Encontro de Natal com a Cúria Romana marcado por críticas a ideologia de género e alterações jurídicas ao casamento
Cidade do Vaticano, 21 dez 2012 (Ecclesia) – Bento XVI classificou hoje como um "atentado” a mudança da definição legal de casamento,em vários países, e criticou a ideologia de género por promover uma “revolução antropológica” que se fundamenta numa “falsidade”.
“Se antes tínhamos visto como causa da crise da família um mal-entendido acerca da essência da liberdade humana, agora torna-se claro que aqui está em jogo a visão do próprio ser, do que significa realmente ser homem”, referiu o Papa, no Vaticano, durante o encontro de Natal com os membros da Cúria Romana. Citando o rabino-chefe de França, Gilles Bernheim, Bento XVI frisou que o “ataque à forma autêntica da família (constituída por pai, mãe e filho)” está a atingir uma “dimensão ainda mais profunda”. “Na questão da família, não está em jogo meramente uma determinada forma social, mas o próprio homem: está em questão o que é o homem e o que é preciso fazer para ser justamente homem”, sustentou. O Papa aludiu em particular a uma “nova filosofia da sexualidade” que parte do vocábulo ‘gender – género’, segundo a qual “o sexo já não é um dado originário da natureza que o homem deve aceitar e preencher pessoalmente de significado”. “Salta aos olhos a profunda falsidade desta teoria e da revolução antropológica que lhe está subjacente. O homem contesta o facto de possuir uma natureza pré-constituída pela sua corporeidade, que caracteriza o ser humano”, precisou. Segundo Bento XVI, é incontestável, especialmente no mundo ocidental, a “crise” que ameaça a família “até nas suas próprias bases”. “Os desafios, neste contexto, são complexos. Há, antes de mais nada, a questão da capacidade que o homem tem de se vincular ou então da sua falta de vínculos”, assinalou. O Papa declarou que a recusa desses laços definitivos promove o desaparecimento de “figuras fundamentais da existência humana: o pai, a mãe, o filho”. “Agora existe apenas o homem em abstrato, que em seguida escolhe para si, autonomamente, qualquer coisa como sua natureza”, lamentou, numa reflexão que partiu da recordação do Encontro Mundial das Famílias em Milão (1-3 de junho). “Quem defende Deus, defende o homem”, frisou. Num balanço do ano, o Papa passou em revista as suas duas viagens internacionais, ao México e Cuba (23-29 de março de 2012) e ao Líbano (14-16 de setembro), destacando em particular a passagem por território cubano, onde “se tornou percetível a presença daquele [Deus] a quem, por muito tempo, se quisera recusar um lugar no país”. No Líbano, o Papa entregou uma exortação apostólica que quer “constituir, na vida das Igrejas e da sociedade no Médio Oriente, uma orientação nos difíceis caminhos da unidade e da paz”. O último acontecimento destacado foi o Sínodo sobre a Nova Evangelização, que constituiu “um início comunitário do Ano da Fé”, com o qual se evoca a abertura do Concílio Vaticano II, 50 anos atrás, “para o compreender e assimilar novamente na atual situação em mudança”. “Encontramo-nos no fim de mais um ano, também este caraterizado – na Igreja e no mundo – por muitas situações atribuladas, por grandes problemas e desafios, mas também por sinais de esperança”, disse Bento XVI. OC |
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