24/08/2013

Salvação: generosa resposta ao dom oferecido por Deus

Padre José Fernandes De Oliveira*

Neste domingo - vigésimo primeiro do tempo comum, Jesus nos ensina que a salvação cristã não é um direito adquirido, mas uma generosa resposta ao dom oferecido por Deus. Não está, por isso, reservada somente aos que se tornam verdadeiros discípulos seus, mas a todos. Jesus está a caminho de Jerusalém, passa por cidades e vilas e seguido por um grande número de pessoas. Não segue calado, mas vai catequizando aos que o seguem. De repente, alguém do meio da multidão lhe faz uma intrigante pergunta: "Senhor, é verdade que são poucos os que se salvam?". A pergunta não deixa de ser oportuna, mas está mal posta, porque centra a sua atenção na quantidade. Ela, de fato, dá a impressão de se querer quantificar o resultado da pregação de Jesus e mesurar com isto a probabilidade estatística dos que se salvarão. 
Foto: 24.08.13. Neste domingo - vigésimo primeiro do tempo comum, Jesus nos ensina que a salvação cristã não é um direito adquirido, mas uma generosa resposta ao dom oferecido por Deus. Não está, porisso, reservada somente aos que se tornam verdadeiros discípulos seus, mas a todos. Jesus está a caminho de Jerusalém, passa por cidades e vilas e seguido por um grande número de pessoas. Não segue calado, mas vai catequizando aos que o seguem. De repente, algúem do meio da multidão lhe faz uma intrigante pergunta: "Senhor, é verdade que são poucos os que se salvam?". A pergunta não deixa de ser oportuna, mas está mal posta, porque centra a sua atenção na quantidade. Ela, de fato, dá a impressão de se querer quantificar o resultado da pregação de Jesus e misurar com isto a probabilidade estatística dos que se salvarão. Na verdade, em vez de a gente se preocupar com o número dos que se salvam, mas importante é nos esforçar para estarmos entre os que se salvam. Jesus, sem levar em conta cifras e estatísticas, responde pondo em realce o risco, que se faz sério e real, de se perder a própria vida e de perdê-la para sempre. Não é por acaso que a palavra "reino de Deus" tem um claro significado escatológico por ser sinônimo do que na linguagem cristã se chama de "paraíso". O horizonte de Jesus não é pessimista, porque se volta para o grande banquete que Deus prepara para todos quantos acolherem na sua vida o seu Filho, mas com o cuidado de dizer que a grande sala onde vai se dá este banquete tem uma porta estreita. A relação entre aqueles que pretendem participar do banquete e a porta estreita não é sinônimo de um número fechado. E esta porta é, em primeiro lugar, fundamentalmente, Jesus. É  estreita porque é única e quem quiser entrar para participar do banquete deve passar por ela; é única, porque coincide com a vida de Jesus. Por isso, salvação significap conformar a própria vida à de Jesus; a estrada que Deus tem seguido em Jesus para nos amar é também a estrada que nós devemos seguir, a única que nos fará reconhecível para o ingresso no reino. Porta estreita, porque única, mas aberta e adaptada para todos. Se muitos não passam, não é porque seja apertada demais, mas porque passar por ela deve ser uma escolha livre de cada um. Não se passa por ela em forma de multidão, mas cada um por ela passa porque se fez discípulo de Jesus. É estreita também no sentido que entra um de cada vez, na medida em que se tornando discípulo de Jesus fez da sua vida a vida de Jesus. Além de estreita, a porta tem outra dimensão: num determinado momento ela será fechada. Por isso, existe um tempo limitado para se fazer a escolha de passar ou não por ela. E este tempo é o hoje da nossa vida, da nossa disposição de fazer do tempo da nosssa vida o momento da graça de Deus, vendo nesse tempo o mais precioso que Deus nos concede. Daí a ênfase de Jesus em dizer que devemos nos esforçar para entrar, pois, na verdade, a vida cristã é também uma luta constante, mas sustentada pela graça daquele que caminha adiante de nós, o próprio Senhor. Não se trata, contudo, de uma luta somente com inimigos externos, mas com nós mesmos. É, antes de tudo, a luta contra a ilusão acerca da própria fidelidade: "nós comemos e bebemos diante de ti e tu ensinaste em nossas praças". Estas palavras são ditas para nós cristãos, porque praticamos gestos importantes como a participação na eucaristia e na escuta da Palavra e, no entanto, continuamos a ser "operadores da iniquidade". A alegação de tudo isso que fizemos contém em si mesma a nossa própria condenação. Quantos, dentre nós, reconhecem de ter participado do dom dom de Deus, mas sem se deixar envolver-se. A luta do cristão é, por isso, também luta contra a autossuficiência. Aqueles que Jesus cita presentes na mesa do reino se encontram distantes no tempo. Aos contemporâneos de Jesus e a nós, que nos dizemos seus discípulos e missionários, mas agimos como impenitentes agentes da iniquidade, se opôem os