O Natal deve ser encarado como um ciclo completo de vida, independentemente da importância que constitui a comemoração do nascimento de Jesus. Natal será sempre quando quisermos, assim o nosso coração o deseje
Nesta época das festividades natalícias são muitas as personalidades de todos os setores e continentes que apelam em favor da paz, enaltecem os valores humanos da solidariedade e do amor pelos outros. É bom que tal aconteça, mas é necessário que na prática isso corresponda à realidade diária e, de preferência, que seja lembrado durante todo o ano.
Todas as guerras são nefastas e trazem as mais diversas consequências que depois põem à prova o espírito de solidariedade das pessoas, das organizações de cariz social e de outras. Lembramos os mais recentes conflitos do Médio Oriente e África que neste momento estão a colocar à prova muitos países, europeus e não só. A Europa após a «invasão» de imigrantes já não voltará a ser a mesma, especialmente se não colocar em prática a causa comum que fez unir tantos países sob a sigla de União Europeia: a solidariedade.
A propósito das mensagens natalícias e fazendo menção àquela que foi emitida por Bartolomeu I, patriarca ecumênico de Constantinopla, este descreveu o «Menino Jesus como defensor dos refugiados de hoje, dos perseguidos dos Herodes». A «doçura» da Noite Santa de Natal, disse o Patriarca, carrega o «mistério da encarnação de Deus» no meio «da dor e do sofrimento da humanidade, da crise e das crises, das paixões e das inimizades, das inseguranças e das desilusões», embora no nosso tempo muitos pensem nela como o «ignóbil e implacável» Herodes. A esperança que, após as duas guerras mundiais, «as sociedades atuais pudessem assegurar a convivência pacífica dos homens em seus próprios países» não se concretizou.
Sublinhamos ainda a linha de pensamento de Bartolomeu I ao advertir que isso não é razão para que «a nossa responsabilidade, nós que ainda temos a bênção de viver em paz e com algum conforto, de ficar insensíveis diante do drama cotidiano de milhares de nossos irmãos».
«O Senhor Deus Menino nascido e levado para o Egito é o verdadeiro defensor dos refugiados de hoje, dos perseguidos dos Herodes do nosso tempo», afirmou Bartolomeu. «A assistência e a nossa ajuda aos perseguidos e aos nossos irmãos deportados, independentemente da raça, estirpe e religião, serão para o Senhor que nasce dons mais preciosos do que os presentes dos magos, tesouros mais dignos do que ouro, incenso e mirra (Mateus 2,11)», concluiu o Patriarca.
Também o Papa Francisco sempre tem manifestado a sua grande preocupação com as pessoas que saem dos seus países e demandam novas paragens para as suas famílias. Recordamos que durante a visita de Mons. Galantino à Jordânia (em Agosto passado), Francisco enviou uma mensagem ao bispo Lahham na qual expressa solidariedade com os refugiados e gratidão com aqueles que cuidam deles.
É «uma palavra de esperança», a que o Papa enviou para todos os que, «oprimidos pela violência, foram forçados a abandonar as suas casas e as suas terras». A memória do Papa torna-se, portanto, «apelo solidário» e quer ser «o sinal de uma Igreja que não esquece e não abandona os seus filhos exilados por causa da fé»: «Sabemos que uma oração diária se eleva por vocês, juntamente com o reconhecimento por causa do testemunho que nos dão», assumiu o Pontífice.
É importante que as mensagens que nos são transmitidas, especialmente pela Igreja, «mexam» connosco, afinal falam-nos do irmão que, perto ou longe, necessita da nossa solidariedade. Temos a obrigação de abrir o nosso coração ao outro, àquele que sofre as agruras terríveis da falta do essencial para viver.
Por isso devemos empenhar-nos na ajuda que possamos prestar, seja de ordem material, espiritual ou outra. O Patriarca ecuménico de Constantinopla apela para «a nossa responsabilidade, nós que ainda temos a bênção de viver em paz e com algum conforto». Não nos iludamos: a nossa opção pelo que necessita deve ser clara e eficaz. Precisamos de ouvir o nosso coração solidário e viver o Nascimento do Redentor hoje, amanhã e sempre. Só assim seremos felizes.
Fátima Missionária
Nascer, viver e morrer é Natal
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