobre os supostos abusos também foram narrados no livro “Sem Medo de Falar”, publicado recentemente.
“Quando eu tinha 11 para 12 anos em uma viagem, eu acordei com ele na minha cama. A partir daí os assédios começaram com beijos, com coisas, só que eu já era uma criança dominada por ele, eu já tinha uma obediência absoluta, isso facilitou o abuso sexual, que aconteceu dos 12 para 13 anos”, relatou o empresário.
Em entrevista à RBS TV, Dom Marcos negou os crimes (veja o vídeo acima). “Ele não sabe o que dizer para impressionar as pessoas que o escutam. Sei que ele escreveu um livro que não li nem me interesso em ler. Diz tudo quanto é coisa que lhe vem à cabeça, e o papel aceita tudo o que se escreve. Ele pagando, já que certamente pagou pela impressão, pode dizer o que quer e pronto”, afirmou o religioso.
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