nossos antepassados, lembrados por Jesus, e que já estão sentados à mesa do banquete. Uma nova desgraça que pode recair sobre nós é que os últimos poderão ser os primeiros ou vice-versa. Não existe nada de automático, nem mesmo na ruína do pecado, porque tudo depende de passar ou não pela porta estreita. Com efeito, há santos que se tornaram pecadores na hora da morte por causa da presunção de já estarem salvos e há pecadores que se tornaram santos na hora da morte por um arrependimento ssincero e verdadeiro da vida pecaminosa que levaram. Estes, apesar de tudo, passaram pela porta estreita; aqueles, não. Mas, atenção. É sempre muito perigoso deixar tudo para o último momento da nossa vida. Afinal, não sabemos nem quando nem como saíremos definitivamente deste mundo. Amém.
Na verdade, em vez de a gente se preocupar com o número dos que se salvam, mas importante é nos esforçar para estarmos entre os que se salvam. Jesus, sem levar em conta cifras e estatísticas, responde pondo em realce o risco, que se faz sério e real, de se perder a própria vida e de perdê-la para sempre. Não é por acaso que a palavra "reino de Deus" tem um claro significado escatológico por ser sinônimo do que na linguagem cristã se chama de "paraíso". O horizonte de Jesus não é pessimista, porque se volta para o grande banquete que Deus prepara para todos quantos acolherem na sua vida o seu Filho, mas com o cuidado de dizer que a grande sala aonde vai se dá este banquete tem uma porta estreita. A relação entre aqueles que pretendem participar do banquete e a porta estreita não é sinônimo de um número fechado. 
E esta porta é, em primeiro lugar, fundamentalmente, Jesus. É estreita porque é única e quem quiser entrar para participar do banquete deve passar por ela; é única, porque coincide com a vida de Jesus. Por isso, salvação significa conformar a própria vida à de Jesus; a estrada que Deus tem seguido em Jesus para nos amar é também a estrada que nós devemos seguir, a única que nos fará reconhecível para o ingresso no reino. Porta estreita, porque única, mas aberta e adaptada para todos. Se muitos não passam, não é porque seja apertada demais, mas porque passar por ela deve ser uma escolha livre de cada um. Não se passa por ela em forma de multidão, mas cada um por ela passa porque se fez discípulo de Jesus. É estreita também no sentido que entra um de cada vez, na medida em que se tornando discípulo de Jesus fez da sua vida a vida de Jesus. Além de estreita, a porta tem outra dimensão: num determinado momento ela será fechada. Por isso, existe um tempo limitado para se fazer a escolha de passar ou não por ela. E este tempo é o hoje da nossa vida, da nossa disposição de fazer do tempo da Nossa vida o momento da graça de Deus, vendo nesse tempo o mais precioso que Deus nos concede. Daí a ênfase de Jesus em dizer que devemos nos esforçar para entrar, pois, na verdade, a vida cristã é também uma luta constante, mas sustentada pela graça daquele que caminha adiante de nós, o próprio Senhor. Não se trata, contudo, de uma luta somente com inimigos externos, mas com nós mesmos. É, antes de tudo, a luta contra a ilusão acerca da própria fidelidade: "nós comemos e bebemos diante de ti e tu ensinaste em nossas praças". Estas palavras são ditas para nós cristãos, porque praticamos gestos importantes como a participação na eucaristia e na escuta da Palavra e, no entanto, continuamos a ser "operadores da iniquidade". 
A alegação de tudo isso que fizemos contém em si mesma a nossa própria condenação. Quantos, dentre nós, reconhecem de ter participado do dom de Deus, mas sem se deixar envolver-se. A luta do cristão é, por isso, também luta contra a autossuficiência. Aqueles que Jesus cita presentes na mesa do reino se encontram distantes no tempo. Aos contemporâneos de Jesus e a nós, que nos dizemos seus discípulos e missionários, mas agimos como impenitentes agentes da iniquidade se opõem os nossos antepassados, lembrados por Jesus, e que já estão sentados à mesa do banquete. Uma nova desgraça que pode recair sobre nós é que os últimos poderão ser os primeiros ou vice-versa. Não existe nada de automático, nem mesmo na ruína do pecado, porque tudo depende de passar ou não pela porta estreita. 
Com efeito, há santos que se tornaram pecadores na hora da morte por causa da presunção de já estarem salvos e há pecadores que se tornaram santos na hora da morte por um arrependimento sincero e verdadeiro da vida pecaminosa que levaram. Estes, apesar de tudo, passaram pela porta estreita; aqueles, não. Mas, atenção. É sempre muito perigoso deixar tudo para o último momento da nossa vida. Afinal, não sabemos nem quando nem como sairemos definitivamente deste mundo. Amém.


*Doutor em Direito Canônico, Presidente do Tribunal Eclesiástico do Ceará e professor da Faculdade Católica de Fortaleza

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