Padre Geovane Saraiva*
Comemoramos neste dia 11 de
Julho São Bento. Bento quer dizer benção, quer dizer bendizer, abençoar. Toda
benção vem de Deus, Senhor da vida, da história e da criação e dele depende a
pessoa humana, os animais, a natureza e toda realidade que existe no universo (cf.
Gn 1, 22ss). Benção é considerada como uma manifestação da força divina e
que passa de pai para filho, pela palavra transmitida e mesmo pelo gesto das
mãos. Olhemos para Jesus em chamar para si as crianças e as abençoar (cf. Mc 6,
41).
É por aí que devemos olhar para
São Bento. Ele nasceu em Úmbr ia,
na Itália (480-547). Estudou na cidade
eterna e tornou-se uma figura humana extraordinária, que marcou e influenciou
em profundidade os destinos da humanidade, ao escolher o Senhor por sua herança
e sua taça, consciente de que lhe coube por sorte uma boa parte; sim, o mais
belo e o que há mais maravilhoso, a eternidade (cf. 15, 5).
Bento vai para a gruta de Subiaco,
reunindo um grupo de fiéis seguidores, com o desejo viverem a partir do
Evangelho, fazendo uma rica experiência do amor de Deus, indo mais tarde para o
Monte Cassino. Não existia até então na Europa, ao contrário do Oriente,
instituições com uma força mística dessa natureza. São Bento sentiu-se
inspirado e motivado para a contemplação e o tempo de solidão naquele lugar
apropriado e sagrado, Subiaco, foi preciosíssimo e fundamental no seu projeto
de vida, à luz da Palavra de Deus.
São Bento deixou para trás sua
casa, seus bens e sua família, com uma única vontade: experimentar e fazer a
vontade de Deus, buscando um estilo de vida e de santidade, pela oração e pelo
trabalho, que escolheu como lema: “ora et labora”, tornando-se um cristão por
excelência, na compreensão da Palavra de Deus, convicto de que a mesma tinha que ser vivida em profundidade na comunidade.
O Monte Cassino foi o local sagrado e de fato
próximo da glória de Deus. Lá construiu o
histórico mosteiro e escreveu a sua regra de vida, difundida em muitos países
da Europa, valendo o título de patriarca do monaquismo do Ocidente. “O Deus, que fizestes o abade São Bento preclaro mestre na escola do vosso serviço, concedei que, nada preferindo ao vosso amor, corramos de coração dilatado no caminho dos vossos mandamentos” (Missal Romano, p. 616).
No cume de um lugar santo e
abençoado, lugar de Deus (cf. Mt 5, 1ss), edificou o Mosteiro, considerado um
centro de irradiação da vida monástica, na contemplação, na oração e na
meditação, realizou o sonho ideal da vida consagrada, vivendo em comunidade a
Palavra de Deus, sob o comando de um mestre espiritual, o abade. Esse jeito de viver cresceu de
tal modo, que duzentos anos mais tarde, a regra São Bento vigorava em toda a
Europa, eliminando praticamente todas as demais formas de vida consagrada.
São Bento foi e continua sendo
uma benção e um patrimônio para todos nós cristãos. Que ele nos inspire, na
nossa realidade atual, com seus desafios e suas exigências, a vida cristã,com
equilíbr io, conscientes de
que somos chamados, através do trabalho e da contemplação da Palavra de Deus, a
encontrar Jesus, nosso Mestre. Numa palavra, colocar na nossa mente e no nosso
coração o lema de Bento de Núrsia: – “ora et labora”.
*Pe.
Geovane Saraiva, sacerdote da Arquidiocese de Fortaleza, Escritor, Membro da
Academia de Letras dos Municípios do Estado Ceará (ALMECE), e da Academia
Metropolitana de Letras de Fortaleza
Pároco de Santo Afonso
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