Dom Sergio da Rocha*
Na proximidade do Natal de Jesus, a
Liturgia da Palavra nos apresenta a figura de Maria de Nazaré, mãe do Messias
anunciado pelos profetas, como Miquéias. Com ela, aprendemos a vivenciar este
tempo do Advento. Enquanto aguardava o nascimento de Jesus, ela foi visitar
Isabel, que também estava grávida, necessitada de ajuda fraterna,
considerando-se, em especial, a sua idade avançada. O fato de dirigir-se,
“apressadamente”, à casa de Isabel, demonstra a urgência da situação e a
prontidão de Maria em estar com Isabel. Aquela que, pouco antes, na Anunciação,
se apresentou como a “serva do Senhor”, logo depois, na Visitação, se faz a
serva de Isabel, nos ensinando a servir a Deus, através dos irmãos que mais
necessitam de nós. Maria permanece com Isabel durante três meses, numa atitude
de extraordinária generosidade.
Conforme o exemplo de Nossa Senhora,
também nós, devemos aguardar a solenidade do nascimento de Jesus, através da
vivência da caridade para com todos, principalmente, para com os mais
necessitados de nosso amor, oração, serviço e solidariedade. Quando agimos
deste modo, nos tornamos portadores da alegria que vem da presença de Jesus,
como ocorreu na visita de Maria a Isabel.
A atitude de Isabel também nos ensina
a bem viver o Advento do Senhor. Ela acolhe Maria, que lhe traz a presença de
Jesus, com louvor, humildade e alegria. Com Isabel, nós também queremos louvar
a Mãe do Salvador e ao seu filho Jesus, exclamando como tantas vezes fazemos ao
rezar a singela oração da Ave-Maria: “bendita és tu entre as mulheres e bendito
é o fruto do teu ventre!”. Às vésperas do Natal, procuremos imitar Isabel,
repetindo, com fervor, as palavras que ela dirigiu a Maria e a Jesus.
A profecia de Miquéias se cumprirá no
nascimento do Messias, na pequenina Belém. Segundo o Profeta, a paz caracteriza
o Messias esperado e o seu reinado: “os homens viverão em paz e ele mesmo será
a Paz” (Mq 5,3-4). Seja o Natal, tempo de paz em nossas famílias!
Estamos chegando ao final do Advento.
É importante refletir sobre como vai a nossa preparação para o Natal de Jesus.
Sem a devida preparação cristã, não se celebra o Natal de modo cristão, isto é,
o nascimento de Jesus. A preocupação com festas ou presentes não pode ofuscar
ou substituir o sentido genuíno do Natal do Senhor e o presente maior a ser
recebido que é o próprio Jesus. Para que o Natal seja o “Natal Do Senhor”, é
preciso que a preparação seja feita de muita oração, escuta da Palavra de Deus,
participação na Eucaristia e da vivência do amor fraterno, que poderá exigir de
nós o perdão e a reconciliação.
*Arcebispo Metropolitano de Brasília
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