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Entre janeiro e julho deste ano, R$ 25 bilhões foram aplicados
Por Dyelle Menezes
As previsões para o Produto Interno Bruto (PIB) estão cada vez mais distantes do que o governo havia estipulado na lei orçamentária deste ano. Além disso, os investimentos públicos federais ainda não conseguem ajudar no crescimento da economia. As aplicações da União de janeiro a julho caíram R$ 687,4 milhões quando comparadas com o mesmo período de 2012. Os valores considerados no levantamento do Contas Abertas são constantes, ou seja, atualizados pelo IGP-DI, da Fundação Getúlio Vargas.
Entre janeiro e julho deste ano, R$ 25 bilhões foram aplicados, contra os R$ 25,7 bilhões do mesmo período de 2012. Considerados os quatro últimos anos, os dados do Contas Abertas apontaram que em valores constantes os investimentos da União nos primeiros sete meses de 2013 também são inferiores aos de igual período em 2010, sendo superiores somente às aplicações de 2011.
Neste ano, o Ministério da Defesa lidera as aplicações com R$ 5 bilhões, seguido da Educação (R$ 4,7 bilhões) e Transportes (R$ 4,5 bilhões). Dos investimentos do Ministério da Defesa, cerca de R$ 1,9 bilhão é efetuado no exterior. Ainda que excluídos os pagamentos às subsidiárias da Embraer fora do país (R$ 509,6 milhões), restam R$ 1,4 bilhão pago a diferentes fornecedores estrangeiros.
Os dispêndios no exterior estão relacionados principalmente à construção, manutenção e apoio de submarinos convencionais e nucleares, aquisição de helicópteros, equipamentos, peças e acessórios marítimos e compras de embarcações.
Pelo motivo contrário à Defesa, o Ministério dos Transportes também ganha relevância no quadro de investimentos da União. Nos primeiros sete meses houve decréscimo nas aplicações do DNIT (R$ 350,4 milhões), agravado pela greve que já ultrapassa 30 dias. Por outro lado, verifica-se evolução das aplicações da VALEC (R$ 407,4 milhões), revertendo a retração observada em anos anteriores. Em valores constantes, o Ministério dos Transportes sofreu redução de R$ 236,4 milhões nos investimentos.
Segundo Flávio Basílio, professor de economia da Universidade de Brasília, os investimentos são o pilar mais importante da economia. “Sem investimento não se tem o principal propulsor da economia. Estimular o consumo, por exemplo, é uma medida para o curto prazo. No longo prazo, o crescimento da economia depende das condições dos investimentos”, explica.
Entre os aspectos relacionados aos investimentos no Brasil, o especialista destaca a baixa execução crônica dos valores disponíveis, tanto em razão de projetos ineficientes quanto em relação à estrutura de pessoal capacitado. “É preciso considerar as amarras de órgãos fiscalizadores e que alguns investimentos são realizados em longo prazo, ou seja, demoram a acontecer efetivamente”, expõe.
Crescimento da economia
Além da redução, as aplicações deste ano até julho representaram apenas 27,5% da dotação atualizada para o ano (R$ 91,2 bilhões). Enquanto os investimentos ainda não são os esperados para o ano, o mercado financeiro espera um crescimento de apenas 2,24% no Produto Interno Bruto (PIB) de 2013. A previsão, abaixo dos 2,28% esperados na semana passada, consta do relatório Focus, divulgado pelo Banco Central. O documento é fruto de pesquisa com mais de 100 instituições financeiras.
O Ministério da Fazenda também baixou, recentemente, a previsão oficial de alta do PIB deste ano, que consta no orçamento federal, de 3,5% para 3%. Ontem, em entrevista ao Jornal Nacional, o ministro Guido Mantega afirmou que vai rever a previsão de crescimento para 2,5%. No mês passado, o Banco Central baixou de 3,1% para 2,7% sua estimativa de expansão do PIB em 2013.
O último relatório disponível do Tesouro Nacional também apontou o baixo investimento público no ano no primeiro semestre do ano, conforme publicou o jornal Valor Econômico. Nos seis primeiros meses de 2013, o governo não conseguiu alterar a composição de gastos públicos que tem prevalecido nos últimos anos.
Enquanto as despesas de custeio aumentaram 16,3% entre janeiro e junho, na comparação com igual período do ano passado, já descontada a inflação, os investimentos recuaram 5% em termos reais, para R$ 33,5 bilhões, entre janeiro e junho. Desse total, R$ 9,9 bilhões, pouco menos de um terço do total, correspondem a despesas com Minha Casa, Minha Vida. Especialistas, no entanto, questionam a inclusão desse gasto como investimento, por se tratar de um subsídio.
Função
O Contas Abertas também levantou os investimentos realizados por função. Em valores absolutos, os maiores dispêndios aconteceram nas funções “Defesa” (R$ 4,7 bilhões), “Transporte” (R$ 4,6 bilhões) e “Educação” (R$ 4 bilhões). No comparativo com o ano anterior, o maior crescimento ocorreu também na função “Defesa Nacional”.
Contas Abertas
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