Governo de Enrico Letta contará com membros dos principais partidos. Posse de premiê foi marcada por tiroteio
Roma. O novo governo italiano liderado pelo moderado Enrico Letta prestou juramento ontem, apoiado numa inédita coalizão de partidos da esquerda e direita com a qual pretende tirar o país da recessão econômica, apesar da falta de experiência de vários de seus ministros.
Ao lado do presidente Giorgio Napolitano, Enrico Letta toca o sino de prata e abre oficialmente a primeira reunião de seu gabinete. O primeiro-ministro foi escolhido para tentar salvar a Itália da crise FOTO: REUTERS
Enrico Letta, incumbido na quarta-feira pelo presidente Giorgio Napolitano de formar um governo, foi o primeiro a jurar sobre a Constituição. Foi seguido pelos 21 ministros de seu gabinete. O evento durou menos de meia hora.
O gabinete de Letta se destaca por uma idade média relativamente baixa (53 anos, dez anos a menos que o governo Monti) e por uma forte presença feminina (7 dos 21 ministros).
O novo Executivo, formado após dois meses de paralisia política, é resultado de uma divisão equilibrada, com nove ministros do Partido Democrata, maior grupo de centro-esquerda, cinco do partido do ex-premiê Silvio Berlusconi, o Povo da Liberdade (direita), três centristas e quatro tecnocratas.
De acordo com a maioria dos analistas, o governo era - como afirmou o presidente Giorgio Napolitano - "o único governo possível" após as eleições legislativas de 24 e 25 de fevereiro, nas quais a esquerda ganhou a maioria absoluta na Câmara de Deputados, mas não no Senado.
Diversos jornais de esquerda, como o "Il Fatto Quotidiano", expressaram sua preocupação acerca da influência que Berlusconi poderia ter sobre o Executivo, já que seu braço direito, o próprio vice-premiê Alfano, é o número dois do governo.
Menino prodígio
O novo premiê italiano é considerado o menino prodígio da política, com uma longa experiência nos últimos governos de centro-esquerda. Letta, de 46 anos, provém da finada Democracia Cristã, foi três vezes ministro e é, acima de tudo, uma das personalidades mais jovens do panorama italiano.
De origem toscana, nascido em Pisa no dia 20 de agosto de 1966, ele conta com uma boa experiência na gestão de um Executivo não apenas como ministro, mas também por ter sido subsecretário de Estado durante o governo de centro-esquerda de Romano Prodi (2006-2008).
De 2009 a 2013 foi subsecretário do maior grupo de esquerda do país, o PD, partido vencedor parcial das eleições legislativas do fim de fevereiro. É conhecido por sua diplomacia e por manter boas relações com todos os grupos políticos.
Casado e pai de três filhos, é muito prudente diante das reformas, entre elas a do aborto e do casamento homossexual.
Tiroteio
Enquanto isso, em frente ao Palácio Chigi, sede do governo, a 1 km de distância, um homem abriu fogo. Dois policiais ficaram feridos na ação. Uma bala ainda atingiu de raspão a uma pedestre, que recebeu atendimento médico.
O autor dos disparos é um calabrês de 49 anos que se apresentou em frente ao Palácio Chigi vestido de terno e gravata, antes de abrir fogo. "É o gesto de um louco desequilibrado", afirmou o prefeito de Roma, Gianni Alemanno.
Trata-se de um ato isolado de um desempregado que queria se suicidar, afirmou o novo ministro italiano do Interior, Angelino Alfano. Segundo ele, "não há preocupação pela situação geral de ordem pública". A vigilância dos alvos de risco foi reforçada.
Diário do Nordeste
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