Os grupos organizaram uma grande pedalada em homenagem a Xuxa. A iniciativa também é um protesto a favor de mais segurança para os ciclistas fortalezenses
Após uma semana do atropelamento do ciclista Vicente Veloso Neto, mais conhecido como Xuxa, de 67 anos, vários grupos de ciclismo de Fortaleza realizaram, na noite desta segunda-feira (15), uma mobilização em sua memória.
Com o objetivo de homenagear o companheiro de pedaladas, que faleceu na última quarta-feira (10), e pedir por melhores condições de segurança para os ciclistas da cidade, a mobilização reuniu grupos de diversas partes da cidade. E enquanto alguns ciclistas partiram da Praça Luíza Távora em direção ao local do atropelamento, na Avenida José Bastos, por volta das 20 horas; outros deixaram o seus respectivos bairros para se juntarem à causa.
Segundo os organizadores do evento, o número de pessoas esperadas para a homenagem chegava a mil ciclistas. “A ideia surgiu dos grupos Segunda da Bike e Quinta da Bike, dos quais o Xuxa era batedor (responsável por guiar e garantir a segurança dos participantes). E quando a ideia foi passada para os outros grupos da cidade, tivemos aceitação imediada, todo mundo quis participar”, relata a enfermeira e ciclista Vânia Dias, que ajudou a organizar a homenagem. Durante o percurso, cada grupo organizou a ida até o local do acidente, usando carros de apoio e batedores.
Ciclista há mais de 50 anos, Xuxa era figurinha carimbada nos passeios realizados à noite pela cidade, conforme explica a ciclista Vânia Dias, que ajudou a organizar a homenagem. “Xuxa batedor em dois grupos de pedal: o segunda da bike e quinta da bike. E ele era religioso no compromisso, não faltava um dia sequer. Além disso, era ciclista de carteirinha, tudo que ele precisava resolver ou fazer, ele fazia na sua bicicleta”, aponta.
Um entusiasta da causa
Xuxa é descrito pelos amigos mais próximos como um verdadeiro entusiasta do ciclismo. Com mais de cinco décadas usando a bicicleta no dia a dia, era, também, um mecânico de mão cheia.
“A bicicleta para ele era um amor platônico. Se você fosse na casa dele, onde ele fazia reparos na bike de todo mundo, você encontrava bicicleta em todo canto: na sala, na porta do banheiro, no quintal. Só faltava ele se deitar com ela”, conta o amigo Paulo Aguiar.
Segundo os companheiros de pedalada, Xuxa não deixava ninguém passar sufoco. “Ele era o mecânico da turma, qualquer problema de pneu ou qualquer outro tipo de problema de mecânica era com ele. Só saía para pedalar com a bicicleta toda equipada com a malinha de ferramentas dele. Era aquele cara que estava sempre pronto para ajudar quem precisava”, conta Mazé Guimarães.
E quando se tratava de incentivar os amigos e novos membro a abraçarem a bicicleta como estilo de vida, Xuxa era campeão. Apesar da idade, garante a amiga de longa data, Edmeia Queiroz Fraga, dava uma verdadeira aula de disposição. “Ele sempre foi um incentivador. Nos passeios sempre gritava: ‘vamos galera, você estão muito molengas’. E a gente brincava que com os mais novos dizendo que ele tinha mais sangue que muitos deles. Quando soube da morte dele fiquei parada, porque no final de semana tinha subido a serra de guaramiranga. E eu sempre disse: mãe, me deixa, porque se eu morrer assim, eu morro feliz. E era o que ele sempre falava também”, finaliza emocionada.
Entenda o caso
Vicente Veloso Neto, de 67 anos, foi atropelado na última segunda-feira (8) enquanto pedalava pela Avenida José Bastos em direção à sua casa. O ciclista se deparou com um buraco na via e, ao tentar desviar foi atingido por um ônibus.
O motorista do coletivo prestou socorro e Xuxa foi encaminhado para o Instituto Dr José Frota (IJF), no Centro. Mas, após a internação, e mesmo recebendo a solidariedade de vários amigos que fizeram doações de sangue, o ciclista não resistiu aos ferimentos e faleceu na quarta-feira (10).
Xuxa foi velado e sepultado no mesmo dia no cemitério Parque da Paz. Em cortejo, amigos ciclistas saíram de bicicleta da Central de Artesanato do Ceará (Ceart), na Praça Luíza Távora, na Aldeota, em direção ao cemitério.
Tribuna do Ceará
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