Quixadá. A Associação de Pais e Amigos de Pessoas Especiais de Quixadá (Apapeq) está visitando instituições de ensino para orientar professores sobre o processo de inclusão nas escolas tradicionais. O autismo, uma disfunção global do desenvolvimento, o qual afeta a capacidade de comunicação do indivíduo, de socialização e de comportamento, muito explorado ultimamente pela mídia, é assunto antigo na Apapeq.
A Apapec oferece serviços de sua equipe multiprofissinal para facilitar a inclusão de alunos portadores de necessidades especiais fotos: Alex Pimentel
A Associação está preocupada com o processo de inclusão dos portadores de necessidades especiais nas salas de aula e, por isso, visitando essas instituições de ensino regular na cidade.
A inclusão de especiais nas escolas tradicionais foi estabelecida pelo Ministério da Educação (MEC). Por isso, a Apapeq está oferecendo aos professores assistência para a educação dos alunos especiais.
Conforme a presidente da Apapec, a psicopedagoga Vera Lúcia Bezerra, ainda existe uma barreira muito grande para incluir os portadores de necessidades especiais no ensino regular.
Despreparo
A maioria dos professores ainda não está preparada para essa realidade. Ela critica o MEC pela pressa em cumprir a lei de inclusão firmada internacionalmente, mas sem o aval de quem enfrenta o problema: os pais e os educadores. No Ceará, esse problema não é tão grave porque o Governo do Estado está tolerante, encontrou um meio-termo para atender às exigências do Governo Federal.
À frente da Sociedade Beneficente Ana Almeida Machado (Sobam), a professora Aldenora Machado tem uma posição mais radical a cerca do plano de inclusão educacional para os alunos especiais. Dedicada à formação de surdos-mudos, ela enfatiza não haver professores suficientes nas salas de aula com conhecimento em libras, a língua dos sinais. Mesmo com tradutores, os alunos portadores dessa necessidade não conseguem nem se alfabetizar. "Obrigá-los a acompanhar as turmas regulares é um grande erro para a formação desses alunos", acrescenta a docente.
Segundo a técnica da Célula de Educação Especial da Secretaria de Educação do Ceará (Seduc), professora Sonia Katia Evaristo, a Seduc mantém processo contínuo de formação de educadores em Atendimento Educacional Especializado (AEE).
Por meio da Seduc, o Governo do Estado disponibiliza vários centros de formação. Atualmente, mais de mil professores, de todo o Estado, estão participando dos cursos. Mas ela reconhece, a demanda é muito maior. Isso se deve ao fato dos pais estarem deixando os filhos portadores de necessidades especiais saírem de dentro de suas casas. Antes, eram mantidos escondidos. O preconceito está reduzindo, e o conhecimento sobre seus direitos também.
O Governo do Estado mantém um Centro de Referência Especializado, com cursos permanentes de formação em braile, libra e AEE. Além dos professores das redes de ensino público, os pais podem participar. Existem, na capital, escolas especializadas para cegos e surdos-mudos. Cerca de três mil alunos são beneficiados. A assistência é complementada com um laboratório de produção de material didático, de livros em braile, produzidos com o auxílio de transcritores e revisores.
"Infelizmente, boa parte dos alunos não concluem os estudos com bom rendimento porque não recebem atendimento cedo. À medida que a idade avança, a educação escolar se torna mais difícil", acrescenta a técnica.
Autistas recebem assistência há quase uma década. A presidente da Apapeq concorda com a representante da Seduc, e até elogia o Governo do Estado pelos avanços e a flexibilidade quanto às políticas públicas educacionais de inclusão. Mas ela acredita que ainda está faltando articulação entre todos os segmentos. "A inclusão é um trabalho em rede, entre a Educação, a Saúde e a Ação Social e isso não está acontecendo", afirma.
Para comemorar os avanços no segmento, a Apapeq realiza a Semana da Pessoa com Deficiência em Quixadá. Na programação, visita às escolas públicas e particulares até o dia 28, e rodas de conversa com pessoas que trabalham com deficientes.
Mais informações
Associação de Pais e Amigos de Pessoas Especiais de Quixadá (Apapeq)
Rua Basílio Pinto, 1255 - Quixadá
Telefone: (88) 9907.2741
ALEX PIMENTELCOLABORADOR
Diário do Nordeste
Nenhum comentário :
Postar um comentário