“A ti corremos, Angélico Pastor, Em ti nós vemos o doce
Redentor. A voz de Pedro na tua o mundo escuta, não vencerão as forças do
inferno, mas a verdade, o doce amor fraterno!”
Hino do Vaticano
Padre
Geovane Saraiva*
Neste mês de março o
mundo católico terá um novo Sumo Pontífice. O quer dizer Pontífice? Pontífice
quer dizer ponte e tem a função de ligar uma margem à outra de um rio. No caso
do Sucessor de Pedro, o múnus que lhe competirá é o de fazer a ligação da terra
ao céu, numa misteriosa troca de dons. Penso que será uma feliz ocasião em que
o povo de Deus irá reavivar a sua fé e avançar para as águas mais profundas,
orientados pela palavra segura, fecunda e esperançosa do futuro papa,
representante legítimo e visível de Cristo aqui na terra (cf. Lc 5, 4-7; MT 16,
18 ).
Que ele seja um
autêntico pai na caridade, num grande esforço de sempre mais proporcionar um estreito
relacionamento da Igreja com o mundo contemporâneo, no meu modo de perceber as
coisas, igualmente gritante, quando da ocasião Concílio Vaticano II, tendo por
base os princípios doutrinários da Mãe Igreja, nestas palavras: “As alegrias e
as esperanças, as tristezas e as angústias dos homens de hoje, sobretudo dos
pobres e de todos aqueles que sofrem, são também as alegrias e as esperanças,
as tristezas e as angústias dos discípulos de Cristo; e não há realidade alguma
verdadeiramente humana que não encontre eco no seu coração” (GS, 200).
Visto pelos olhos da
fé, o gesto de Bento XVI, que surpreendeu o mundo, revela-nos o sopro do
Espírito Santo e que foi humildemente acolhido por todos. Renúncia durante seis
séculos era tida como um sinal de fraqueza, mas que agora foi transformado e
visto como uma atitude de extraordinária grandeza.
Nossa confiança é enorme, sobretudo,
ao refletirmos sobre a parábola do pai misericordioso (Lc 15, 11-32), porque
somos chamados a sonhar com um papa totalmente identificado com o pai da
passagem deste Evangelho, no seu amor infinito e acolhedor, que soube no
momento exato compreender e compadecer-se da miséria do filho mais novo, num
gesto extraordinário de generosidade, ao mesmo tempo em que experimentou a
alegria e a felicidade de seu retorno a casa.
Vamos esperançosos, contar com um
papa que saiba compreender a humanidade, representada pelo filho mais novo, que
deixou seu pai querido, numa aventura de assumir e administrar sua própria vida
e seus bens, que terminou na irresponsabilidade e na inconsequência.
Igualmente, numa pedagogia marcada pela misericórdia, que saiba ir ao encontro
do filho mais velho, que também representa a mesma humanidade, para falar-lhe
da necessidade de misericórdia e conversão do coração, diante da dor, da
miséria e do sofrimento humano, exigindo-lhe amor, compaixão, solidariedade e
ternura.
Num mundo marcado
pelo pluralismo, na diversidade de pensamentos e opções de vida, alimenta-se
sempre mais o sonho de um mundo fraterno, onde o Espírito Santo aja em toda sua
plenitude, através do novo papa que logo assumirá a função maior na Igreja
Católica. A nossa ardorosa súplica ao bom Deus, diante da missão
incomensurável, que ele seja causa de grande alegria, além de ser fermento, sal
e luz para toda a humanidade, ávida dos ensinamentos do Sucessor de Pedro.
Jesus Cristo continua
a afirmar: “O que vos peço é que não os tireis do mundo, mas os livreis do mal”
(Jo 17, 15). A Igreja vive inserida num mundo onde há pedofilia, homossexualidade
e segunda união. Mesmo sendo uma organização de voluntários, espera-se de seus
membros obrigações e vínculos, onde não se prescindem clareza e convicção.
Jamais podemos esquecer que o novo Pastor Universal terá, através do anúncio do
Evangelho e do diálogo, a tarefa de fermentar o mundo e a própria criação, na
edificação do Reino de Deus e sua justiça.
Com a chegada do novo
Vigário de Cristo na terra, que o planeta possa ser alegremente contemplado, no
sentido de que os cristãos sejam estimulados e fomentados a um grande
compromisso de dialogar e cuidar da criação, nas suas mais diversas realidades.
O mundo precisa carinhosamente de práticas ecológicas e ambientais, para que a
fé da humanidade possa se tornar cada vez mais viva e coerente com aquilo que
se acredita.
*Padre da Arquidiocese de Fortaleza, Escritor,
Membro da Academia de Letras dos Municípios do Estado Ceará (ALMECE), da
Academia Metropolitana de Letras de Fortaleza e Vice-Presidente da Providência
Sacerdotal.
Pároco de Santo Afonso
Autor dos livros:
“O peregrino da Paz” e “Nascido Para as Coisas
Maiores” (centenário de Dom Helder Câmara);
“A Ternura de um Pastor” - 2ª Edição
(homenagem ao Cardeal Lorscheider);
“A Esperança Tem Nome” (espiritualidade e
compromisso);
"Dom Helder: sonhos e utopias" (o
pastor dos empobrecidos).
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