O padre Henrique Noronha Galvão é um dos participantes no encontro dos antigos alunos de Ratzinger, que começa esta quinta-feira, em Castel Gandolfo, pela primeira vez sem a participação do Papa emérito Bento XVI.
Este ano está em debate «A questão de Deus numa sociedade secularizada», contando para isso com a presença do francês historiador e filósofo Rémi Brague, professor na Universidade Sorbonne, em Paris, França, que “o ano passado recebeu um prêmio da Fundação Bento XVI”.
O padre Henrique Noronha Galvão adiantou hoje à Agência ECCLESIA as grandes expetativas que mantém para um “orador competente e profundo”.
Bento XVI optou por não participar no 35º encontro dos «Círculos Ratzinger», que reúne os antigos alunos de tese de doutoramento, uma vez que deseja manter “uma grande discrição”, evitando qualquer referência a “citações e opiniões”, revela o antigo aluno português, estando, no entanto, prevista uma “celebração presidida pelo Papa emérito”, em Roma.
A coordenação do encontro, que este ano termina a 2 de setembro, vai estar a cargo do padre Stephan Otto Horn, antigo assistente de Joseph Ratzinger na Universidade de Regensburg, na Baviera alemã.
Os encontros do círculo de antigos estudantes do professor Ratzinger foram iniciados em 1978, ainda no tempo de estudo.
“Havia o seminário dos doutorandos que se reuniam de 15 em 15 dias e estes encontros anuais são do tempo em que estudávamos com ele, uma tradição que continuou quando foi nomeado arcebispo de Munique e mais tarde Papa Bento XVI”, explica o padre Henrique Noronha Galvão.
Com uma produção teológica muito ampla, o Papa Ratzinger deixou uma marca de profundidade, de “procura do essencial”.
No dia em que se assinalam seis meses sobre o final do pontificado de Bento XVI, o sacerdote português sublinha a “inovadora” reflexão teológica, “profundamente enraizada na Sagrada Escritura e na tradição”.
Para o padre Henrique Galvão, o pensamento de Joseph Ratzinger não “se alia” a correntes dominantes ou atuais, apresentado “uma visão pessoal dos problemas baseada na história mas muito atenta às questões que hoje se põem ao Homem moderno”.
Apesar da ausência do promotor, o sacerdote português aponta a importância da continuação dos círculos Ratzinger uma vez que os seus alunos desejam continuar o debate de ideias, assumindo a responsabilidade de “conservar a tradição, divulgar e aprofundar o pensamento” do sue professor.
Dos encontros com o Papa emérito, o padre Noronha Galvão destaca a “amizade pessoal” de muitos anos, a “veneração pelo mestre e uma vontade de, para além de aprofundar o seu pensamento, também o criticar”, uma vez que o professor sempre demonstrou “a preocupação de dar uma grande liberdade de reflexão”.
Ter sido aluno do Papa emérito Bento XVI acarreta a responsabilidade “de todo o discípulo em relação ao mestre” revela o padre Henrique Noronha Galvão.
A Fundação Joseph Ratzinger/Papa Bento XVI, aprovada em 2008, está ao serviço do estudo e divulgação teológica, promovendo encontros, financiando publicações e atribuindo “bolsas de estudo a teólogos” que pretendam “aprofundar o pensamento de Ratzinger”, explica o padre Noronha Galvão.
CB/LS
Agência Ecclesia
Nenhum comentário :
Postar um comentário