15/07/2014

A pedra no sapato das grandes cidades

Estudo retrata o cenário atual e as tendências de mobilidade urbana em seis capitais brasileiras.
Ciclista passa livremente pelo caos do trânsito.
Sair de casa duas horas antes do início do expediente tendo que desafiar as leis da física para dividir o espaço com outros passageiros em ônibus e trens abarrotados de gente. Ir ao trabalho ou à faculdade de carro e ter que engolir seco as horas paradas no trânsito caótico.
Usar a bicicleta como meio de transporte tendo consciência de que a infraestrutura da cidade não oferece a segurança necessária. Fazer pequenos trajetos a pé e se deparar com calçadas esburacadas e falta de sinalização. Optar pelo ruim ou pelo péssimo: estas são as opções de mobilidade para quem vive em grandes centros urbanos.
Considerando que seis bilhões de habitantes viverão em cidades até 2050, a grande questão é discutir quais são os caminhos viáveis para garantir aos moradores uma mobilidade que garanta maior qualidade de vida e cause menos impactos negativos ao ambiente.
Com o objetivo de retratar a situação atual e as tendências de mobilidade urbana em seis capitais brasileiras, a Liberty Seguros lançou um estudo, desenvolvido em parceria com o instituto Teor Marketing, e fez a seguinte pergunta: “Qual é a cidade ideal para se viver?” (Veja abaixo a metodologia da pesquisa).
O meio de transporte mais adequado, a flexibilidade de horários no trabalho, espaços públicos acessíveis e em bom estado de conservação são alguns pontos a considerar quando se quer traçar um ideal de mobilidade para as grandes cidades. Foi exatamente isto que a pesquisa identificou.
Os resultados, divulgados em debate realizado na última quarta-feira (9), em São Paulo, traçam um panorama interessante sobre o cenário atual da locomoção nessas metrópoles e apontam caminhos viáveis para a mudança.

  • 47% dos entrevistados utiliza o carro como principal meio de transporte, número que contrasta com a perspectiva de um futuro ideal, no qual menos de 7% da população optaria pelo uso do carro no dia a dia;
  •  38% trocaram de transporte nos últimos cinco anos, em busca de conforto e rapidez;
  • 92% dos respondentes acreditam que a cidade ideal ofereceria horários flexíveis no trabalho. Em São Paulo esse número chega a 95%;
  • 75% dos entrevistados concentrariam suas compras em pequenas lojas de rua nos bairros onde moram ou pela internet. Para os entrevistados, o bairro serviria como uma cidade compacta, onde seria possível fazer tudo próximo de casa;
  • 85% dos moradores da capital paulista opinaram que as calçadas da cidade no futuro deveriam ser mais largas, oferecendo mais estrutura para quem anda a pé;
  • 51% declarou que a mudança viria de pequenas atitudes individuais ou coletivas realizadas pelas pessoas e que a melhor forma de conscientizar a população seria por meio da educação (53%), principalmente de jovens e crianças que influenciariam suas famílias nessa mudança de comportamento.

“As pessoas estão mais abertas a morar em cidades que as respeitam”, analisa o jornalista Gilberto Dimenstein, mediador do debate. Ele acredita que hoje o mundo é das cidades e a tendência é que posteriormente as prioridades se concentrem nos bairros, onde as pessoas identificarão sua cidadania.
Apesar de a maioria acreditar que o principal instrumento para construir a cidade ideal é a própria população, há ainda um grande caminho a trilhar. “Nossa luta é contra mentalidades”, analisa Dimenstein.
Trocar o carro pelo transporte público, ou a moto pela bicicleta é ainda uma atitude que exige mais do que boa vontade. Ser o diferencial em uma sociedade que há tempos valoriza o carro como principal meio de transporte é uma tarefa difícil, mas não impossível.
É conhecendo a cidade que as pessoas poderão identificar seus problemas e propor mudanças. Este foi o mote do debate. Além do jornalista Gilberto Dimenstein, o evento foi composto por uma mesa com quatro especialistas: Andréa Leal, consultora de políticas públicas do Banco Mundial; Cândido Malta, professor em exercício de Planejamento Urbano da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (USP); Fernando Calmon, jornalista especializado no segmento automotivo; e Orlando Strambi, engenheiro civil e professor titular da Escola Politécnica da USP.
Instituto Carbono Brasil

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