Um atleta da delegação olímpica espanhola decidiu consagrar a sua vida a Deus e vai entrar para o seminário assim que terminar sua participação nos Jogos de Londres. De acordo com a Catholic New Agency, Carlos Ballve, jogador de hóquei em campo, participa pela primeira vez das Olimpíadas e espera aproveitar esta “experiência incrível e preciosa” para “ganhar” mas também “para crescer na vivência da fé e na partilha de Deus com pessoas vindas de todas as partes do mundo”.
O final da prova olímpica vai marcar o início da sua caminhada para o sacerdócio, num seminário na Bélgica, depois de um período de discernimento iniciado em 2005. No Verão desse ano, a sua vida mudou radicalmente, enquanto estava num campeonato do mundo na categoria de sub-21.A sua equipe “começou muito mal” a competição e Carlos decidiu “assumir um compromisso com Deus”.
O jovem disse a Deus que “se ajudasse a equipe a melhorar a sua prestação” ele iria até Medjugore (pequena região da Bósnia Herzegovina onde alegadamente ocorreram aparições de Nossa Senhora) em peregrinação com o pai.A sua seleção “fez história”, conquistou uma inédita “medalha de bronze” e o atleta cumpriu a sua promessa.
No entanto, apesar do reforço que aquele episódio trouxe à sua fé, “alguma coisa dentro de si dizia-lhe” que faltava algo mais à sua vida, “era livre mas não era feliz”. E foi assim que, mesmo no auge da sua carreira, Carlos Ballve decidiu parar e partir em busca de Deus.
A organização dos Jogos de Londres, que se concluem a 12 de agosto, reservou espaços inter-religiosos de oração e silêncio para os 16 mil atletas de mais de 200 países, incluindo Portugal. O centro interconfessional da aldeia olímpica inclui mais de 50 clérigos cristãos, judeus, muçulmanos, budistas e hinduístas, entre outros, para "oferecer apoio, cuidado pastoral e ajuda espiritual”, bem como vários momentos de celebração e encontros de grupo, refere o site do evento.
Momento de Espiritualidade
No pátio da igreja Católica de São Francisco de Assis, perto da Vila Olímpica, em Londres, alguns voluntários da Finlândia, membros da organização evangélica “Youth with a mission”, fazem perguntas aos frades sobre a vocação católica. O espírito das Olimpíadas é também este, um novo diálogo entre as religiões cristãs e a vontade de alcançar juntos quem se afastou de Cristo. Nesta paróquia, frequentada por mais de mil pessoas todos os domingos, o grupo de jovens vindos da Finlândia, colabora com os frades vindos de Portugal, Argentina, Singapura, Ilhas Maurício, França, Colômbia e também da comunidade de Palestrina, perto de Roma.
Saem juntos pelas ruas ao redor da Vila Olímpica, os jovens vestindo uma camiseta com a frase “More than gold” (mais do que ouro), a organização ecumênica que organizou as atividades de evangelização em todo o Reino Unido, e os frades com sua veste marrom.
“Não fazemos proselitismo, impondo o cristianismo”, explica Alice Lamula, voluntária finlandesa, que está na capital inglesa junto com seu marido, “procuramos fazer perceber aos presentes que os amamos e que nosso afeto vem de Jesus”. Depois os convidamos para as celebrações ou a tomar alguma coisa no espaço aberto pela paróquia, organizado para receber os visitantes que chegam a Stratford para ver as competições.
“No metrô as pessoas ficam curiosas ao ver nossa roupa e fazem perguntas. Isto é também uma maneira de testemunhar Cristo”, explica padre Anthony Cho. “Por ocasião da cerimônia de abertura dos jogos organizamos uma festa: as pessoas de várias comunidades trouxeram comida e fizemos torcida uns pelos times dos outros, olhando as Olimpíadas num telão”. Para Padre Cho, os Jogos Olímpicos são uma ótima oportunidade para melhorar as relações dentro dessa comunidade multicultural em que os paroquianos vivem, com origens em diferentes países do mundo: Europa do Leste, Malásia, Singapura, Caribe.
“Até o dia 10 de agosto, ficará exposto o Santíssimo Sacramento das 9h da manhã até às 18h, locais, e haverá quatro noites dedicadas às orações de Taizé. No último dia das Olimpíadas, 12 de agosto, o bispo de Brentwood, dom Thomas McMahon, celebrará a missa de ação de graças”, diz o padre Anthony Cho.
Fonte: CNBB
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