Reunião das líderes brasileira e argentina abordou relações comerciais e cooperação
Buenos Aires. As presidentes do Brasil, Dilma Rousseff, e da Argentina, Cristina Kirchner, começaram a analisar, ontem, em Buenos Aires, uma ampla agenda que inclui assuntos sensíveis da relação entre os dois países com foco na forte queda das exportações brasileiras.
Dilma foi recebida por Cristina na esplanada da Casa Rosada. Depois, as duas seguiram para o gabinete presidencial para iniciar a reunião foto: reuters
“Ambas as presidentes iniciaram na Casa Rosada (governo) um extenso diálogo, do qual participarão os ministros da área do tema que for analisado”, disse uma fonte do governo em Buenos Aires que pediu para não ser identificada.
A Argentina instrumentalizou medidas protecionistas que tiveram impacto nas exportações do Brasil, seu principal sócio comercial.
O Brasil vendeu para a Argentina US$ 17,998 bilhões, um retrocesso de 20,7% contra os US$ 22,709 bilhões de 2011. Já as importações caíram 2,7%, chegando a US$ 16,444 bilhões em 2012, segundo números oficiais do governo brasileiro.
O déficit comercial argentino, que em 2011 foi de US$ 5,802 bilhões, caiu para US$ 1,554 bilhão no ano passado, quando a Argentina impôs fortes restrições às importações.
Outra questão sensível é a decisão da companhia Vale de abandonar um projeto de mineração em Mendoza, alegando que o custo do investimento duplicou, saindo de US$ 6 bilhões para US$ 12 bilhões.
Além disso, Brasil e Argentina analisaram o Pacto Automotivo Comum (PAC) em vigor, que vence em meados deste ano.
“A reunião acontece em um contexto de nível baixo das relações bilaterais e não se deve esperar resultados concretos”, disse o economista Dante Sica, diretor da Abeceb.com, a maior consultoria que se ocupa da relação bilateral.
Em um relatório especial, Sica diz que “talvez, com o encontro, consiga-se dinamizar as negociações pendentes pelo novo Acordo Automotivo bilateral”.
“Mas ainda é uma incógnita a vontade das presidentes de avançar nesse ponto, que é crucial para o desenvolvimento da indústria automotiva nos próximos anos”, completou.
O Itamaraty informou que as duas líderes trataram ainda de projetos de cooperação em ciência inovação e sustentabilidade em temas como energia nuclear, defesa, empreendimentos hidrelétricos, construção de satélites, indústria naval e educação.
A Argentina é o terceiro sócio comercial do Brasil, depois de China e Estados Unidos, enquanto os principais parceiros da Argentina são Brasil, China, Chile e Estados Unidos, de acordo com números oficiais do INDEC.
A cúpula de Buenos Aires acontece no momento em que o Paraguai, depois de eleger seu novo presidente, o milionário Horacio Cartes do Partido Colorado, habilitou-se para voltar às plenárias do Mercosul.
O Paraguai foi excluído do Mercosul e da União de Nações Sul-Americanas (Unasul) devido à polêmica destituição do então presidente Fernando Lugo pelo Congresso, em junho do ano passado.
Mercosul e Unasul decidiram que, depois das eleições, com um novo presidente legitimado nas urnas, o Paraguai poderá recuperar seu lugar.
Dilma, que chegou a Buenos Aires depois do meio-dia de ontem, foi recebida por Cristina na esplanada da Casa Rosada. Depois, as duas seguiram para o gabinete presidencial para iniciar a reunião.
A visita oficial da líder brasileira terminou com um jantar de honra, que foi oferecido pela anfitriã, no Museu do Bicentenário, situado dentro do complexo da sede do Executivo argentino.
Diário do Nordeste
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